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Sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia

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A guerra na Ucrânia não tem nada a ver com Bolsonaro, nem com o Brasil. O cenário fica a 10555 km de Brasília, o principal protagonista nessa história é Vladimir Putin, que contracena com seu xará Vladimir Zelenski, presidente da Ucrânia, comediante escalado contra a vontade para uma tragédia.

Putin é o roteirista, diretor e protagonista nesse filme de quinta categoria. Zelenski está se revelando melhor do que a encomenda, assim como o povo ucraniano.

Os brasileiros, que assistem à distância o desenrolar da trama, estão intrigados com o fato de, de repente, pouco depois de Putin gritar “luz, câmera, ação!”, surgir, enquanto passavam os créditos de abertura da película, um figurante, Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, que aparentemente acabaria, assim, sendo elevado ao papel de ator convidado.

O que estaria fazendo ali, como um peixe fora d’água, nosso presidente? Negociando fertilizantes? O pessoal do agronegócio sempre negociou fertilizantes com os russos, que fornecem 20% da nossa necessidade, que corresponde a 25% da produção daquele país.

Dizem que a reunião entre os chefes de estado estava marcada há meses. Mas desmarcar viagens protocolares não é um problema, ainda mais se está em curso uma história trágica, envolvendo um déspota com bombas atômicas no arsenal e um país concorrente, a vítima, com quem o Brasil também mantém relações comerciais e de quem também compra fertilizantes.

Eu, que não tenho serviço de inteligência, já tinha noção do roteiro. Dava para prever como seria a última cena. Ou seja, quem resolveu participar daquele filme tinha ciência do papel que viria a desempenhar na guerra que já iniciara.

Imaginem que é um filme do 007, digamos, Spectre. Bolsonaro aparece logo no início, dando a mão para Ernst Stravo Blofeld, que no filme de verdade é Cristoph Waltz. Sentam, conversam e se despedem.

Horas depois, Ernst lança um ataque fulminante a um país escolhido especialmente para mostrar como ele é mal, como ele quer dominar o mundo, como ele é macho para chantagear a comunidade internacional, obtendo ainda mais poder do que já tinha. Se é que tinha.

Perante o ataque, que, além de ilegal, é desumano, é normal as pessoas se perguntarem: mas o que é que o presidente do Brasil estava fazendo lá, bem na hora em que a Spectre estava se preparando para atacar o país alvo? Por que Bolsonaro não estava de mão dadas com o OO7?

Fertilizantes, respondeu o presidente. Aqueles mesmos fertilizantes que, se a Rússia não vender para o Brasil, não terá dinheiro para colocar comida na mesa. É mais fácil o Brasil substituir seu fornecedor do que a Rússia achar um comprador como nós.

Será que Putin não usou Bolsonaro para criar uma ação diversionista para despistar o ataque que já estava em curso? “Ora, Putin não vai atacar. Vejam só, acaba de receber o presidente do Brasil”, muitos poderiam pensar.

Bolsonaro teria sido usado por Putin para ludibriar seus inimigos? Bolsonaro era um daqueles personagens que são postos nos filmes para iludir a plateia, impedindo-a de descobrir o vilão logo no início do filme?

Será que Bolsonaro foi atraído para uma armadilha, se deu conta depois e agora não consegue dizer que o culpado dos crimes contra a humanidade é seu inescrupuloso anfitrião? Coitado, terá que ficar fabricando desculpas.

O Itamaraty já disse que o filme, protagonizado por Putin, merece ser censurado e boicotado. Mas Bolsonaro está relutante. Como mudar de posição de forma tão rápida e tão flagrante?

É difícil. Eu me solidarizo com Bolsonaro. Ter sido aparentemente passado para trás por alguém como Putin não é uma experiência que se deseja para qualquer inimigo. E eu nem sou inimigo do Bolsonaro. Sou seu crítico sim, quando ele merece ser criticado. Mas eu também o aplaudo, quando aplaudir é justo e indicado.

Não tenho ídolos. Nem sou fã incondicional de ninguém. Por outro lado, sou capaz de odiar e criticar déspotas, como Putin, Stalin, Hitler, Fidel, Pol Pot ou Mao, para dizer alguns.

Se eu fosse presidente do Brasil e tivesse sido usado com um simples aperto de mão, daria uma entrevista coletiva dizendo em alto e bom som que Putin não tem direito de invadir ou bombardear um país soberano. Diria não apenas ser a favor da paz, mas também que sou a favor de levar Putin aos tribunais internacionais, por crimes contra a humanidade.

Putin deve ser processado, investigado, julgado e, se condenado for, deve sofrer as consequências dos seus atos.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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