O plano desastroso de Trump: o presidente insiste em uma guerra comercial inventada
“Nenhuma nação jamais foi arruinada pelo comércio.” – Benjamin Franklin
Se existe um momento certo para lançar minha campanha MEGA — Make Economics Great Again (Tornar a Economia Grandiosa Novamente) — esse momento é agora.
Nunca testemunhei tanta desinformação sobre comércio exterior e globalização quanto durante o segundo mandato de Trump.
Eu avisei repetidamente que o presidente Donald Trump é um protecionista antiquado, muito parecido com os senadores Reed Smoot e Willis Hawley, que aprovaram a infame Tarifa Smoot-Hawley de 1930, que agravou a Grande Depressão.
Chamar a ordem executiva inconstitucional de Trump, que impõe uma taxa de 10% generalizada, de “Dia da Libertação” é pura neolinguagem estilo 1984. Duvido que alguém seja “libertado” por isso. Até mesmo os produtores domésticos de carros, aço e outros produtos enfrentarão custos mais altos, já que grande parte dos insumos para carros, aço e outros bens americanos vêm do exterior.
Jesse Watters, da Fox News, que atua como aliado fiel do presidente, afirmou que o “Dia da Libertação” representa uma “declaração de independência econômica.” Curiosamente, em 1776, Adam Smith publicou A Riqueza das Nações, que foi a verdadeira primeira declaração de independência econômica (escrita pouco antes de Thomas Jefferson redigir a Declaração de Independência Política). Nesse livro, o pai da economia moderna argumentou de forma eloquente contra o protecionismo e a favor do livre comércio. Seu livro foi verdadeiramente libertador, não o aumento massivo de impostos de Trump.
E vamos ser claros: as tarifas de Trump nada mais são do que aumentos de impostos, que serão pagos pelos produtores e consumidores americanos, não por estrangeiros.
Jason Furman, economista de Harvard e ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos, afirma com razão: “Comece pelo fato de que importações são boas, não ruins. Elas oferecem aos consumidores maior variedade, como abacates do México, preços mais baixos, como em carros da Coreia do Sul, ou maior qualidade, como champanhe da França. Empresas americanas conseguem oferecer produtos melhores a preços mais baixos e serem competitivas globalmente porque utilizam aço, peças automotivas e máquinas de precisão importadas. Além disso, importar esses itens nos permite dedicar mais da nossa produção e emprego a setores de maior produtividade e salários mais altos, como nas indústrias de exportação, por exemplo, aeroespacial e design de softwares.”
Outro fator importante que parece estar ausente no debate sobre a guerra comercial é que os carros americanos não escaparão do impacto das tarifas mais altas. Isso porque os carros dos EUA dependem de cadeias globais de suprimento complexas para os cerca de 30 mil componentes usados na fabricação de um automóvel, e 40% dessas peças vêm do exterior!
A cadeia global de suprimentos desempenha um papel significativo em toda a manufatura dos Estados Unidos. Wall Street está enviando um sinal claro de que a economia sofrerá com essa crise fabricada. Eu chamo isso de O Plano de Desastre de Trump: aumentar impostos!
Desde que Trump começou a impor tarifas sem critério, o mercado de ações já perdeu mais de 3 trilhões de dólares. A possibilidade de uma recessão e de um mercado em baixa está cada vez mais próxima — e tudo isso poderia ter sido evitado se o presidente entendesse o básico da economia e a lei da vantagem comparativa, ensinada nas universidades (ele provavelmente dormiu durante as aulas de economia em Wharton; Jeremy Siegel, professor veterano da instituição, chamou a guerra comercial de Trump de “insanidade total”)
Se há uma área sobre a qual a vasta maioria dos economistas concorda, é o apoio ao livre-comércio e à globalização. Se a intenção do presidente for, no fim das contas, reduzir tarifas e outras barreiras comerciais de todos os países, eu sou totalmente a favor. Mas, até agora, parece que estamos vendo exatamente o contrário.
Nossa Constituição está sob ataque. Sim, nossa democracia está em risco. Estamos vivendo tempos perigosos, em que apenas um homem — o presidente dos Estados Unidos — está tomando decisões políticas importantes sem aprovação do Congresso ou do público. Isso é antiamericano e, francamente, inconstitucional.
O Artigo I, Seção 8 da Constituição atribui ao Congresso — e não ao presidente — o poder de impor tarifas, tributos e cotas. A única exceção é em caso de emergência em tempos de guerra. Trump está fingindo uma situação — o comércio não é uma emergência nacional, especialmente quando se trata de nossos aliados.
O aspirante a rei da América chegou a cogitar a ideia de substituir o imposto de renda por tarifas de importação, como era no início da nossa república. Steve Forbes tem uma proposta melhor: um imposto de renda único e simples, que possa ser preenchido em um cartão-postal. É trágico que o presidente esteja gastando tanto tempo e energia com aumentos de impostos quando deveria estar focado em estender os cortes de impostos aos cidadãos americanos.
ALERTA ESPECIAL: A guerra comercial de Trump é tão relevante que estamos dedicando nosso Encontro Econômico Global, no FreedomFest deste ano, ao tema “O Debate Tarifário: O que a Guerra Comercial Significa para a Economia, os Empregos e o Mercado de Ações.” O debate acontecerá na manhã de quinta-feira, 12 de junho, no Centro de Convenções de Palm Springs, Califórnia. Haverá painelistas representando ambos os lados da questão.
O FreedomFest acontecerá de 11 a 14 de junho em Palm Springs, Califórnia. Para mais informações, acesse: www.freedomfest.com.
*Dr. Mark Skousen é “o Economista da América”. É Presidential Fellow e ocupa a Cátedra Doti-Spogli de Livre Iniciativa na Chapman University, na Califórnia. É autor do livro The Making of Modern Economics e editor-chefe da publicação Forecasts & Strategies (www.markskousen.com). Também é o produtor do FreedomFest (www.freedomfest.com).