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A indignidade da “cura gay” e a lembrança dos antigos regimes totalitários

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Semana passada tomou corpo em nossa mídia a decisão de um juiz federal que resolveu permitir que psicólogos atendam pacientes gays insatisfeitos com a sua escolha sexual. O termo utilizado pela mídia enviesada e apressada foi “cura gay”, que nada mais é do que um jargão criado e desenvolvido pela própria esquerda para manipular a opinião pública em favor de sua causa igualitária. Quem é a favor da “cura gay” é preconceituoso, caso contrário não.

De outra parte, existe um grupo que pode ser considerado contrário às causas progressistas e é conservador em costumes. Esse grupo também pode ser tido como avesso às bandeiras sempre defendidas pela esquerda, mas que, por um outro motivo, também deve ser repreendido na execução desmedida ou inconsciente de seus intentos. Fazem parte, ao meu ver, nessa união de objetivos, aqueles que violam a dignidade da pessoa humana e degradam homossexuais e transexuais. Para mim, não há diferença em nada dos militantes de esquerda, porque o ethos se vale das mesmas armas que eles (o maniqueísmo que redunda em ódio, raiva, incompreensão, ausência de diálogo, etc.). É certo que existem gays e homossexuais militantes que não sabem diferenciar uma legítima manifestação em público de um crime que lesa o pudor. Mas nem por isso se pode dizer que todos os gays são assim. Há que se diferenciar o joio do trigo, em ambos os lados, diga-se de passagem.

Então, direciono o presente texto para ambos, posto que, creio, ambos erram em feio o alvo da controvérsia. Ora, o ataque não há de ser direcionado à pessoa do homossexual, só porque ele se difere dos heterossexuais. O alvo é a esquerda ou o socialismo. O alvo é o movimento que acoberta essa luta de indivíduos, faz dela a sua bandeira política e não quer ver mais ninguém em paz. Retroalimenta o conflito social. Claro que existe preconceito e desigualdade social, mas nem por isso se pode dizer que tais problemas sociais existem a toda hora e em qualquer lugar, em qualquer um. Muito menos há preconceito em quem se dispunha a defender valores civilizatórios ocidentais, humanitários. É de se acreditar que o preconceito não possui essa intensidade toda como quer fazer crer a esquerda. Não é onipresente, resumindo.

Assim, não se pode enxergar apenas as pessoas dos defendidos e a dos defensores, como se cada qual fosse por si só suficiente para definir quem é o bom e quem é mau, o bandido e o mocinho, quem é Deus e quem é o diabo na história. Existem balizas, rotas, direções, caminhos, e até mesmo destinos a serem seguidos nesse embate que virou político, e eles são claramente objetivos. Há que se ter em consideração a pessoa humana e seus atributos morais, não apenas físicos, não havendo margens para subjetivismo. Ora, a dignidade do indivíduo tem a sua razão de ser numa forma teológica de enxergar o ser humano. Este é criação divina em imagem e semelhança do criador. Se olharmos a dignidade só pela vontade, chegaremos ao indefensável e injustificável ponto de termos alguns considerados humanos e não humanos, como já aconteceu em um passado sombrio da história de genocídios. Só por isso já se pode dizer que a vontade não é substituta da razão humana, não podendo ditar a regra moral absoluta em detrimento da natureza humana. O valor do indivíduo é intrínseco ao ser, sem subjetivismos ou valorações externas a ele.

A busca desse homem perfeito, a procura por essa purificação humana, por essa aspiração utópica absolutista, com requintes de engenho humano e social, revela inescondíveis fatos desumanos praticados com esse intento idealizado, onde o último reduto pode ser, de novo, os campos de concentração, a exemplo de Auschwitz. Pode ocorrer de novo aquilo que Hannah Arendt chamou de “tempestades ideológicas” de um século sem igual em violência, hubris, crueldade e sacrifícios humanos” (O diabo na história, de Vladimir Tismaneanu, Vide Editorial). Na mesma obra, o culto frenético do “homem novo”.

Em O livro negro do comunismo vemos milhões de corpos espalhados em alguns cantos do planeta, em nome do homem perfeito, ou ser humano engenhosamente construído. O problema é que, desde que a razão substituiu a transcendência, “as lições que aprendemos…”, comparando o comunismo com o fascismo, “tem um sentido universal, quase eterno, para qualquer sociedade que deseje evitar uma descida desastrosa na barbárie e formas genocidas de extermínio.” (O diabo na história). Lições de um passado sangrento em nome de regimes totalitários, como o leninismo, demonstradas por O livro negro do comunismo, revelam que tais utopias eram inimigas da dignidade da pessoa humana e os direitos humanos, mesmo que essas eram as bandeiras sempre levantadas por tais regimes opressores e mortais contra os tais inimigos “objetivos”.

Em vez de se buscar o homem perfeito ou ideal, por que não buscar o homem, simplesmente, feliz? Mensagem que nos deixou Bertran Russel, em A conquista da felicidade. Pergunto isso porque há o risco de, novamente, haver o credo da ubiquidade de novos “adversários maléficos”, reputados prescindíveis para a formação de uma comunidade perfeita (O diabo na história), ou o reavivamento do mito das populações supérfluas dos tempos do comunismo.

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Sergio de Mello

Sergio de Mello

Defensor Público do Estado de Santa Catarina.

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