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Talvez seja a hora de admitir que o governo Bolsonaro é mais competente do que imaginávamos

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O acerto bilateral entre Mercosul e União Europeia se arrasta desde 1999 e muitas tratativas diplomáticas e econômicas já foram feitas desde então. Sendo assim, não podemos creditar somente ao governo Bolsonaro os louros dessa conquista de abertura ao livre mercado europeu; devemos dividi-la, em especial, com o governo Temer que desde 2016 vinha fazendo a reaproximação dos blocos.

Mas o mérito do ajuste das tratativas econômicas, assim como o consenso político alcançado com os burocratas europeus — as últimas barreiras que restavam —, essas sim são conquistas deste governo que agiu com um brilhantismo político e econômico que eu sinceramente não imaginava que ele possuía. Em especial devemos destacar o suprimido e sempre atacado chanceler Ernesto Araújo, que amenizou as tensões políticas após as farpas de Bolsonaro direcionadas à Merkel e Macron; e o louvável e desconhecido Marcos Troyjo, secretário de comércio exterior do governo — denominado pelos interlocutores do governo como “o grande articulador” técnico que conduziu os meandros econômicos à harmonia das partes. O acordo, segundo o Ministério da Fazenda, pode quadruplicar a renda de exportações que o Brasil ostenta hoje.

Agora, dizer que os governos de Dilma e Lula estavam buscando o livre comércio com a Europa, aí vocês também estão brincando com a minha cara. Quais os avanços nessa negociação foi perpetrado pelos governos de Lula e Dilma? Muitos analistas estão falando que há, mas nenhum, até o momento, citou algum. Bolsonaro deu uma aula excepcional de diplomacia e liderança de blocos, já que no encontro representou tanto Mercosul quanto BRICS.

Além dos acordos já anunciados, é muito provável que conversas com o Primeiro Ministro japonês e com o presidente da Rússia garantam mais acordos econômicos paralelos para produtos específicos. Mas agora vamos efetivamente aos números do acordo:

Produtos como o suco de laranja e o café, cujo Brasil é a referência mundial de fabricação e exportação, terá taxa 0% de juros de exportação nos países do bloco europeu. O que significa, em breves palavras, que o Brasil será o principal parceiro da Europa nesses e em outros itens, já que a extinção das taxas trará o barateamento dos produtos de imediato. Os empregos no bloco industrial tendem a crescer exponencialmente, tanto pela expectativa da própria indústria quanto das terceirizadas que municiam tal ramo. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) “considera o acordo entre Mercosul e União Europeia o mais importante acordo de livre comércio que o Brasil já firmou”; a União Europeia já afirma que o acordo é o segundo maior firmado na história do bloco; até mesmo o embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, comemorou o resultado da negociação.

A tendência é adicionar no Brasil o montante de 113 bilhões de dólares em até 10 anos, triplicando as expectativas dos resultados atuais; somente na área agrícola o ganho será de 9,9 bilhões de dólares em 10 anos, um aumento de 23,6%, podendo gerar 778,4 mil vagas de emprego. Além de tudo isso, acordo entre Mercosul e União Europeia garantiu — em cláusula firmada — 25% do mercado mundial aos produtos brasileiros — lembrando que o Brasil exporta inúmeros produtos —; e tem mais ainda, em até 15 anos, 90% das barreiras tarifárias entre Brasil e Europa terão sido extintas, dando ao Brasil lucros ainda incalculáveis. Definitivamente é o maior acordo econômico da história do Brasil desde Cabral.

Parabéns à equipe liderada pelo Chanceler Ernesto Araújo, que inclui a Ministra da agricultura Tereza Cristina e o secretário de comércio exterior Marcos Troyjo; parabéns também à reaproximação conduzida pelo ex-presidente Michel Temer e toda a sua equipe de relações exteriores e econômica.

Apesar da sensação de que o acordo foi findado após — e por causa — de uma longa e exaustiva negociação de 20 anos, o fato é que nenhum avanço real se fez conhecer através governos anteriores a Temer. Segundo a matéria do Estadão, havia mais afastamentos entre os blocos do que aproximações, principalmente a partir de 2004. A primeira investida real de negociação — ocorrida em 2004 mesmo — frustrou ambas as partes e, em 2010, se repetiu novamente o mesmo cenário; o que fez as negociações serem praticamente abandonadas por ambas as partes. Foi somente em 2016, com um governo menos burocratizador e fechado ao capitalismo, que as conversas voltaram a fluir. Com o governo Bolsonaro, abertamente pró-mercado, a União Europeia viu a chance de conseguir a concessões esperadas, assim como negociar as aberturas exigidas pelo bloco sul-americano.

No ramo da política externa — que inevitavelmente atravessa as negociações econômicas —, confiar nos pressupostos ideários de um governo é algo mais importante do que a nossa vã análise imagina. Será que foi por acaso que o acordo bilateral só foi finalizado após o afastamento da Venezuela do Mercosul?

Ao contrário do que analistas vêm afirmando, eu realmente creio que grande parte do sucesso dessa negociação foi sim uma vitória do governo Bolsonaro que, não só liderou as negociações pelo lado sul-americano, como reafirmou a posição brasileira como líder geopolítico da região. Sem precisar de longas divagações, podemos conjecturar que, se o presidente brasileiro fosse Fernando Haddad, nem a Europa e nem muito menos Japão e EUA se sentiriam tendentes a firmar acordos bilaterais na área econômica com o Brasil. É claro que, o recuo de Bolsonaro frente ao acordo climático de Paris também foi decisivo e inalienável para o acerto econômico; grandes políticos devem também saber a hora de recuar e abaixar as orelhas. E aqui eu coloco “o meu na reta”, pois afirmei que Bolsonaro não deveria recuar frente a prepotência de Macron e Merkel em interferir em nossa política ambiental; eu errei.

Pois bem, quando Bolsonaro erra, geralmente jogamos pedras e impropérios nele, confesso que eu também jogo. Porém, quando ele e sua equipe acertam, ficamos quietos ou legamos o sucesso do acordo de ontem a uma filantropia europeia? A um acaso injustificado do mercado, como afirmou Celso Amorim? O fato é que o ex-ministro das Relações exteriores do governo Lula fracassou, passou 8 anos no Ministério e nada avançou nas negociações com o bloco europeu. Essa é a sensação da ressaca causada pelo fracasso, ex-ministro.

Para muitos comentaristas políticos, elogiar o governo que firmou o maior acordo econômico da história brasileira é o mesmo que ser “bolsonaristas”, “bolsominion” “gado”? Hoje, para mim, isso é tão somente sinceridade analítica.

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Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.

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