Desdobramentos da guerra comercial de Trump
Trump não vai dizer que a guerra entre a Índia e o Paquistão é culpa do Biden? Que se ele fosse presidente, a guerra não teria iniciado? Mais uma fanfarronice retórica desmorona.
Mas quem se importa? A Índia e o Paquistão estão do outro lado do mundo. Falando em Índia, os indianos acabaram de firmar um acordo de livre comércio eliminando as tarifas alfandegárias de cerca de 90% dos produtos comercializados, com exceção dos produtos alcoólicos que tiveram suas alíquotas reduzidas à metade.
Não é o que você está pensando. A Índia não foi o primeiro país a assinar acordo com Trump. Esse acordo foi firmado com o Reino Unido, governado por um trabalhista. Até um esquerdista é mais afeito ao livre comércio do que o dono do Partido Republicano americano.
Ora, Trump não quer acordos comerciais. Ele quer zerar o déficit comercial para satisfazer um capricho desenvolvido com sua ignorância econômica e seu apetite autoritário. Ele vê o comércio como um jogo de soma zero.
Por isso, ele acha que quando um trabalhador americano compra um carro chinês pagando em dólares, os EUA estão perdendo. Como assim? O comprador americano entrega papel pintado pelo Tesouro Americano e recebe um bem, melhor e mais barato que os concorrentes, que vai melhorar sua vida e os EUA estão tendo prejuízo.
Déficit comercial não é prejuízo, é mera estatística. É como se eu calculasse o saldo da balança comercial entre mim e o supermercado. É claro que eu teria um déficit porque o supermercado não compra nada do que eu produzo. Mas isso não significa que eu tive um prejuízo só porque eu entrei com meu cartão de crédito no supermercado e saí de lá com tudo o que eu achava que melhoraria a minha vida.
Alguns dirão que Trump só está fazendo retórica. Que o que ele diz não pode ser levado ao pé da letra. Tentem explicar isso para os americanos quando as prateleiras do país começarem a parecer com as de Cuba ou da Venezuela, e os pequenos comerciantes e muitas fábricas acabarem fechando as suas portas.
