Responsabilidade individual: pilar da liberdade e da convivência ética

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Vivemos tempos em que a liberdade é amplamente reivindicada, mas pouco se fala sobre o seu preço: a responsabilidade. Em uma sociedade que valoriza direitos, é urgente discutir também os deveres que os sustentam. A liberdade não é plena sem o compromisso com os próprios atos — e esse compromisso se manifesta, acima de tudo, na responsabilidade individual.

A liberdade, apesar da defesa de valor absoluto, não pode ser entendida como ausência de limites ou de consequências. Ser livre é, acima de tudo, poder escolher e, então, assumir bônus e ônus que advêm dessa escolha. A responsabilidade individual, portanto, é uma via de mão dupla que conecta diretamente nossas ações aos seus desdobramentos. Quem gasta além do que ganha colhe dívidas e restrições; optar por não se qualificar pode limitar oportunidades futuras. Essas escolhas individuais constroem ou restringem o próprio caminho.

Apesar disso, cresce o fenômeno da terceirização da culpa. Em muitos casos, o indivíduo se exime da própria responsabilidade, transferindo para o sistema, o governo ou as circunstâncias a culpa por tudo que não deu certo. Há quem exija do Estado uma atuação na propagação de fake news. Mas, mesmo diante de recursos de checagem, muitos optam por não verificar o conteúdo compartilhado. Omissão cívica, falta de engajamento político e desinformação também entram nesse rol. É mais fácil culpar o todo do que rever as próprias decisões.

Nesse contexto, a filósofa Ayn Rand, em A Virtude do Egoísmo, afirma: “O homem deve viver para si mesmo, não sacrificando-se aos outros nem sacrificando os outros a si.” Com isso, Rand defende a autonomia moral: cada indivíduo deve ser responsável por sua própria vida, sem se colocar como vítima constante nem como explorador de terceiros.

Segundo Rand, o indivíduo racional, autônomo e responsável por suas decisões é a unidade moral básica da sociedade. Para ela, não há liberdade possível sem o reconhecimento de que cada pessoa deve responder por seus atos e viver com as consequências, boas ou ruins, que eles produzem. Assim, a liberdade não é um direito abstrato, mas uma construção prática e ética que exige responsabilidade contínua.

Em tempos de discursos fáceis e promessas vazias, refletir sobre responsabilidade individual é um exercício de maturidade. É reconhecer que, antes de exigir dos outros, devemos observar nossas próprias condutas. Que sociedade queremos construir se cada um fugir do próprio dever?

*Lenita Bodart Guimarães Caetano é associada do Instituto Líderes do Amanhã. 

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