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Não basta obstruir o comunismo; é preciso construir um novo Brasil

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O Brasil tem uma prioridade absoluta: impedir a volta dos comunistas ao poder. Com todos os olhares voltados para a desgraça na Venezuela, e com o PT e o PSOL oficialmente defendendo aquela ditadura assassina, não há mais desculpa para quem alega ser paranoia de “reacionário” temer um rumo similar em nosso país. É o que essa turma sempre desejou implantar no Brasil e quase conseguiu durante a era lulopetista.

Logo, obstruir o projeto totalitário de poder da extrema-esquerda deve ser o objetivo número um de qualquer pessoa razoável, decente e democrata. Na Venezuela não há mais espaço para debates civilizados, para discussões econômicas, para reformas. O país acabou, mergulhou no caos completo, numa guerra civil em que sobreviver passa a ser a única meta. Um estado hobbesiano do homem como lobo do homem, o resultado inevitável de todo experimento socialista: anarquia ou ditadura.

É nesse ambiente, e lembrando que o maior ícone desse projeto no Brasil ainda não foi preso, apesar de condenado, e que pretende concorrer nas eleições de 2018 e com chances reais de vitória, que ocorre o “debate” político pré-eleitoral. Coloco debate entre aspas porque, nesse cenário, há pouca paciência para se discutir propostas concretas, uma vez que a prioridade é impedir o mal maior, a volta de Lula ou do lulismo socialista.

Os potenciais candidatos, então, afinam seus discursos anti-Lula e anti-PT, cientes de que a população está cansada, indignada e preocupada com a possibilidade de impunidade e da volta ao poder dessa corja vermelha. Jair Bolsonaro é o nome mais evidente a capturar esse sentimento e, de fato, é aquele mais identificado como o anti-Lula. Mas João Doria, de olho em 2018, vem intensificando bastante seus ataques ao petista também, e foi esse o destaque da revista IstoÉ desta semana, com a seguinte sinopse:

Maior revelação da política brasileira dos últimos tempos, o prefeito de São Paulo deixa para trás os velhos hábitos do poder, foca na gestão de resultados, passa a ser reverenciado dentro e fora do Brasil e se consolida como o anti-Lula. Sua trajetória ascendente nos índices de preferência do eleitorado o credencia a qualquer coisa em 2018

Sobre essa reportagem de capa, comentei:

Sim, acho que a IstoÉ forçou a barra ao pintar Dória como o “anti-Lula”. É verdade que o prefeito tem tido a coragem de bater no marginal petista com uma determinação nunca antes vista nos meios pusilânimes dos tucanos. Mas é piada ignorar que, entre os potenciais candidatos que temos, Bolsonaro seja o verdadeiro anti-Lula. O problema, para um liberal com viés conservador como eu, é que não basta ser contra o PT. É preciso ser a favor de um modelo bom, liberal, eficiente. É preciso saber construir também, não só obstruir o inimigo. E é aí onde vejo o calcanhar de Aquiles do “mito”. Enquanto isso, o calcanhar de Aquiles de Dória é justamente ser do PSDB, não ter uma visão adequada dos riscos esquerdistas na área cultural, nos valores morais, na política de desarmamento da população, na agenda globalista e nas políticas identitárias dessa “marcha das minorias oprimidas”. Ou seja, uma MISTURA de ambos talvez fosse a melhor alternativa hoje. Mas ela não existe. Então seguimos apontando acertos e erros em cada lado, mesmo que isso signifique ataques virulentos de quem tem mentalidade tribal, binária, e só consegue enxergar “nós contra eles” o tempo todo…

E eis aí, basicamente, minha opinião sobre isso. Entendo aqueles que desconfiam de Doria, que até “ontem” não batia tão pesado no PT. Acho besteira o acusarem de “socialista fabiano” ou “cavalo de Troia”, apontando para seu partido como se ele fosse uma construção do establishment “socialista” para impedir a vitória da “verdadeira direita”, representada por Bolsonaro.

Doria é um empresário sem ideologia, pragmático, com bom senso, que entende de gestão. Os maiores obstáculos que enfrenta vêm do próprio PSDB, dos caciques do seu partido, e basta pensar nos ataques que andou recebendo de FHC ou de Goldman, da ala mais esquerdista dos tucanos. Doria não é de direita, mas tampouco é um esquerdista, menos ainda um disfarçado para enganar os eleitores e salvar o socialismo.

Mas uma coisa é verdade: falta a ele o devido conhecimento e embasamento para entender o que realmente está em jogo. Ele concentrou sua munição em Lula, mas não dá sinais de compreender que o inimigo é bem maior, que é toda a esquerda, inclusive gente do seu parido, e que a pauta não pode ser somente a gestão e a economia, uma vez que temos o aparelhamento socialista da nossa cultura em estágio bem avançado, um câncer em metástase.

É nesse sentido que a figura de Bolsonaro agrega: ao lembrar que o comunismo ainda não morreu, longe disso. Não se constrói uma nação, menos ainda uma nação próspera e livre, com base apenas no ataque aos seus maiores inimigos. Essa é uma etapa necessária, mas não suficiente, da mesma forma que a honestidade: é fundamental, mas não basta.

Derrotar os comunistas é questão de vida ou morte. Em seguida, será preciso construir um novo Brasil. O desafio que se apresenta é enorme, e receio que muitos liberais e conservadores não tenham noção do perigo. Muitos liberais desprezam a parte cultural, ridicularizam aqueles que falam em revolução cultural marxista ou globalismo, sem se dar conta da agenda esquerdista adaptada para o mundo pós-moderno. Mal sabem o que é a Escola de Frankfurt, e por isso bancam muitas vezes os idiotas úteis dos “progressistas”.

Por outro lado, muitos conservadores mais radicais ou nacionalistas pensam que derrotar o comunismo é tudo na vida, dando pouca atenção para a economia, mesmo num país com 15 milhões de desempregados e as finanças públicas em frangalhos, com um rombo em torno de R$ 600 bilhões por ano! De forma ingênua, parecem crer que basta colocar alguém honesto e nacionalista no poder que tudo irá se acertar, uma postura um tanto jacobina para o gosto de qualquer conservador burkeano.

Será possível juntar as duas coisas? Será viável unir o senso de urgência dos conservadores nacionalistas, que ao menos identificaram o verdadeiro inimigo, e o pragmatismo dos liberais, que entendem que é crucial recuperar a economia e atacar a raiz do problema, o excesso de estado no país? Difícil dizer. Há muita vaidade em jogo, sem falar da disputa pelo território político, que turva a razão e nem sempre desperta o melhor em cada um.

Mas é preciso manter a esperança, se quisermos sonhar com um Brasil não só livre dos comunistas, como no rumo certo do liberalismo econômico para alcançar a prosperidade.

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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Presidente do Conselho do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium (IMIL). Rodrigo Constantino atua no setor financeiro desde 1997. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), com MBA de Finanças pelo IBMEC. Constantino foi colunista da Veja e é colunista de importantes meios de comunicação brasileiros como os jornais “Valor Econômico” e “O Globo”. Conquistou o Prêmio Libertas no XXII Fórum da Liberdade, realizado em 2009. Tem vários livros publicados, entre eles: "Privatize Já!" e "Esquerda Caviar".

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