A bizarrice chamada CPI da Fake News

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Poucas coisas me deixam com tamanha vergonha alheia como a tal da CPI da Fake News. Trata-se de mais uma bizarrice política nacional. Um circo de horrores com direito a palhaços, elefantes desengonçados, picadeiro de luxo, ilusionistas torpes que fingem dignidades e um público entediado buscando serotoninas ideológicas por atacado para suas vidas entediantes. O último que sair apague as luzes, por favor.

A CPI já nasceu com a missão de desvendar ― e condenar ―os supostos disparos automatizados de mensagens de celulares na época das campanhas políticas de 2018. Alguns pontos devem ser destacados: 1- tal conduta foi tomada como fraudulenta e trapaça pelo Tribunal Eleitoral, mas somente após forte pressão da oposição perdedora da última corrida presidencial; 2- o pivô da denúncia são as matérias da jornalista Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo, postadas no dia 18 de outubro e 2 de dezembro de 2018, onde ela afirma que empresários bancaram uma campanha difamatória contra o candidato do PT à presidência, pela via de disparos de mensagens automatizadas, sob a ordem da campanha de Bolsonaro ― tese jamais confirmada; 3- parecia existir um consenso, no ato da abertura da referida CPI, de que incontestavelmente tal burla havia ocorrido, só restava conhecer os pormenores e sentenciar os utilizadores do logro.

Agora vamos aos fatos: até o exato momento não existe nada que comprove ou dê a mínima certeza de que Bolsonaro utilizou tais meios de disparos para obter o bastão presidencial em 2018, sequer que ele teve a ajuda direta e oficial de empresários que teriam subsidiado tal falcatrua. A CPI já chegou em nomes periféricos, inclusive no próprio Haddad. Entretanto, no homem do Planalto, nada. As testemunhas ouvidas não deram nada de substancial além de propagandas partidárias; tudo que foi falado, até então, parece mais um programa sensacionalista da Rede Globo do que uma investigação séria sobre trapaças eleitorais. Disseram que existem robôs bolsonaristas trabalhando mais que chineses em fábricas de brinquedos, discutiram a metafísica do ser de um robô e até sobre a anti-ética que jaz em possuir escravos eletrônicos que bajulam governos conservadores. No entanto, até agora, não apresentaram nada de elucidativo que confirme a existência de tal hoste de androides contratados informalmente a serviço de Bolsonaro.

Para completar o show de horrores, um tal de Hans River, funcionário da Yacows, foi convocado pelo PT para testemunhar diante da plateia abobalhada dos juízes de dignidades duvidosas. O “tiro no pé” do ano. Acusou de racismo Rui Falcão, afirmou que de fato a empresa fez disparos de mensagens via celulares na última eleição, todavia, os disparos foram para o Haddad e para o Meirelles, e não para Bolsonaro ― afirmando possuir provas disso; acusou Patrícia Mello de ter flertado sexualmente com ele em troca de informações para sua matéria e que a Folha faltou deliberadamente com a verdade. Não falei que era um circo de horrores? Fato é que Hans parece ter mentido em vários momentos, o que inviabiliza a confiança em suas declarações na CPI. Não demorou para que ele logo fosse confrontado com prints do celular da jornalista Patrícia Mello, prints que davam conta da lorota do acusador. 

No entanto, tem mais alguns fatos interessantes a serem mencionados: a Folha de São Paulo simplesmente matou a reputação da sua fonte (Hans River) após as acusações que ele disparou contra o jornal e sua jornalista, mas continuou a afirmar que a matéria construída em cima dessa mesma fonte corrupta ― aquela que acusava Bolsonaro de ter usado disparos de mensagens contra Haddad ― mantém-se digna de confiança. O maior “João sem braço” da história moderna do jornalismo. Como já afirmei antes, Hans River realmente aparenta ter mentido em vários pontos de seu depoimento, e uma fonte contaminada não é fonte alguma, para nenhum lado. Se a fonte é corrupta, a matéria saída dela também tende a ser. O que começa errado…

Óbvio que é deplorável a atitude de Hans River diante da jornalista, todavia, o foco em Hans e suas declarações não passa de “boi de piranha”, algo totalmente irrelevante ao povo brasileiro. O que novamente vem à tona, após mais um episódio desse seriado estúpido, é o fato de que o problema sempre esteve nas matérias de Patrícia que nunca comprovaram nada do que disse, não passando de um panfleto petista, artigo puramente ideológico. Ainda assim, o congresso se prontificou em abrir uma CPI a partir delas, ignorando todo o fedor político partidário que salta da pseudodenúncia da jornalista. Ou seja, o absurdo maior, até aqui, está na própria existência de tal CPI.

Por fim, voltemos ao mapa mundi da CPI: querem saber o saldo real, até o momento, dessa tal de CPI da Fake News? Nada. Nadinha de nada, até o exato instante é um verdadeiro engodo, perda de tempo e dinheiro público, um festival de coisa alguma. Obviamente que a inquirição pode verter-se em descobertas escabrosas de um conluio de capitalistas malvadões para meter o capitão no Planalto. Entretanto o que vemos até o exato instante é um monte de patetas dando piruetas e contando histórias ― e estórias ― desconexas a fim de que, no fim, talvez surja alguma forçosa matéria de impeachment ou mais uma panfletária matéria da Folha.

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Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.

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