Em meu livro “Os Fundadores – O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil”, abordei também em capítulo próprio a vida e obra de Joaquim Gonçalves Ledo (1781-1847), líder da Maçonaria fluminense que foi desafeto de José Bonifácio (1763-1838).

Assim como acontecia entre os founding fathers dos EUA, nossos fundadores não constituíam um bloco monolítico. Procurei refletir esse fato ao inserir esse capítulo.

Nesta semana de celebração dos 200 anos da Independência, devemos recordar todos os nomes que a protagonizaram, mesmo os que cultivavam suas rivalidades uns com os outros. Seguem trechos:

“Para o maçom fluminense, as Cortes lisboetas não apenas estavam subjugando as províncias brasileiras, como também se imiscuíam em funções que deveriam caber ao Executivo, como a decisão do local de residência do filho do rei de Portugal. Já em 20 de maio de 1822, escreveu a Representação do Povo do Rio de Janeiro, solicitando a Constituinte e a autonomia do Brasil, que exigia o voto direto. Eis alguns trechos: ‘O Brasil, portanto, composto de elementos tão diversos dos de Portugal, carece de uma administração própria, de uma legislação bebida na natureza de suas necessidades e circunstâncias, e não de uma legislação versátil, sem base e sem interesse, como são todas aquelas que operam de longe, e debaixo da inspiração de legisladores parciais, sem adesão ao lugar que legislam, e sem o medo do raio vingador da pública opinião, que daqui não pode feri-los senão frio e sem vigor (…).” (…) Insistindo na articulação pela Independência, (Ledo) atuou na concessão do título de Defensor Perpétuo a D. Pedro, na concessão do título de grão-mestre a Bonifácio em um esforço temporário de contemporização, e na concessão deste mesmo último título a D. Pedro. Ledo se esforçou muito em suas colunas em 1822 por sustentar que o povo brasileiro tinha condições de fazer suas próprias leis e se reger a si mesmo.” (Os Fundadores, Almedina/Edições 70, p. 111-112)