“Liberalismo”, de Ludwig von Mises

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Liberalismo, publicado por Ludwig von Mises em 1927, é uma obra fundamental para compreender a lógica e a ambição do liberalismo clássico. Mises apresenta uma defesa vigorosa da liberdade individual e da propriedade privada, argumentando que esses princípios constituem a base indispensável para o progresso econômico, a justiça social e a estabilidade política. Ao unir análise histórica e raciocínio econômico, o autor mostra que sociedades mais livres tendem a desenvolver instituições eficientes e prosperidade crescente, enquanto modelos coletivistas e intervencionistas frequentemente geram estagnação, pobreza e repressão. Seu ponto central é direto: a liberdade individual não é apenas desejável — é estrutural para o funcionamento de qualquer sociedade saudável.

A organização da obra é clara e progressiva. Cada capítulo aprofunda aspectos fundamentais do liberalismo, contrapondo-os a experiências socialistas e intervencionistas. A linguagem de Mises é densa, mas surpreendentemente acessível, permitindo que leitores com níveis variados de familiaridade com economia consigam acompanhar a argumentação. O autor equilibra rigor teórico, lógica e exemplos históricos, o que torna a leitura dinâmica e facilita a compreensão do argumento central: quando o Estado ultrapassa seus limites, ele inevitavelmente reduz a liberdade e compromete a eficiência social.

No coração do livro, está a defesa da liberdade individual como princípio organizador da vida em sociedade. Para Mises, o liberalismo não é apenas uma doutrina econômica, mas um sistema completo de organização social, baseado na responsabilidade pessoal, no respeito aos direitos fundamentais e no funcionamento espontâneo do mercado. O autor critica o socialismo e formas amplas de intervenção estatal, mostrando que, quando o Estado assume funções próprias do mercado, surgem distorções, desperdícios e perda de autonomia individual. Prosperidade e progresso, para Mises, dependem de indivíduos livres para tomar decisões e arcar com suas consequências.

Ao aplicar essas ideias ao contexto brasileiro, o livro ganha excepcional atualidade. O Brasil se caracteriza por um Estado grande e intervencionista, que atua por meio de subsídios, controles de preço, burocracia excessiva e alta carga tributária. Esses mecanismos geralmente desestimulam a inovação, prejudicam o empreendedorismo e criam desigualdades artificiais. Programas assistenciais, quando combinados a políticas que reforçam dependência, acabam enfraquecendo a autonomia e impedindo a mobilidade social, algo que Mises antecipava com clareza: quando o Estado concentra o poder econômico, ele tende a limitar liberdades e travar o desenvolvimento sustentável.

Outro tema crucial do livro é a crítica às justificativas morais do intervencionismo. Mises argumenta que políticas de igualdade impostas de forma coercitiva frequentemente resultam em injustiça e restrição de liberdades. A verdadeira justiça, defende ele, não está na redistribuição forçada, mas na proteção dos direitos individuais e na garantia de que cada pessoa possa empreender, criar e prosperar. Esse ponto é especialmente relevante no debate contemporâneo sobre políticas públicas no Brasil, marcado por dilemas entre igualdade, eficiência e liberdade individual.

Mises também ressalta que o liberalismo é um caminho para a paz e a estabilidade institucional. Sociedades que respeitam as liberdades individuais tendem a reduzir tensões sociais e econômicas, favorecendo a cooperação voluntária e o avanço tecnológico. O autor contrasta isso com regimes coletivistas, que historicamente produziram crises recorrentes, escassez e autoritarismo. Assim, o livro não apenas defende o liberalismo, mas demonstra seus efeitos práticos na longevidade e na vida institucional de diferentes sociedades.

Quando observamos o cenário brasileiro atual, percebemos que vários de seus problemas dialogam diretamente com os alertas de Mises. O aumento de tributos, a regulamentação excessiva e subsídios seletivos criam insegurança jurídica e reduzem a competitividade. A economia apresenta baixa produtividade, perda de talentos e empresas que preferem atuar no exterior. A dependência crescente de políticas redistributivas permanentes enfraquece o senso de responsabilidade individual. Mises não rejeitava a assistência social, mas alertava que uma política construída sobre tutela contínua desestimula a autonomia e reduz incentivos ao desenvolvimento pessoal e econômico.

Em conclusão, Liberalismo é uma obra indispensável para entender a relação entre liberdade individual, prosperidade e organização econômica. Mises oferece uma análise sólida, combinando teoria, história e crítica institucional, e fornece ferramentas para avaliar políticas públicas em qualquer país — especialmente em economias marcadas por forte presença estatal, como o Brasil. O autor reforça a ligação inseparável entre liberdade e prosperidade, mostrando que o desenvolvimento sustentável depende de um Estado limitado e de indivíduos livres para produzir, inovar e cooperar. Dessa forma, o livro funciona como um alerta e uma orientação: sociedades só prosperam quando a liberdade é tratada como fundamento e não como concessão.

*Maria Almeida é administradora e contadora formada pelo IBMEC BH, com experiência em consultoria estratégica — processos e finanças — e em gestão da experiência do cliente no mercado financeiro. Atualmente, é head comercial, associada II do IFL-BH e cursa Direito na Faculdade Milton Campos, ampliando sua formação na área jurídica.

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