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Resenha do Livro “O que é o liberalismo” por Donald Stewart Jr

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O livro O que é o liberalismo? de Donald Stewart Jr. é uma obra de fácil leitura e compreensão do tema abordado. Publicado em sua mais recente versão em 2019, o livro aborda os conceitos fundamentais do liberalismo, explicando sua história, princípios e aplicação no contexto do Brasil. O autor apresenta o liberalismo como uma doutrina política que defende a liberdade individual, a propriedade privada e a busca pelo bem-estar da sociedade. Além disso, ao longo do texto, o autor elenca pontos de contraposição às ideias do conservadorismo e do socialismo.

O autor retrata a história do liberalismo como uma oposição ao absolutismo e ao mercantilismo, destacando seu papel na independência dos Estados Unidos e na Revolução Industrial. Ele também discute como o liberalismo foi mal interpretado devido à riqueza gerada pelo capitalismo, levando as pessoas a acreditarem que essa riqueza era um direito de todos. Essa perspectiva é bastante controversa se considerarmos que o período em que as pessoas tiveram maior possibilidade de oportunidades foi justamente durante a Revolução Industrial. No século XX, o mundo acabou abandonando os ideais liberais, resultando em ondas totalitárias e maior intervenção estatal na economia.

Mais adiante, Stewart explora o conceito de ação humana e sua relação com a economia, cooperação, império da lei, direitos individuais, mercado, lucro, competição e igualdade de oportunidades, fortalecendo argumentos em prol de uma menor intervenção do Estado. Ele também enfatiza a importância da liberdade, prosperidade, paz e tolerância como pilares do liberalismo. O autor aborda as liberdades econômicas e políticas, os princípios gerais do liberalismo, o papel do Estado, a divisão dos poderes, a garantia do mínimo, impostos, tarifas e autoridade monetária. Nesse momento, fica claro que um Estado com maior intervenção tende a gerar menos oportunidades e favorecer pensamentos limitantes e de escassez nos indivíduos.

Stewart relaciona os conceitos do livro com a realidade brasileira, comparando o Brasil com feudos medievais, guildas mercantilistas e corporações fascistas. Ele destaca a necessidade de uma revolução cultural e de o liberalismo ganhar eleições para promover mudanças no país, o que certamente nos colocaria em um patamar de extrema prosperidade e desenvolvimento como nação.

Fazendo um paralelo entre o que o autor traça em seu livro e o meu contexto de atuação, percebo que o liberalismo econômico e a gestão de pessoas são dois temas fundamentais para compreender as dinâmicas empresariais na contemporaneidade. Enquanto o liberalismo enfatiza a livre iniciativa, a concorrência e a redução da intervenção estatal, a gestão de pessoas busca criar condições propícias para o desenvolvimento e a motivação dos colaboradores. Nesse contexto, é essencial compreender como os desafios da gestão de pessoas se relacionam com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), por exemplo.

O liberalismo econômico, como base teórica, valoriza a liberdade individual e a propriedade privada como pilares para o desenvolvimento econômico. Nesse sentido, a gestão de pessoas nas empresas torna-se um componente estratégico para a busca de eficiência e resultados. Contudo, essa busca pela eficiência se choca com os princípios e regulamentações da CLT em diversos momentos.

Um dos principais desafios da gestão de pessoas nas empresas é o recrutamento e seleção de talentos. As organizações precisam atrair profissionais qualificados e alinhados com os valores da empresa. Entretanto, a CLT estabelece critérios que garantem a igualdade de oportunidades e a não discriminação. Como líder de departamento da área de pessoas, somos desafiados a encontrar um equilíbrio entre a busca por talentos e a observância dos princípios igualitários estabelecidos pela legislação trabalhista.

Outro desafio é a retenção de talentos. Para manter colaboradores motivados e engajados, as empresas buscam oferecer benefícios e programas de desenvolvimento profissional. No entanto, alguns desses benefícios podem ser limitados pela CLT. Por exemplo, a legislação estabelece um limite para a carga horária de trabalho e regras para o pagamento de horas extras. Embora essas medidas tenham como objetivo proteger o trabalhador, podem limitar a flexibilidade das empresas em oferecer benefícios personalizados e até mesmo dos próprios funcionários, que estão dispostos a encarar jornadas de trabalho maiores em prol de melhores resultados.

Além disso, a CLT estabelece direitos e deveres tanto para os empregados quanto para os empregadores, impactando aspectos como remuneração, férias e jornada de trabalho. Embora essas regulamentações busquem assegurar direitos trabalhistas e garantir condições dignas de trabalho, podem gerar entraves à flexibilidade e à inovação nas relações de trabalho, dificultando a adoção de modelos de trabalho mais flexíveis que poderiam gerar mais resultados tanto para os empregadores quanto para os colaboradores e também para a sociedade como um todo. Se a empresa gera mais resultados, os empregados também terão melhorias de remuneração e, consequentemente, tendem a consumir mais, gerando impacto positivo direto na economia.

Diante desses desafios, é importante buscar soluções que equilibrem as exigências da CLT, buscando uma menor intervenção do Estado e permitindo uma gestão de pessoas mais efetiva, especialmente seguindo os princípios do liberalismo. A negociação entre empregados e empregadores, por exemplo, pode ser uma estratégia para encontrar soluções que atendam às necessidades de ambas as partes. A flexibilização das leis trabalhistas, desde que respeitando os direitos fundamentais dos trabalhadores, também pode permitir maior adaptabilidade às demandas do mercado e estimular a inovação nas relações de trabalho.

Alguns exemplos que podemos citar dos impactos negativos gerados pelo engessamento da CLT são de empresas que acabam optando por encerrar suas atividades no Brasil em virtude da alta carga tributária imposta pelo modelo, bem como as exigências previstas na legislação.

Em 2018, o Walmart, uma das maiores redes de varejo do mundo, vendeu a maior parte de suas operações no Brasil para o fundo de investimento Advent International. Dentre os fatores citados para a venda, estavam a alta carga tributária e a complexidade do ambiente regulatório no país, inclusive no cenário trabalhista.

Em janeiro de 2021, a Ford anunciou o encerramento de sua produção de veículos no Brasil e o fechamento de suas fábricas no país. A empresa mencionou a crise econômica no país, agravada pela carga tributária e pela falta de competitividade, como razões para a decisão, após diversas tentativas frustradas de acordos e negociações sindicais.

Em suma, o paralelo entre o liberalismo e os desafios da gestão de pessoas nas empresas, especialmente no contexto da CLT, revela a complexidade e a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a busca pela eficiência econômica e o respeito aos direitos trabalhistas. Nesse sentido, é fundamental que as empresas desenvolvam abordagens flexíveis e estratégicas, capazes de valorizar tanto a liberdade individual e a livre iniciativa quanto a garantia de condições dignas de trabalho e a proteção dos direitos dos colaboradores, assim como buscar alternativas em conjunto com os órgãos regulatórios a fim de flexibilizar as exigências impostas no momento.

*Nathalia Rievers tem mais de 12 anos de experiência na área de Recursos Humanos e é uma gestora de RH apaixonada pelo desenvolvimento humano. É especialista em Gestão Estratégica pela The University of Akron e atualmente ocupa a posição de Head de RH na BRZ Insurance. 

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