O teatro da impunidade

Print Friendly, PDF & Email

Dostoievski dizia que o grau de civilização de uma sociedade se mede pelas suas prisões. Se ele observasse o Brasil atual, talvez concluísse que aqui não há civilização alguma. Apenas um simulacro institucional onde o crime compensa e o cidadão honesto paga a conta. Não é preciso ser jurista, tampouco criminalista, para enxergar o óbvio ululante; o sistema de justiça criminal brasileiro apodreceu. Transformou-se numa engrenagem disfuncional onde o criminoso é beneficiado, o policial é humilhado e o cidadão ordeiro é abandonado.

A falência é visível até para um adolescente. Basta observar o ciclo vicioso em que a polícia prende e a “in”justiça solta, repetidamente, como se zombasse da sociedade que ainda insiste em respeitar a lei – e o faz com toga, salário público e um verniz pseudointelectual que busca justificar a leniência com delinquentes em nome de uma justiça “social” que só existe no mundo das ideias ou das ideologias.

Gary Becker já nos ensinou, com a precisão analítica da Teoria Econômica do Crime, que incentivos importam. Se o custo de cometer um crime é baixo e a chance de punição efetiva é mínima, o criminoso racional seguirá delinquindo. No Brasil, a equação é simples: o risco é quase zero, o benefício é alto e a punição, quando existe, é simbólica. É a receita perfeita para a criminalidade florescer com sangue, medo e miséria.

Segundo dados do CNJ, mais de 40% dos presos no Brasil estão soltos aguardando julgamento. Por trás desses números, há vítimas, famílias arrasadas e comunidades inteiras reféns de marginais reincidentes, mas há quem tente racionalizar esse colapso com narrativas progressistas anestesiadas, que pintam o bandido como “produto do meio”, uma “vítima da sociedade”, propondo penas leves, medidas “socioeducativas” e políticas de desencarceramento. Essa ideologia ignora que, ao suavizar o chicote, endurece o sofrimento de quem trabalha, empreende e vive sob o cerco constante da insegurança.

No Brasil, o crime compensa e ainda vem com habeas corpus premiado. Nessa republiqueta das bananas, corruptos reincidentes ocupam palácios e gabinetes, legislando em causa própria e promovendo um sistema penal indulgente que os favorece. São eles os verdadeiros beneficiários dessa justiça de compadres, em que o mérito e a decência foram substituídos por ativismo togado e sentenças brandas, proferidas por juízes que se veem como “justiceiros sociais”, destruindo o que resta de ordem pública. Quem sabe celas VIP, com Coca Cola, hein?

Essa degradação institucional exige resposta urgente. A solução passa por reformas legislativas duras, pela imposição de limites à militância judicial e, sobretudo, pela pressão contínua da população sobre os políticos eleitos. É hora de colocar fim ao reinado da impunidade, à covardia disfarçada de compaixão, e restaurar o óbvio ululante.

O crime precisa ter consequências reais, duras e dissuasivas! Ou punimos o crime com firmeza ou o crime continuará punindo o Brasil com impunidade – e desgraça.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

Deixe uma resposta

Pular para o conteúdo