Resenha: “A Revolução dos Bichos”

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Lançado originalmente em 1945, o livro A revolução dos bichos, de George Orwell, é uma fábula sobre poder. Narra a rebelião dos animais de uma granja contra os humanos, donos daquela terra. No decorrer da história, entretanto, a revolução se degrada a ponto de se transformar em uma tirania mais opressiva que a dos humanos.

Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, foi um escritor, jornalista e ensaísta político inglês. Nasceu na Índia Britânica e foi morar no Reino Unido nos seus primeiros anos de vida. Suas obras de maior destaque foram A revolução dos bichos (1945) e 1984 (1949). Morreu precocemente de tuberculose em 1949, aos 46 anos de idade.

O livro relata a rotina dos animais que viviam na Granja do Solar, antes administrada pelo fazendeiro Sr. Jones. Homem austero, com um temperamento difícil e viciado em álcool, ele cuidava dos bichos da fazenda, mas muitas vezes os explorava. Em determinado momento, chega a faltar comida para todos.

Nesse cenário, Major Porco, o animal mais velho da granja, reúne todos os bichos e explica a vida que poderiam passar a ter na medida em que conseguissem dominar o local. Dessa forma, propõe uma revolução para expulsar o Sr. Jones da fazenda, o que acabaria com submissão dos bichos aos seres humanos. Tirar o homem do local significaria o progresso imediato, uma vez que todos poderiam passar a trabalhar para todos.

Pouco tempo depois da sua declaração, o Major Porco morre, mas isso não diminui o ímpeto dos bichos pela revolução. Nesse processo, os porcos passam a organizar assembleias por serem os animais mais inteligentes, mais instruídos e que sabem ler e escrever. Após diversas deliberações, os bichos resolvem agir para expulsar os humanos e assumir o controle da fazenda. Com os ideais do Major em mente e com a adesão de todos os animais da fazenda, o Sr. Jones é expulso da granja, junto de todos os humanos que lá viviam.

O local passa a se chamar Fazenda dos Bichos, com dois porcos despontando como as principais lideranças: Bola-de-Neve e Napoleão. Regras que deveriam ser seguidas por todos os animais foram logo estabelecidas, como se fossem os mandamentos dos animais e que determinavam o comportamento dentro daquele território.

Os mandamentos diziam: (1) Tudo que tem duas pernas é inimigo; (2) Ter asas ou quatro patas significa amigo; (3) Animais não usam roupas; (4) Animais não dormem em camas; (5) Animais não ingerem bebidas alcoólicas; (6) Animais não matam animais; (7) Igualdade entre todos os animais.

Como muitos animais não conseguiram se alfabetizar, a memorização dos mandamentos era difícil. Para os seres desprovidos de inteligência, os porcos resumiram os mandamentos a apenas duas regras: “Os que têm quatro pernas são bons, os que têm duas pernas são maus.”

Por duas oportunidades, os humanos tentaram recuperar a Fazenda dos Bichos, sem sucesso. Na primeira tentativa, o Sr. Jones foi derrotado por Bola-de-Neve, que entrou na luta e defendeu heroicamente seu território. Diante disso, o porco recebeu uma condecoração militar, a “Herói Animal, Primeira Classe”.

Mesmo assim, Napoleão decide expulsar o companheiro, levantando contra ele uma série de acusações. Para isso, cria um exército de cães para se utilizar da força contra qualquer opositor. Napoleão acaba por convencer todos os outros animais a se rebelarem contra o ex-líder. Por fim, Bola-de-neve é considerado traidor e expulso da granja. A partir de então, tudo o que pudesse acontecer de ruim na granja era atribuído ao antigo líder.

Napoleão tem uma postura autoritária e, quando assume o poder, essa característica fica ainda mais evidente. Seu egoísmo e totalitarismo é revelado pela maneira com que ele conduz a granja depois de destituir e expulsar Bola-de-Neve da liderança. Sempre escoltado por cães raivosos, o líder passa a ter atitudes contrárias à revolução e aos seus mandamentos.

Bola-de-Neve possuía um sonho de construir um moinho de vento para a geração de eletricidade na granja, e Napoleão, antes crítico à edificação, toma esta ideia para si. O que no passado fora motivo de críticas, passa a ser um dos objetivos principais do líder autoritário, e as obras são iniciadas, às custas de muito trabalho de todos os bichos da granja.

Com Napoleão no poder, todos os mandamentos iniciais da revolução dos bichos são violados. Os porcos passam a utilizar a casa do Sr. Jones, a dormir em camas, a vestir roupas e a ingerir bebidas alcoólicas. Havia também uma determinação inicial de que nenhum animal da granja deveria negociar com os humanos, porém, essa diretriz foi considerada como uma invenção de Bola-de-Neve. Todos passam a ignorar tal direcionamento e esse tipo de contato passa a ser algo natural.

Ao final da trama, os porcos misturam-se aos seres humanos proprietários das demais fazendas, inclusive andando sob duas patas. A exploração ao trabalho dos demais animais se torna maior do que na época em que o Sr. Jones comandava as atividades e a comida passa a ser mais escassa. Os sete mandamentos são suplantados por apenas um: “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”.

Por fim, A revolução dos bichos é uma ficção que aborda temas como poder, totalitarismo e manipulação política. Com linguagem simples e utilização de discursos diretos, apontando objetivamente a fala dos personagens, a obra traz reflexões profundas sobre organizações políticas e econômicas. Trata-se de uma obra atemporal, a qual é utilizada há décadas como arma ideológica contra o comunismo, apesar de esse não ter sido o objetivo de Orwell.

*Thiago Garcia é associado do Instituto Líderes do Amanhã. 

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