John Galt e a greve da mente
No romance A Revolta de Atlas, Ayn Rand apresenta John Galt como a personificação de sua filosofia objetivista, enfatizando a importância da razão, da produtividade e da liberdade individual para o progresso da sociedade. A trajetória de Galt ilustra como a negação desses valores fundamentais leva ao declínio social e econômico.
John Galt, engenheiro brilhante, testemunha a aplicação da ética coletivista na fábrica Motores Século XX, na qual trabalha. Ao ver que a empresa adota uma política que exige que os empregados trabalhem “de cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade”, Galt percebe que essa abordagem destrói os incentivos para a produtividade e recompensa a incompetência.
Decidido a não contribuir para uma sociedade que despreza a razão e pune a excelência, Galt inicia uma “greve da mente”. Ele busca atrair os indivíduos mais produtivos e criativos para se retirarem da sociedade, privando-a de suas mentes brilhantes. O objetivo de Galt é “parar o motor do mundo”, mostrando que, sem a contribuição desses indivíduos, a sociedade não pode prosperar.
Em um vale escondido, Galt e seus seguidores estabelecem uma comunidade baseada na liberdade individual, na propriedade privada e no respeito mútuo. Eles rejeitam a coerção estatal e a moralidade do sacrifício, vivendo de acordo com princípios que valorizam a razão e a busca pela felicidade pessoal.
O discurso de Galt no terceiro volume do romance é o ápice da exposição filosófica de Rand. Nele, Galt defende que o homem deve viver por si mesmo, guiado pela razão, e que o uso da força para obrigar alguém a servir aos outros é moralmente errado. Ele argumenta que a felicidade é o propósito moral da vida de cada indivíduo e que a liberdade é essencial para alcançá-la.
Galt afirma: “Num mundo que proclama a inexistência da mente, que justifica o império da força bruta, que castiga os competentes em favor dos incompetentes, que sacrifica os melhores em favor dos piores, num mundo assim, os melhores têm de se voltar contra a sociedade e se tornar seus piores inimigos.”
A “greve da mente” liderada por Galt demonstra o impacto devastador que a ausência de razão e liberdade tem sobre a sociedade. Sem os indivíduos que impulsionam a criação e a produção, a economia entra em colapso, e a qualidade de vida diminui drasticamente. A obra destaca que, quando a sociedade restringe a liberdade daqueles que criam e produzem, ela se condena à improdutividade e ao declínio.
Por meio de John Galt, Rand enfatiza que a razão é a ferramenta fundamental do homem para compreender o mundo e que a liberdade individual é indispensável para o exercício pleno dessa capacidade. A criatividade e a produtividade só florescem em um ambiente no qual indivíduos são livres para pensar, agir e perseguir seus próprios objetivos.
A Revolta de Atlas mostra que o progresso e a prosperidade dependem da valorização do indivíduo, da razão e da liberdade. Ao rejeitar a moralidade do sacrifício e a coerção estatal, os personagens de Rand escolhem construir suas próprias vidas, livres de restrições impostas artificialmente, demonstrando que a verdadeira riqueza de uma sociedade está na mente e nas ações de seus indivíduos.
*André Hemerly Paris é associado do Instituto Líderes do Amanhã.