O país que tem medo de crescer

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O Brasil é como o sapo na panela. A água vai esquentando devagar. A inflação, a mediocridade, a perda de competitividade, a decadência da educação, as farsas identitárias — tudo sobe de temperatura. Mas ninguém salta.

Acomodado, o país segue imóvel, esperando que o calor desapareça por si. Mas não vai. Porque o Brasil não está em crise; está em negação. Não falta talento, nem recursos, nem ideias. Falta horizonte.

Transformamos a procrastinação em identidade institucional. Adiar reformas e decisões difíceis virou tradição nacional. Desde a fundação do país, os projetos que não rendem votos imediatos são empurrados para depois. Vivemos numa adolescência política — presos à mentalidade do prazer imediato.

Queremos aplauso agora, conforto agora, e, em troca, sacrificamos o futuro. Mas a ironia é cruel. Essa fuga da dor presente é justamente o que prolonga a dor. Governos populistas sabem disso. Não trabalham por um projeto de país, mas por um projeto de voto. Não constroem políticas sustentáveis, apenas promessas descartáveis.

O Estado se transformou num distribuidor de dopamina coletiva: vende alívio momentâneo enquanto alimenta a pobreza e a dependência. Quando investe, muitas vezes o faz em farsas ideológicas, tais como eventos caricatos sob o rótulo da “diversidade” que sequestram o orçamento das universidades, enquanto a ciência com “C” maiúsculo é desprezada.

Um país que abdica da excelência em nome do espetáculo. O populismo não evita a dor. Ele entrega uma dor estéril, paralisante. Uma dor que mantém o país no mesmo lugar. Já a dor do desenvolvimento — essa sim — é fértil.

É a dor das reformas, da reconstrução, da inovação. É a dor que move a destruição criativa, abre novos mercados, empregos, riqueza. Mas o Brasil rejeita essa dor como se fosse um vírus. Inovar virou afronta. Mexer em privilégios, tabu. Correr riscos? Heresia.

Por aqui, o esporte favorito dos populistas é inverter incentivos:
— premiam o obsoleto,
— punem o produtivo,
— desencorajam o risco,
— sabotam o novo.

O voto é o motor perverso disso tudo. Rejeita qualquer sacrifício no presente, mesmo quando é o preço de um amanhã melhor. A biologia humana explica: temos aversão à dor imediata. Mas, no Brasil, esse instinto virou política de Estado.

Os incentivos estão de cabeça para baixo. Governos são premiados não por gerar prosperidade, mas por manter a dependência. O curto prazo virou ideologia. A mediocridade, uma estratégia de poder. O país envelhece sem amadurecer. Cresce em estatísticas, mas não se desenvolve. Industrializa-se sem inovar. Urbaniza-se sem civilizar.

É uma nação emocional, o reino da sinalização de virtude, onde adultos agem como crianças mimadas, exigindo o doce agora e culpando os outros pela cárie depois.

O Brasil é um corpo que rejeita o antídoto — prefere conviver com o veneno que conhece. Recusa o sacrifício necessário e escolhe, de novo e de novo, a dor da estagnação. Estamos, mais do que nunca, diante de uma escolha simples, porém dolorosa: ou aceitamos a dor fértil do desenvolvimento — com reformas, inovação, responsabilidade — ou continuamos presos à dor estéril do populismo e da dependência perpétua.

A escolha está posta. O tempo corre. E a história não será generosa. Pois até quando?

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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