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A Polêmica de Everson Zoio: estuprador ou vítima da inquisição politicamente correta?

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O youtuber Everson Zoio está sendo acusado de estupro pela inquisição politicamente correta. Sim, o título do texto faz uma pergunta que eu, o autor, respondi logo na primeira linha. Isso porque, ao que tudo indica e opostamente ao que querem os linchadores virtuais, Zoio não é um estuprador. Vejamos, então, o porquê dessa conclusão que, na concepção de alguns, pode parecer leviana.

Everson Zoio gravou um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=qK8F8Oh4j0M) no qual diz ter tentado fazer sexo com sua ex-namorada enquanto ela dormia. Conforme ele mesmo diz no vídeo (https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=_h_O38MuIrg) em que faz mea culpa, tudo não passou de uma brincadeira idiota – a propósito, veja aqui (https://www.youtube.com/watch?v=PaTvewB-aPo) uma análise da linguagem corporal do youtuber que conclui que há congruência no que ele diz.

Zoio, no vídeo, faz piadas. Diz que, excitado, tentou isso e aquilo enquanto sua namorada dormia – os detalhes podem ser assistidos nos vídeos indicados acima. Ocorre que Zoio estava com sua namorada, deitado na mesma cama com o consentimento da menina que não era deficiente mental nem estava dopada. Aliás, ele mesmo afirma que no dia seguinte ambos riram da situação, pois Zoio teria ficado sem graça diante daquelas tentativas infrutíferas. Tudo seria diferente se ele tivesse ido até a cama de uma desconhecida, não é mesmo?

É ridículo ter que falar disso, mas ficantes, namorados, amantes etc. vez ou outra são acordados com carícias sexuais por parte do outro. Quer dizer então que se alguém acordar o parceiro com algum tipo de provocação sexual e este parceiro estiver cansado, por exemplo, e não querer consumar o ato, isso configura estupro? Ademais, Zoio não fez sexo com a garota dormindo. Ele começou, tentou, provocou, mas parou e chegou a dizer que, como relação sexual nenhuma seria possível, pensou em assistir pornografia. Assim, disse: “beleza, não vou te forçar porque não sou estuprador.” Do mesmo modo que os inquisidores clássicos, essa galerinha do bem só enxerga o que quer.

Segundo o youtuber, “Nesse dia, eu queria dar umas ‘galadas’ nela, dar umas furadas. Só que daí, ela estava cansada e falou: ‘não vai rolar’. Quantas vezes os homens ou mesmo as mulheres ouvem isso? O parceiro pode estar bêbado, cansado, passando mal, seja lá o que for. A mulher, mesma coisa. É normal que um dos dois, em determinados dias, não estejam dispostos. Mas e quantos casais persistem, mesmo em tom de brincadeira? “Está negando fogo?”, eis uma pergunta que sintetiza esse humor sexual. Esses toques pelo corpo daquele que se sente indisposto devem caracterizar estupro? Evidente que não. Mas é exatamente por causa disso que, segundo o G1(https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2018/07/28/video-do-youtuber-everson-zoio-com-relato-de-suposto-estupro-e-investigado-por-delegacia-em-belo-horizonte.ghtml), Zoio será investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. Aliás, lembremos que ele diz ter sido esta uma história inventada, uma brincadeira.

A respeito do vídeo no qual faz a piada, Zoio afirma que “Na época, todo mundo riu. Não era esse tal de politicamente correto como é hoje. Por isso, está fazendo esse efeito todo. Hoje em dia, você não pode falar nada”. Ele tem razão. E no que se refere ao estupro, é preciso atentar para o problema semântico que a discussão em torno dessa palavra carrega.

Qualquer pessoa civilizada é contra o estupro, um crime hediondo. No entanto, é preciso perguntar: o que é o estupro? Seria pegar uma mulher a força e obrigá-la e manter uma relação sexual não consentida? Sim, obviamente. Estupro seria buzinar para uma mulher na rua? Claro que não! Chamá-la de gostosa? Também não.

Não estou dizendo que tais atitudes são louváveis. Eu mesmo nunca fiz isso, dado que acho grosseiro. Todavia, é preciso separar as coisas. Buzinar para uma mulher jamais pode equivaler a pegá-la a força e obrigar que ela faça sexo. Esticar dessa forma o significado da palavra estupro, além de supervalorizar equivocadamente uma atitude que deve ser considerada apenas mal-educada, também implica em abrandar o estupro real. Quer dizer, a própria gravidade de um estupro perde seu peso quando equiparado a uma simples brincadeira. Aqui o radicalismo politicamente correto de novo presta um desserviço às mulheres vitimadas por um estuprador verdadeiro.

Pelo andar dessa carruagem carregada de Torquemadas, logo os homens precisarão consultar a mulher para saberem se podem ou não fantasiar com elas; será necessário registrar em cartório a quantidade de relações sexuais que o casal terá por semana ou mês, uma vez que, se o marido quiser e a esposa não, e ele insistir um pouco, será condenado por estupro. Vivemos uma época controlada, paranóica e obcecada.

Hoje os autos-de-fé não são mais em praça pública, mas virtuais. A sórdida inquisição politicamente correta queima mais um na fogueira abundantemente abastecida com paranoia. Enquanto o clero neopuritano passa em revista pelos seus soldadinhos virtuais e grita de cima dos seus palanques, uma sociedade perturbada alimenta o Estado policial moderno que enxerga crime e opressão por todos os lados.

Everson Zoio pode ter feito uma piada tola, como geralmente o faz, mas acusá-lo de estuprador é de uma imbecilidade monumental. Por que esse pessoal “do bem” não considera que Zoio também diz que “não vou te forçar porque não sou estuprador”? Além do mais, por que os neopuritanos “santos” e “sem pecado” não levam em consideração o comentário fixado que sua própria ex-namorada, a suposta vítima, deixou no canal de Zoio? Eis alguns trechos:

“Galera, seguinte, eu Aline Persegona, uma pessoa que conheci o Everson Henrique de Oliveira (não o Everson Zoio) posso sim afirmar que ele não é um estuprador como a mídia esta pondo!”

“Não estou vindo aqui defender, não sou advogada, mas por conhecer o Everson tão bem como muitos não conhecem o interior dele, eu posso afirmar que tudo isso foi sim uma grande bobagem dita, foi sim uma piada de mal gosto (sic)… Ele nunca me estuprou, ele sempre me tratou com muito respeito então é a minha obrigação vir aqui esclarecer pra vocês!”

Os inquisidores contemporâneos nem mesmo valorizam o depoimento da mesma menina que esteve com ele na cama! Querem saber mais do que ela que estava lá. Aliás, essa gente não quer saber do fato. Desejam a polêmica e o linchamento para obter uma confissão forçada bem como se fazia nos terríveis autos-de-fé medievais.

Os comentários pelas redes são vários: “nojento”, “estuprador” etc. Anseios pútridos estimulados pela sede de sangue unida à precipitação.

Mas isso não causa espanto. Não é de hoje que hipócritas que se julgam beatos se deliciam com a execração pública. Isso gera assunto e rende “textões” nas redes sociais. Nesses momentos o bonzinho, indignado com “esse machismo” e com essa “sociedade patriarcal” tem mais uma oportunidade para posar de santo. Aí ele aproveita para tirar o foco dos desejos que reprime, para alimentar seu ego rasteiro e dar sentido a sua existência miserável que, assim como os abutres, só se alimenta de carniça.

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Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher é estudante de História na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tem interesse por História das Ideias, Filosofia, Literatura e tradição dos livros clássicos.

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