Nem o vernáculo descreve a incompetência de Fernando Haddad
Não resta muita dúvida acerca da tragédia que é a estadia de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda. Aliás, desde a sua cogitação como responsável pelos rumos da nossa economia que eu avisei isso – não era necessário tanto gabarito para enxergar o óbvio, bastava recordar as suas experiências administrativas para tal. Além de incompetente e conflituoso, ele defende as ideias responsáveis pelo nosso eterno atraso como nação. É o suficiente para dar errado.
Pois bem, a derrota do governo Lula na votação da MP do IOF proporcionou o suprassumo de Haddad: mentiras, conflitos desnecessários, terceirização dos problemas e novas promessas de taxações. Não que isso me surpreenda, pelo contrário: o show de horrores é a regra nesta República das bananas. Ainda assim, com todos os defeitos que ela tem, suas regras merecem o devido respeito pelos agentes públicos. O ministro precisa recordar algumas delas.
Em primeiro lugar, aumentar imposto não beneficia a população pobre de maneira alguma. Ao contrário: quanto mais dinheiro arrancado da sociedade, mais distorções econômicas e menos produtividade – o resultado é catastrófico e nem é preciso explicar o porquê. Essa ladainha de que o pobre foi prejudicado com a derrubada da MP é de um cinismo ímpar. A real motivação, todos nós sabemos, é a busca desenfreada do governo por novas receitas para tapar o rombo que ele próprio criou no começo desta gestão com a famigerada PEC da Transição – além, é claro, de poder gastar à vontade para o presidente Lula conseguir a reeleição. Não foi isso que José Guimarães disse no ano passado? Aumentar imposto é bom apenas para quem tem a máquina na mão.
Outra coisa, ministro Haddad: pare de terceirizar a culpa de todas as desgraças do país ao Congresso Nacional. O senhor tem a caneta na mão, comanda uma pasta importantíssima para o país. Ficar choramingando toda vez que o parlamento não atende aos seus caprichos é coisa de criança mimada. Quando o Congresso aprova as pautas do governo, não há problema, mas basta uma negativa para a esquerda colocá-lo como ‘’inimigo do povo’’ e tutti quanti. Numa democracia, o Legislativo fiscaliza o Executivo e elabora as leis, e, se o governo o quer como parceiro, que trabalhe para isso através do diálogo e da negociação – sempre em termos pautados pela ética e pela decência, claro. Achar que uma pauta por si só merece ser aprovada sem esforço de convencimento algum é erro de amador no jogo político, e parece que o ministro nunca passou dessa fase.
Uma pequena digressão: colocar a culpa no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi genial: deu a ele uma força política inesperada e a responsabilidade de ter salvado o país de uma fria. Parabéns ao Planalto.
And by the way, Haddad nos brindou com mais uma pérola maravilhosa: o governo Bolsonaro não cobrou todos os impostos que mereciam ser cobrados. Ele, em novembro de 2025, continua culpando uma administração que acabou em dezembro de 2022 pelo desarranjo das contas públicas. Como já disse, o ministro adora terceirizar responsabilidades. Mas essa foi esplêndida: confessou que o ex-presidente não arrancou o couro – e os bolsos – da população ao querer arrecadar para tapar os rombos criados pelo próprio governo. Haddad quer defender a sua gestão ou fazer campanha para a oposição?
Outra regra de bom senso que o ministro deve recordar: mentir para a população não é um caminho digno de um homem público. Colocar na testa de quem não apoiou essa MP o carimbo de defensor de privilégios e das bets é mentira e deve ser exposto como tal. Taxar os ricos não garante arrecadação ou justiça tributária, pois eles contam com uma série de artifícios legais para escapar de tais tributações – o livro Considerações econômicas, sociais e morais sobre a tributação de Adolfo Sachsida dá mais detalhes acerca de tal panorama – e a conta sempre recai nas costas da classe média e dos mais pobres. Além disso, o relator da MP do IOF, Carlos Zarattini (PT-SP), retirou o aumento da cobrança sobre as bets. O Brasil tem muitos idiotas, fato, mas ele não é composto exclusivamente por eles, Haddad. Não nos trate como desinformados.
O resultado disso tudo? Uma economia capenga que dá todos os sinais de desaceleração, uma taxa de juros que inviabiliza investimentos e uma dívida pública que cresce de forma assustadora. O Estado brasileiro é inchado, ineficiente e com muito para cortar – o Judiciário sozinho responde por R$ 146,5 bilhões, quase dez vezes o valor da MP do IOF. Quem disse que Fernando Haddad quer mexer na casta mais privilegiada de todas? Sua pauta exclusiva é taxar a sociedade e alijar o setor produtivo.
Pois bem, o sujeito que taxa tudo e todos foi classificado como mais liberal em relação a Paulo Guedes pela senadora Soraya Thronicke (PODEMOS-MS). O país de Roberto Campos é o mesmo de Haddad e Thronicke. Nem o vernáculo pode descrever o tamanho dessa tragicomédia – nem a incompetência do atual ocupante da Fazenda.
*Carlos Junior é jornalista e articulista do Instituto Liberal.