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Barrando o Progresso

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COLABORADORES

31.07.08

 
 

 
 

Barrando o Progresso

 
 

RODRIGO CONSTANTINO*

 
 

“Em uma sociedade em avanço, qualquer restrição à liberdade reduz o número de coisas experimentadas e, portanto, reduz a taxa de progresso.” __ H. B. Phillips

 
 

Uma reportagem do jornal Valor de hoje (30/07/08) mostra de forma bem clara os entraves burocráticos que impedem o avanço tecnológico no Brasil. Moradores de Miami, nos Estados Unidos, poderão comprar água mineral produzida a partir do mar, com aplicação da nanotecnologia. A marca da nova garrafa, H2Ocean, nasceu da experiência de dois cientistas brasileiros, que há dez anos começaram a desenvolver a tecnologia de controle de minerais em água dessalinizada. Foram investidos dois milhões de dólares de quatro sócios privados, e o objetivo inicial era vender o produto no Brasil. Eles não contavam com nossa burocracia.

A empresa alega ter procurado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2006 para realizar o pedido de registro do engarrafamento do produto. A resposta, segundo a empresa, teria sido a de que não há legislação específica para que esse tipo de água seja vendido no país por conta de sua fonte: o mar. A ANVISA foi procurada pelo jornal, e negou que tenha ocorrido um pedido de registro pela empresa. Mas a empresa mostrou cópia da página da ANVISA na internet onde consta o número do processo do registro e do protocolo. O primeiro pedido foi negado, e um segundo pedido foi feito. Depois de quatro meses, a ANVISA teria avisado que a empresa deveria “importar” uma legislação sobre o assunto. Tantas dificuldades levaram a empresa a mudar de estratégia e deixar o mercado brasileiro de lado. A opção foi priorizar o mercado americano, e o gerente da empresa, Rolando Viviani, explicou que “o registro da empresa saiu em três horas e a água foi analisada em 15 dias”. Em outras palavras, a empresa conseguiu resolver em três meses nos Estados Unidos aquilo que não foi capaz de resolver em quatro anos no Brasil.

A venda da H2Ocean começa mês que vem nos Estados Unidos, em três estados. O produto foi feito inicialmente na fábrica de Bertioga, em São Paulo, mas a unidade poderá ser desativada em breve, e a produção deve ser transferida para os Estados Unidos. Os brasileiros perdem a oportunidade de consumir o novo produto, a fábrica que gera empregos e a renda obtida com a venda do produto. Tudo por causa do excesso de burocracia, da lentidão do governo, da quantidade de regras e da incompetência da ANVISA. Fosse esse um caso isolado, tudo bem, pode acontecer. Mas o lamentável fato é que o governo brasileiro, absurdamente inchado e burocrático, representa o maior obstáculo ao progresso. Inovar por aqui é tarefa hercúlea! Falta de mão-de-obra qualificada, impostos elevados demais, burocracia asfixiante, ausência de garantia da propriedade privada, gargalos na infra-estrutura, violência e tantos outros problemas conhecidos tornam a vida dos empresários muito mais complicada. Mesmo quando cientistas brasileiros conseguem inovar, levantando capital para investir, o governo dá um jeito de mandá-los para os Estados Unidos, onde o ambiente de negócios é infinitamente mais amigável. Progredir assim fica difícil.

A esquerda, cuja mentalidade é responsável por esses entraves todos ao progresso capitalista, adotou como uma das bandeiras do eco-terrorismo o suposto risco da escassez de água potável no futuro. A paranóia é tão grande que crianças são doutrinadas para tomar banho fechando o chuveiro, para não “desperdiçar” água. De fato, se depender do governo e dos esquerdistas, todos os bens preciosos poderão se tornar rapidamente escassos, como vimos nos países socialistas. Agora, se deixarem o mercado em paz, as soluções logo aparecem. O planeta Terra é composto basicamente por água. Como podem achar que vai faltar água potável? Estão vendo muito Mad Max, talvez. Eis que cientistas brasileiros deram um jeito de fabricar, de forma economicamente viável, água mineral através do mar, mas a ANVISA impediu que o produto chegasse ao Brasil. Como diz a reportagem do jornal: “Para saber se o resultado é bom, o brasileiro vai ter de esperar. Ou passar em alguma ‘deli’ na próxima viagem à Disney”. Um triste retrato de nossa realidade, onde o governo vive barrando o progresso.

 
 

* Economista, articulista, autor de ‘UMA LUZ NA ESCURIDÃO – as idéias de grandes pensadores da humanidade’

 
 

 
 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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