O processo competitivo e o processo das ideias: idênticos

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Aqueles dotados de um mínimo conhecimento econômico sabem que a competição genuína é o motor do progresso e da inovação em qualquer mercado livre. A ideia de que empresas dominantes, que alcançaram tais posições pela excelência, prejudicam a competição ignora a questão básica de que a competição não é um estado fixo. É, na verdade, um processo contínuo em que o mérito se traduz em resultados.

Não é lógico pensar que a única forma de ser dominante em um mercado livre é oferecendo produtos ou serviços superiores, que os consumidores voluntariamente escolhem, sem a presença da coerção estatal? A posição conquistada pela eficiência e inovação, longe de ser uma ameaça, é um sinal de que as preferências do consumidor foram atendidas em dado momento.

Racionalmente, é fácil compreender que a capacidade de cada indivíduo decidir livremente o que é melhor para ele constitui a real força reguladora de mercado. Se uma empresa dominante falhar em continuar oferecendo valor superior, rapidamente ela será substituída por novos concorrentes mais eficientes.

Essa é a realidade dos mercados livres. Nos anos 2000, a BlackBerry era a empresa dominante no mercado de smartphones. Seus aparelhos eram sinônimo de qualidade e produtividade. Mas o mercado – diferentemente daquilo que muitos sabem e pensam – não é estático, e a Apple lançou o iPhone. Ele trazia a tela sensível ao toque, fazendo com que os consumidores migrassem voluntariamente para uma empresa que percebiam oferecer mais valor.

Tenham em mente que, quando o governo intervém para impedir que uma empresa alcance uma posição dominante, ele, na verdade, está protegendo os concorrentes menos eficientes. Claro, não os consumidores. Tal intervenção destrói a competição e desincentiva o esforço, a excelência e a inovação. O nefasto intervencionismo estatal passa a decidir quem deve vencer ou perder.

A intervenção nasce de uma premissa coletivista de que o sucesso de alguns representa uma ameaça para todos. A visão de que o abstrato coletivo está acima do indivíduo ignora que o valor econômico é criado por empreendedores excelentes para o benefício de todos.

O mercado é um processo de descoberta, e a verdadeira competição só pode existir em um sistema onde a liberdade individual, a propriedade privada e a soberania do consumidor sejam respeitadas. Há uma profunda relação entre competição e a atual – e tão aviltada – liberdade de expressão. A premissa básica é a de que o indivíduo é capaz de pensar, criar e agir por conta própria. No mercado, isso se traduz na liberdade de produzir, negociar e oferecer bens e serviços, e o consumidor é quem decide livremente se aquilo atende ou não a seus desejos e suas necessidades.

Na esfera das ideias, o processo é idêntico. Cada indivíduo deve ter o direito de pensar, articular suas ideias e apresentá-las ao público, cabendo a este aceitar, rejeitar ou debater tais ideias. Ambos os sistemas funcionam pelo processo de descoberta. No mercado, a competição determina quais produtos ou serviços são mais eficientes e desejados. No campo das ideias, o livre debate revela quais ideias são verdadeiras, lógicas ou moralmente corretas. Os “comuns” não compreendem que tanto a competição como a liberdade de expressão não são um jogo de soma zero, em que o sucesso de um representa a perda de outro. Quando ideias e produtos melhores prevalecem, toda a sociedade se beneficia.

É mister esclarecer: a intervenção estatal na economia e a peçonhenta censura partem da mesma filosofia coletivista e paternalista: a ideia de que existe uma autoridade superior que deve “proteger” a sociedade contra escolhas supostamente “erradas”, seja no mercado ou no pensamento. O preço da liberdade é a possibilidade do erro do indivíduo, mas o preço da intervenção é a certeza da estagnação e/ou retrocesso.

Sem dúvidas, o progresso e a excelência só podem emergir quando cada indivíduo tem a liberdade de tentar, errar, melhorar e competir! Quem deve ser valorizado é o indivíduo, não o abstrato coletivo.

A propósito, ocorreu recentemente a premiação do Oscar. Não achei justa e meritória a vitória do filme Anora. Pois é: quem escolhe o ganhador do Oscar são os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, não os consumidores…

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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