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Um sedutor que partiu: Antônio Fernando de Bulhões Carvalho

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por Arthur Chagas Diniz

Nesta terça-feira o obituário do jornal contava que morreu Antônio Fernando de Bulhões Carvalho. Conheci-o na década de 60 associado a outro magnífico jurista, José Luiz Bulhões Pedreira. Quando perguntado se eram parentes, Bebinho, como era conhecido pelos mais próximos, dizia: “a partir do século XVI”.

Ele teve uma vida aventurosa e rica. Com 14 anos de idade, morando com o seu avô, o prefeito Pereira Passos, teve um primeiro filho com a governanta da casa. Passados dois anos, reencontraram-se, quando soube da paternidade e deu início a uma segunda. Com 16 anos era pai de dois filhos e, com mesada insuficiente para mantê-los, foi obrigado a confessar à avó, uma grande dama à sua época. Ela fez uma festa em sua casa no início dos anos 40 e apresentou os novos netos à sociedade, enfrentando todos os preconceitos da época.

Ainda muito jovem, foi atacado pela tuberculose e se salvou graças à descoberta da penicilina. Trabalhou como advogado na Rede Ferroviária Federal onde, solteiro, acabou se apaixonando por Maria Sílvia, muitos anos mais moça, com quem se casou, depois de convencê-la que seu namorado (dela) era um tolo. Teve uma filha, Maria Paula, por quem sempre teve o maior encanto.

A vida de Bebinho foi uma sucessão de sucessos profissionais e amorosos. Era um sedutor nato e, além de advogado, um escritor refinadíssimo. O que me lembro com particular encanto foi um encontro que teve com o então ministro Camilo Penna que, irritado com a insistência do advogado em defender a causa de um cliente, que acreditava justíssima, teve sua exposição suspensa pelo ministro. Sem alterar a voz, que era rouca, mas com a energia dos que têm a verdadeira coragem de suas convicções, cortou a palavra de Camilo Penna, dizendo: “Ministro, o senhor não tem que concordar comigo, mas, como servidor público, tem a obrigação de ouvir-me”.

É disto tudo que eu me lembro, agora que parte um amigo querido que teve a vida marcada pela valentia, pelo brio e por uma inexcedível atração pelas mulheres. Que onde agora estiver encontre grandes batalhas jurídicas a questionar e, especialmente, belas mulheres para seduzir.

N.E.: Antônio Fernando de Bulhões Carvalho fez a primeira adaptação do romance “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para a televisão (TV Tupi, 1961); em suas incursões pela literatura, deixou-nos, entre outros, o romance “As quatro estações” .

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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