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Particularização e pragmatismo no enfrentamento racional da Covid-19

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O Brasil é mesmo o país dos contrários! Afinal, desde que os lusitanos nos descobriram quase ao acaso, sempre sofremos da grotesca demência verde-amarela da inversão de valores.

Aqui, nesse país patrimonialista e clientelista das elites políticas e econômicas, enquanto no resto do mundo há um foco e uma certa convergência política no ataque ao Covid-19, em meio à crise viral, tais elites e bur(R)ocratas estatais conseguiram jogar o país em mais uma vergonhosa e burlesca crise política, desviando o centro das preocupações nacionais daquilo que realmente importa e muito: a vida – saúde e economia – dos comuns e das empresas.

Minha resiliência em digitação vem esmorecendo, mas não canso de apontar que o enfrentamento ao Covid-19 no país traduz-se numa batalha política entre aqueles ditos 100% interessados na vida/saúde das pessoas versus outros que alertam e levam em consideração a lógica e as indissociáveis dimensões da mesma vida: saúde e economia.

O tribalismo político e social tupiniquim, expresso na questão da preocupação com vidas versus empregos, é o mesmo da batalha travada nas redes sociais, entre os puros humanistas coletivistas, com seus discursos do “fiquem em casa”, e os interesseiros individualistas, que supostamente só se preocupam com o retorno ao “novo normal” da atividade econômica e com a evitação do desemprego.

A verdade reportada por estudos científicos no Brasil demonstra que, pela crise econômica brasileira entre 2012 e 2017, um aumento da taxa média de desemprego de um ponto percentual se associou ao aumento de 0,50% na taxa de mortalidade nacional.

Cabe aqui ao egoísta que vos escreve enfatizar que as mortes ocorreram principalmente nas populações negras e mistas, mais carentes, em homens e indivíduos de 30 a 59 anos.

Ainda para aqueles adoradores do Estado, restou comprovado que as regiões com maiores investimentos em estruturas de saúde foram as que menos sofreram. Entretanto, nossos grandes homens públicos preferiram dar o circo dos estádios para o povo e/ou engordarem as suas já fartas contas particulares. Moral para as cucuias!

Bem, picos e mais picos, aqui no Rio Grande do Sul o vírus parece não ter circulado intensivamente e, em havendo um pico, acho que seria preferível imunizar os cidadãos agora a fazê-lo no auge do nosso inverno mais rigoroso. Além disso, com a estrutura de saúde que foi montada – e que está completamente subutilizada -, o Estado parece ter condições de suportar um eventual aumento dos casos de contaminação.

Mas os bons coletivistas aludem à “ciência”, referenciando modelos que foram construídos para circunstâncias e idiossincrasias inerentes aos países de clima temperado e suas respectivas características demográficas. Acredito que os quase dois meses de isolamento social drástico e a correspondente paralisação da atividade econômica num país de renda-média baixa como o nosso, considerando-se as evidências virais disponíveis, trarão consequências humanas e econômicas devastadoras.

Os custos psicológicos e econômicos, e o sofrimento pelo desemprego, serão muito maiores do que os gerados pelo Covid-19. Diariamente, já temos observado o fechamento de indústrias e empresas de serviços, o agravamento do desemprego no Estado e o consequente efeito dominó de sua propagação.

Não, eu não estou sendo egoísta, preocupado com meus interesses; perturba-me e eu gostaria de evitar consequências ruins para todos! Preocupo-me com o bem estar maior e com todos os trabalhadores informais e assalariados que estão sendo e serão pesadamente sacrificados pela paralisação econômica.

Claro que há instintivamente uma parte do nosso eu que se ofende com o nosso próprio pragmatismo. Contudo, mesmo assim, em razão do meu modo manual de pensamento reflexivo, não tenho dúvidas de que o número de afetados pela crise econômica, pela decadência dos sistemas de saúde e de assistência social, além da falta de serviços públicos, será muito maior do que em razão do vírus.

Claramente estamos diante de um dilema – com suas trocas compensatórias – complexo, sendo imperioso que se tomem decisões e iniciativas que produzam as melhores consequências para todo o conjunto social. Neste momento crítico para o país, é crucial que se aja com responsabilidade e pragmatismo, deixando-se de lado as emoções e as morais tribais e, especialmente, os dogmas partidários, a fim de pensar e focar no bem maior para a população brasileira.

Pensando para muito além do individual, justamente externando a lógica preocupação com os “outros gaúchos”, pragmaticamente, é que acredito que devamos retomar prontamente a atividade econômica, mesmo que parcialmente, e de forma ajustada e gradual, com o objetivo de salvar o maior número de vidas possível.

Isso mesmo! Como seres humanos e agraciados com a diferenciada capacidade de pensamento reflexivo, penso que especialmente nossas autoridades deveriam centrar e agir com “altruísmo responsável”, focando naquelas decisões que implicam naquilo que salvará mais vidas humanas. Sim, um maior número de vidas! Uma lástima que nos faltam atitudes, decisões e ações comprometidas com a integral vida humana. Falta mesmo vergonha na cara e mais pressão popular!

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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