As consequências das tarifas de Donald Trump
Tarifas de Trump derrubaram mais uma candidatura de direita – desta vez, na Austrália. Visita do “coordenador de sanções” precisa ser cirúrgica.
Primeiro foi no Canadá. Após Trump impor tarifas ao vizinho do norte e ameaçar anexá-lo, a centro-esquerda venceu com discurso de independência nacional, derrubando os conservadores, antes favoritos no início da disputa.
Agora foi a Austrália. Na semana passada, o conservador Peter Dutton viu sua candidatura ruir depois que Trump impôs tarifas de 25% sobre aço e alumínio australianos, afetando setores-chave da economia.
Dutton perdeu apoio rapidamente. Pesquisas da Roy Morgan mostraram o Partido Trabalhista abrindo 54,5% nas intenções de voto após o anúncio das tarifas — e Anthony Albanese venceu com maioria ampliada, enquanto a direita teve sua pior derrota desde 1944.
Quando o líder da direita mundial diz que “só a América importa”, ele sinaliza que os outros países não importam.
Eleitores reagem em autodefesa, rejeitando aliados locais desse discurso.
No Brasil, o PT já percebeu isso. Vai tentar colar no eleitor a ideia de que os interesses dos EUA são sempre contrários aos nossos, alimentando o velho antiamericanismo da esquerda.
O desafio da direita brasileira em 2026 será triplo: (i) escapar dessa narrativa e (ii) enfrentar um Judiciário cada vez mais alinhado ao governo, enquanto (iii) expõe a verdade sobre a corrupção, o aparelhamento e o desastre econômico promovido pelo petismo.
Seria útil se os EUA colaborassem um pouco, adotando uma política comercial menos hostil ao Brasil. A vinda do “coordenador de sanções” de Trump, David Gamble, ao país nessa segunda é bem-vinda para pressionar o judiciário, mas eventuais sanções precisam ser dirigidas pessoalmente àqueles que estão usando seus cargos públicos para obstruir a liberdade de expressão e o devido processo legal, nunca contra o país como um todo, sob pena de esse tiro sair pela culatra e fortalecer o petismo e o STF perante a opinião pública.