A retomada das universidades pela liberdade

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As universidades brasileiras, por décadas, foram palco de uma disputa desigual. Em vez de priorizar ensino de qualidade, ciência séria e a preparação dos estudantes para o mercado, elas se tornaram redutos de militância ideológica. Diretórios estudantis e entidades como a UNE, que deveriam defender os interesses dos alunos, converteram-se em braços auxiliares de partidos políticos, repetindo as mesmas bandeiras e discursos que nada têm a ver com a realidade prática de quem frequenta uma sala de aula. O resultado foi uma geração de estudantes desmotivados, que não viam propósito em participar da vida política universitária, pois sabiam de antemão que todo o espaço estava capturado.

Essa lógica, porém, começa a mudar. Surgiu um movimento de retomada que não se pauta pelo desejo de substituir uma hegemonia por outra, mas de devolver a universidade ao estudante comum. A chamada maioria silenciosa, formada por jovens que até então se abstinham, passa a votar e disputar eleições de diretórios com propostas que realmente fazem sentido. Já não se aceita que centros acadêmicos sejam utilizados como trincheiras ideológicas; cada vez mais, a cobrança é por gestão eficiente, prestação de contas e entrega de resultados concretos. O crescimento da Juventude Livre em diversas universidades é um sinal claro desse processo: no lugar de gritos de guerra partidários, oferecem palestras, eventos, oportunidades de estágio, cursos extracurriculares e pontes com o mercado. O estudante quer ser ouvido, mas, sobretudo, quer que sua vida acadêmica seja útil para sua trajetória pessoal e profissional.

Essa retomada ocorre em duas frentes. A primeira é a interna, protagonizada pelos próprios alunos. Ao perceberem que a omissão apenas fortalece os extremistas, muitos decidiram sair do silêncio e usar o voto como instrumento de mudança. Isso não significa que todos se transformaram em militantes de outro espectro, mas sim que passaram a exigir de seus representantes universitários algo mais do que palavras de ordem: querem serviços, querem capacitação, querem voz real. É o início de uma reapropriação democrática dos espaços acadêmicos.

A segunda frente é externa, com a entrada de empresários, profissionais e pessoas de boa índole na vida universitária. Por muito tempo, professores militantes dominaram a narrativa dentro da sala de aula, usando disciplinas para transmitir ideologia em vez de conhecimento. Hoje, essa hegemonia começa a ser confrontada por iniciativas que levam a experiência prática para dentro do campus. Empresários participam de programas de mentoria, profissionais de mercado promovem oficinas de capacitação, empresas organizam feiras de recrutamento e parcerias são criadas para que os alunos tenham contato direto com o mundo real. Esse movimento não apenas aproxima a universidade da sociedade, como também transmite valores morais de responsabilidade, disciplina e ética, mostrando que a vida profissional não é feita de slogans, mas de competência e caráter.

O contraste com a UNE e seus aliados é evidente. Enquanto essas entidades insistem em manter os estudantes cativos de uma agenda coletiva, que frequentemente serve mais a partidos do que aos próprios alunos, a nova onda estudantil busca autonomia, liberdade e pluralidade. Não se trata de instrumentalizar os centros acadêmicos em prol de outro partido, mas de libertá-los da lógica partidária. A universidade deve ser espaço de ideias múltiplas, não de hegemonia; deve ser campo de debate, não de doutrinação. A retomada que hoje se inicia tem esse caráter libertador: devolver ao estudante o direito de pensar por si, de escolher por si e de ser preparado para enfrentar os desafios do futuro.

É preciso lembrar que a retomada não se limita às urnas. A política não se faz apenas em eleições, mas diariamente na sala de aula, no diretório, nos corredores e nas atividades extracurriculares. Cada palestra organizada, cada evento de mercado, cada projeto acadêmico voltado para a prática representa uma vitória contra o conformismo e contra a tentativa de capturar a mente dos jovens. É nesse esforço cotidiano que se molda a cultura universitária e, por consequência, a cultura política de um país.

Esse movimento ainda é inicial, mas tem potencial transformador. Se a maioria responsável permanecer engajada, se empresários continuarem a abrir portas e se os alunos valorizarem mais a liberdade do que a militância, a universidade poderá reencontrar sua vocação original: formar cidadãos plenos, preparados para o mercado e conscientes de seus direitos e deveres. Porém, o alerta é necessário: se os bons se retirarem novamente, o vácuo será preenchido por aqueles que enxergam na universidade apenas um campo de batalha ideológica. A luta pela retomada, portanto, deve ser permanente, paciente e firme.

No fim, a retomada das universidades não é apenas um ajuste institucional. É uma batalha cultural em favor da liberdade. É a chance de transformar o ambiente acadêmico em um espaço de pluralidade genuína, onde cada estudante tem voz, cada professor é respeitado pelo seu conhecimento e cada curso cumpre sua missão de formar indivíduos competentes e livres. A universidade não pode continuar sendo cativa de narrativas políticas ultrapassadas. Sua verdadeira missão é preparar mentes livres, e a liberdade, mais do que qualquer soberania partidária ou nacional, é o que deve guiar essa nova era.

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João Loyola

João Loyola

Formado em administração pela PUC Minas e em Gestão de Seguros pela ENS, Pós-Graduado em Gestão Estratégia de Seguros pela ENS, é sócio sucessor da Atualiza Seguros, trabalha no programa Minas Livre para Crescer na Secretaria de Desenvolvimento Econômico de MG e é associado do IFL-BH.

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