O Brasil que nasceu do campo
Poucos países têm uma relação tão profunda com a terra quanto o Brasil. Desde o início da colonização, o campo foi o berço da riqueza, da cultura e das relações sociais que moldaram a identidade nacional. Mas, mais do que um espaço de produção, o campo brasileiro é também um símbolo de liberdade, de empreendedorismo e de responsabilidade individual, valores centrais do pensamento liberal.
A propriedade como fundamento da liberdade
O liberalismo sempre viu na propriedade privada a base da civilização. John Locke, em seu Segundo Tratado sobre o Governo Civil, afirmou que “a razão pela qual os homens se unem em sociedade é a preservação de sua propriedade.” O campo brasileiro, desde as primeiras sesmarias até o moderno agronegócio, representa a concretização desse ideal: o trabalho humano transformando a terra em riqueza e autonomia.
A liberdade no campo é concreta e se manifesta no agricultor que decide o que plantar, no produtor que negocia seu preço, no empreendedor que investe sem depender do favor estatal.
A ética liberal reconhece que, onde há propriedade, há responsabilidade, e, onde há responsabilidade, há prosperidade.
O campo como berço da iniciativa e da meritocracia
A história do Brasil rural é, em grande parte, a história do esforço individual. Dos colonos que desbravaram o interior aos produtores que hoje alimentam o mundo, o campo brasileiro sempre foi uma escola de iniciativa e resiliência. Enquanto o Estado crescia nas cidades, criando burocracias e dependências, o campo seguia um caminho próprio baseado na liberdade econômica e na autonomia produtiva.
Friedrich Hayek, em O Caminho da Servidão, advertiu que “a liberdade econômica é a condição necessária para qualquer outra forma de liberdade.” No Brasil, essa verdade se confirma: foi no campo e não nos gabinetes do poder que o país aprendeu o valor da eficiência, da inovação e do mérito.
Do Brasil rural ao agronegócio liberal
Hoje, o agronegócio brasileiro é uma das maiores expressões do sucesso da ordem espontânea liberal, aquela que surge da cooperação voluntária e do livre mercado. Sem depender do Estado, o campo brasileiro se modernizou, investiu em tecnologia e abriu mercados internacionais.
Milton Friedman, em Capitalismo e Liberdade, observou que “a sociedade que coloca a igualdade antes da liberdade não terá nenhuma das duas; a que coloca a liberdade antes da igualdade terá ambas.” O agronegócio seguiu esse princípio: escolheu ser livre, competitivo e inovador e colheu desenvolvimento e inclusão social.
Enquanto setores estatizados estagnavam, o campo se tornou motor de geração de emprego, renda e superávit comercial. É no campo que o Brasil encontra, ainda hoje, sua força produtiva mais genuína, aquela que vem de indivíduos livres, não de decretos governamentais.
A liberdade da terra e a nova fronteira da sustentabilidade
O pensamento liberal contemporâneo reconhece que a liberdade vem acompanhada da responsabilidade ambiental. A conservação da terra, dos recursos e da biodiversidade não deve ser imposta por coerção estatal, mas incentivada por direitos de propriedade bem definidos.
O campo brasileiro, que já foi visto como símbolo de atraso, tornou-se referência em sustentabilidade, produtividade e inovação tecnológica. Isso é o resultado de um modelo baseado na liberdade, na concorrência e na confiança no indivíduo, pilares da ética liberal.
O Brasil que cresce de baixo para cima
O Brasil nasceu do campo, mas precisa continuar aprendendo com ele. Enquanto o Estado tenta governar de cima para baixo, o campo ensina que as verdadeiras transformações vêm de baixo para cima, do trabalho, da propriedade e da liberdade.
Alexis de Tocqueville, em A Democracia na América, observou que “a grandeza de uma nação está na força moral de seus cidadãos livres.” O campo brasileiro é, nesse sentido, o espelho dessa grandeza: um espaço de liberdade prática, onde o mérito e o esforço substituem o privilégio e a dependência.
Conclusão: A terra da liberdade
O Brasil que nasceu do campo não é apenas um país agrícola, é um país que encarna a filosofia liberal na prática: propriedade, trabalho, mérito e liberdade. O futuro do país não está em mais centralização, mas em reconhecer a força descentralizada daqueles que produzem, inovam e sustentam o Brasil real.
O liberalismo nos ensina que a prosperidade não nasce do poder, mas da liberdade. E o campo brasileiro, com sua história de esforço, autonomia e criação de riqueza, é a prova viva de que a liberdade é o verdadeiro solo fértil da nação.
*Isaías Fonseca é associado I do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.



