Capitalismo “de verdade”

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Normalmente, não me lembro dos sonhos, tampouco de pesadelos. Sonho; sonhar não custa nada. Nunca me submeti a um diagnóstico médico. Talvez sofra de afantasia. Não sei se sonho, mas o fato é que não para de dançar em minha mente o espetacular livro Capitalismo na América: Uma história, de Alan Greenspan e Adrian Wooldridge.

Catei-o em minha biblioteca, repleto de rabiscos e anotações. Infiro que meu pensamento fixo seja pelo tenebroso “momentum”. O que será que fez – e faz – determinadas nações prosperarem, econômica e socialmente? A discussão é fértil. Seguramente, Acemoglu e Robinson têm razão. O papel das instituições é fundamental, uma vez que elas criam incentivos para a geração de renda e riqueza para todos e/ou mantém uma elite de baixa qualidade, extraindo a renda, a riqueza e as possibilidades de seus cidadãos. Note que instituições inclusivas atuam conjuntamente com a preservação do direito à propriedade privada e da livre concorrência.

Porém, Capitalismo na América serve de guia perfeito para aqueles que, factualmente, para além da retórica “progressista”, desejam a prosperidade econômica e social para todos. É necessário compreender que a própria palavra “capitalismo” foi deturpada pelos apologistas do anticrescimento. Esses consideram tal sistema econômico explorador e responsável pela injustiça social. O capitalismo “de verdade” é o sistema mais democrático possível, associado à abertura e às oportunidades, favorecendo que pessoas de todos os níveis sociais acessem soluções em nível de produtos e serviços. No coletivismo, além de não haver tais soluções, somente a (des)elite de burocratas, e alguns de seus bajuladores, deleitam-se às custas da igualdade na pobreza.

Julgo que um componente essencial da prosperidade está relacionado com o modelo mental de um povo. Os EUA, desde seu nascedouro, incorporaram, como nenhum outro, a aspiração à realização do interesse próprio, descrita pelo grande Adam Smith! Alexis de Tocqueville, em sua viagem a América, impressionou-se com a modo de vida americano, do fazer acontecer, do foco no comércio, do assumir riscos e empreender.

A América seguiu à risca o processo shumpeteriano da destruição criativa. Ou seja, aquele “vento perene” que faz emergir novas ideias, criando negócios e setores inovadores, mas que, similarmente, destrói outros negócios e setores. Criação e destruição são gêmeas siamesas. Ao mesmo tempo em que permitiu a expansão de novos negócios, a América permitiu a morte de negócios fracassados. Distintamente do progressismo do atraso, a América do passado não se rendeu a interferência política, via nefasto intervencionismo estatal, intrometendo-se na lógica da destruição criativa, a fim de salvar os amigos do rei. Os americanos eram motivados a empreender, correr riscos, e recompensados – econômica e socialmente – por seus esforços e conquistas.

Hoje, sob o véu do sectarismo ideológico esquerdista e da ignorância, a fim de um projeto de poder, que, em síntese, se traduz em capitalismo para e deselite progressista e coletivismo/pobreza para o povo, burocratas e intelectuais, que não pensam, apelam aos sentimentalismos e a pseudoaltruísmos, condenando a responsabilidade individual, o esforço e o mérito, a verdadeira justiça social, demonizando o criador livre mercado.

No coletivismo, o Estado é o protagonista, com suas políticas populistas e intervencionistas, assumindo-se que ele é tudo para todos, e os criadores de riqueza são meros pagadores de impostos. A burocracia deve ser cada vez mais inchada para criar empregos, eliminando-os no setor privado. A mentalidade incentivada é a da dependência forçada, impondo aos empreendedores a redistribuição de renda para aqueles que são motivados a não produzir. Afinal de contas, é preciso arcar com o ineficiente Estado assistencialista.

Desapareceu do mapa o imperante “mercado”, ao qual desobedecer faz com que a sociedade fique mais pobre e colha as consequências perversas do falacioso coletivismo. Desafortunadamente, o receituário americano foi subvertido. Antes, os yankees eram otimistas em relação aos negócios e ao progresso individual e cínicos em relação ao governo. Hoje, no entanto, uma enormidade deles acredita no “salvador da pátria”. A primazia é do Estado, e os empresários e empreendedores são os culpados pelo fracasso e pela “injustiça social”.

Triste. Atualmente vejo “conservadores e liberais” se unirem a certas pautas da devastadora agenda progressista. Enfim, o certo é que do Estado nunca virão as soluções, ele é o problema. O que dá com uma mão, já retirou da população com as duas mãos! Pois a América ensinou ao mundo, que não existe aristocracia acima da aristocracia dos empreendedores! Apesar disso, parte do globo persiste em ser seduzida pelas juvenis fantasias marxistas. Duro.
A turma “progressista” sabe. A asfixia aos negócios é causada pelo abusivo intervencionismo estatal, do pesadelo kafkiano da regulação em excesso, da tributação escorchante, impedindo que os heróis da destruição criativa – os empreendedores – inovem e gerem novas e melhores soluções para os consumidores e a sociedade.

O receituário para a prosperidade econômica e social depende de uma fundamental mudança de mentalidade. Chega de romantismos e idealismos baratos, de falso humanismo e de muita hipocrisia. Basta de projetos de poder e de holofotes midiáticos.

É preciso haver livre mercado, liberdades, segurança jurídica e gente responsável, que empreenda e trabalhe duro, inovando nas soluções para consumidores e sociedade. A tarefa do governo – limitado e eficiente – deve ser a de estabelecer regras previsíveis, deixando que os criadores de riqueza, pessoas e empresas, empreguem, invistam, produzam, gerando resultados lucrativos.

Nesse contexto, num ambiente de negócios favorável, os inovadores sempre estarão dispostos a correr riscos e dançar com o perigo: o sistema capitalista jamais ficará livre de riscos, mas realizará muito mais do que o bom-mocismo de boas intenções de coletivistas populistas e incompetentes. Bem acordado, recomendo fortemente, que leiam o construtivo Capitalismo na América: Uma história!

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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