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A EDUCAÇÃO E A MERITOCRACIA – IV

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COLABORADORES

23.09.08

 
 

A EDUCAÇÃO E A MERITOCRACIA – IV

Francisco Lacombe*

 

Se o objetivo das universidades é fazer o aluno aprender, os sistemas atuais de avaliação são inadequados. Pecam por avaliarem meios e não fins. O antigo provão, com todas as suas deficiências, media o objetivo final e com alguns aperfeiçoamentos seria um bom instrumento de avaliação. Avaliar pela titulação é absurdo. Como disse o especialista Eric Hanushek em recente entrevista a Veja: “as pesquisas não deixam dúvidas: os PhDs não apenas não são necessariamente os melhores professores, como muitas vezes figuram entre os piores”. Além disso, a avaliação deveria ser feita por uma entidade independente e não pelo MEC que é o responsável pelas universidades federais.

 

Como a avaliação é feita pela titulação, as universidades federais só contratam doutores. Isto poderia ser válido para áreas como matemática, física e química, mas administração, direito e engenharia dependem mais da prática do que da teoria. Como disse Peter Drucker, o guru dos gurus da administração: “management is a practice rather than an art or a science”. Pelos critérios do MEC, Machado de Assis seria considerado incompetente para ensinar literatura.

 

Na realidade, é a complementaridade dos conhecimentos do corpo docente que cria a sua força e permite a diversidade dos conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos.

 

Outro ponto importante é determinar o objetivo das universidades federais. Será que deveria haver um só objetivo? As universidades deveriam ter plena autonomia de gestão para definir seus objetivos dentro de parâmetros gerais, definidos pelo MEC, com liberdade para cobrar mensalidades, determinar prioridades de investimentos, contratar convênios com empresas, estabelecer a remuneração dos professores, determinar os sistemas de contratação, demitir os piores etc. Os alunos que não tiverem recursos para pagar devem receber bolsas de estudo se forem bons estudantes ou recorrer ao crédito educativo, que seria grandemente ampliado com a liberação de parte dos recursos que estão hoje voltados para o custeio integral das atividades. Só assim seria obtida a autonomia universitária garantida pela Constituição.

 

Os recursos do governo deveriam ser prioritariamente voltados para o ensino fundamental e o secundário para proporcionar oportunidades a todos os cidadãos e evitar desperdícios de talento, além de permitir uma meritocracia socialmente responsável no ensino superior.

 

A situação da educação é atualmente altamente perversa: os pobres têm em média um ensino precário nas escolas públicas e são obrigados a pagar seus estudos nas universidades. Os ricos, que estudam em escolas privadas de melhor qualidade, têm o ensino superior gratuito custeado pelo governo. Dizer que isto é socialmente desejável, só por má fé.

 

Concluindo: sem privilegiar a meritocracia na gestão do sistema educacional, tanto em relação aos professores como aos alunos, não há melhora na qualidade da educação, mesmo com mais recursos, e sem esta melhora não há desenvolvimento econômico. Logo a chave para o desenvolvimento é a meritocracia.

 

* Professor de Administração em diversas instituições.

 

 

As opiniões emitidas na Série COLABORADORES são de responsabilidade exclusiva do signatário, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Instituto Liberal.

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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