Fomento ao micro e pequeno empreendedor: liberdade como motor da prosperidade

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O Brasil é um país de empreendedores. Basta olhar em qualquer cidade, grande ou pequena, para ver que em cada esquina existe uma padaria, uma mercearia, uma oficina, um pequeno salão de beleza ou até uma startup que nasce em uma garagem. Essa força criativa e resiliente é o que mantém a economia pulsando, especialmente em tempos de crise. Entretanto, a vida de quem decide empreender costuma ser mais árdua do que deveria, não apenas pelos riscos naturais de qualquer negócio, mas também pelos obstáculos que o Estado insiste em impor. A burocracia excessiva, o sistema tributário confuso e o crédito caro e escasso transformam o sonho de abrir uma empresa em uma verdadeira maratona de resistência.

É justamente por isso que políticas de fomento ao micro e pequeno empreendedor são tão decisivas. Aqui não se fala de subsídios artificiais ou privilégios concedidos por clientelismo, mas de condições mínimas para que a criatividade e o esforço do brasileiro possam florescer. Essas condições se resumem basicamente a dois pilares: crédito acessível e redução radical da burocracia. O crédito é o combustível que permite transformar uma ideia em realidade. A desburocratização é a libertação de tempo e energia para que o empreendedor foque no que realmente importa: produzir, vender, empregar e inovar.

Em Minas Gerais, o papel do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) tem sido fundamental nesse processo. O banco registrou em 2024 o maior volume de financiamentos de sua história, liberando três vírgula cinco bilhões de reais em crédito para empresas e prefeituras. Esses números impressionam ainda mais quando traduzidos em impacto econômico: oitenta e sete mil empregos diretos e indiretos foram gerados ou mantidos, as empresas beneficiadas faturaram seis vírgula vinte e cinco bilhões de reais a mais e a arrecadação estadual também aumentou de forma significativa. Apenas no primeiro semestre de 2025, o banco já havia financiado mais de um vírgula quarenta e cinco bilhão de reais, sendo duzentos e setenta e oito milhões especificamente para micro e pequenas empresas. Essa injeção de crédito estimulou mais de três vírgula dois bilhões de reais em faturamento e possibilitou a criação de cerca de quarenta e cinco mil empregos. Não se trata apenas de cifras em relatórios: cada microcrédito concedido representa uma padaria que comprou um novo forno, uma costureira que adquiriu uma máquina moderna, um pequeno lojista que ampliou seu estoque ou um prestador de serviços que conseguiu atravessar um período de baixa sem fechar as portas.

Esse alcance é ainda mais impressionante porque o BDMG chega a quase todos os municípios mineiros. Em 2024, o banco atendeu prefeituras e empresas em mais de noventa por cento das cidades do estado, mostrando que o fomento não se concentra apenas nas capitais e polos industriais, mas se espalha pelo interior, onde cada real liberado tem efeito multiplicador ainda maior – e o impacto não é apenas econômico, mas também social. Em comunidades menores, o crédito significa empregos locais, renda circulando na economia e famílias inteiras beneficiadas pelo dinamismo que o pequeno negócio gera.

No entanto, crédito sem liberdade não basta. O micro e pequeno empresário continua preso em uma rede de licenças demoradas, registros redundantes e tributos confusos que consomem tempo e energia. A burocracia é um imposto invisível que sufoca a iniciativa e desencoraja a formalização. É nesse ponto que programas de simplificação, como a aprovação tácita de alvarás e a digitalização de processos, ganham importância. Minas Gerais tem dado passos nessa direção com iniciativas como o Minas Livre para Crescer, que busca reduzir etapas e acelerar autorizações. Cada dia a menos perdido em filas e papéis é um dia a mais que o empreendedor dedica a atender clientes e gerar riqueza. O pequeno empresário não pede favores, pede apenas que o Estado não atrapalhe.

Outro ponto decisivo no fomento são as empresas familiares, que representam cerca de noventa por cento dos negócios formais no Brasil. Em Minas, essas empresas são parte da identidade econômica e social do estado. Elas começam muitas vezes pequenas, como padarias, lojas ou transportadoras, mas, em alguns casos, se transformam em indústrias de médio porte com forte vínculo regional. São negócios que empregam gerações da mesma família, criam raízes no bairro e sustentam comunidades inteiras. Mas enfrentam desafios específicos: sucessão mal planejada, dificuldade de acesso a crédito para modernização e resistência em adotar práticas de gestão profissional. Apoiar essas empresas com linhas de financiamento adequadas e reduzir a burocracia em processos de sucessão e expansão é garantir que elas possam atravessar gerações sem perder competitividade. Fomentar a empresa familiar é fomentar a economia local enraizada, que gera prosperidade de forma estável e de longo prazo.

Na outra ponta, estão as empresas nascentes, as startups e pequenos negócios inovadores que desafiam setores tradicionais e criam novos mercados. Belo Horizonte se destacou no cenário nacional com o ecossistema conhecido como San Pedro Valley, berço de empresas que alcançaram relevância global mesmo em um ambiente hostil de crédito caro e regulação confusa. Essas empresas mostram que o brasileiro tem capacidade de competir no cenário internacional, mas esbarram em marcos regulatórios antiquados e falta de linhas específicas de crédito para inovação. O estímulo a essas empresas nascentes, com crédito de risco, incentivos à pesquisa e desenvolvimento e liberdade regulatória, tem potencial de criar cadeias produtivas inteiras em torno de tecnologia, biotecnologia e energias limpas, reposicionando Minas e o Brasil em setores de alta relevância global.

O efeito combinado de crédito acessível, desburocratização, apoio às empresas familiares e incentivo às empresas nascentes é transformador. Cada real liberado em crédito para um pequeno negócio se multiplica em faturamento, empregos e arrecadação. Um microempreendedor que investe cinquenta mil reais em sua loja não apenas melhora seu próprio negócio, mas contrata pedreiros para reformar, fornecedores para abastecer, funcionários para atender e paga mais tributos que retornam para a comunidade. Esse efeito em cascata se repete em milhares de negócios espalhados pelo estado, criando um dinamismo econômico que nenhuma política estatal centralizada seria capaz de gerar sozinha.

Fomentar o micro e pequeno empreendedor não é apenas uma política econômica, é uma política de liberdade. É escolher um modelo de sociedade em que o sucesso individual se converte em benefício coletivo, em que o mérito substitui a dependência e em que a prosperidade nasce de baixo para cima, do esforço de milhões de cidadãos que ousam empreender. Minas Gerais já mostra que esse caminho é possível, com o BDMG batendo recordes de financiamento, com a simplificação de processos regulatórios e com ecossistemas inovadores que brotam mesmo em ambientes adversos. Mas ainda há muito a avançar.

O futuro do Brasil não será decidido em gabinetes, mas nas empresas familiares que atravessam gerações, nas startups que nascem em garagens e nos microempreendedores que abrem suas portas todos os dias para produzir. Eles não pedem subsídios eternos, não pedem favores governamentais, pedem apenas crédito justo e liberdade para trabalhar. Se o Estado der esse passo atrás, o empreendedor dará dois passos à frente. Quando isso acontecer, o país finalmente descobrirá que a sua maior riqueza sempre esteve na coragem de seus pequenos empreendedores.

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João Loyola

João Loyola

Formado em administração pela PUC Minas e em Gestão de Seguros pela ENS, Pós-Graduado em Gestão Estratégia de Seguros pela ENS, é sócio sucessor da Atualiza Seguros, trabalha no programa Minas Livre para Crescer na Secretaria de Desenvolvimento Econômico de MG e é associado do IFL-BH.

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