Ocupar Gaza: segurança ou desistência da paz?
Com a ocupação permanente de Gaza, parece que Israel desistiu de vez da ideia de um acordo com os palestinos. E talvez não sem razão: nas últimas duas décadas, ao menos duas propostas concretas de criação de um Estado Palestino foram feitas por Israel, mas ambas foram rejeitadas. Em troca, vieram atentados, foguetes e o fortalecimento do Hamas, cujo estatuto defende a destruição completa do Estado judeu.
Israel tem todo o direito de existir e de se defender.
Nenhuma nação toleraria um vizinho que jura sua extinção. Mas agora, com uma ocupação indefinida e a possível realocação forçada da população de Gaza, surgem novos dilemas — morais, geopolíticos e estratégicos.
A remoção em massa de civis geraria efeitos colaterais profundos: uma tragédia humanitária para os palestinos, que seriam lançados em campos de refugiados no Egito, na Jordânia ou no Líbano — países já sobrecarregados e socialmente instáveis. Para Israel, isso significaria viver sob permanente tensão diplomática, além de alimentar novas gerações de ódio que podem fortalecer ainda mais grupos radicais. E, para o Ocidente, trata-se de mais um foco de instabilidade migratória e política no coração do Oriente Médio.
Além disso, ocupar Gaza não resolve o problema da Cisjordânia, onde está a maioria da população palestina e onde o debate sobre um Estado próprio permanece em aberto.
A paz parece distante. Mas será mesmo que já não há mais espaço para tentar? Ou será que, tragicamente, a única saída viável será mesmo a separação física definitiva — custe o que custar?