O papel fundamental do agronegócio na economia brasileira e sua conexão com o liberalismo econômico
O agronegócio é, há décadas, um dos pilares mais sólidos da economia brasileira. Responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto, pelas exportações e pela geração de empregos, o setor se destaca como um dos mais dinâmicos e resilientes da economia nacional. Sua relevância não está apenas nos números expressivos, mas também em seu papel estratégico na inserção do Brasil no comércio internacional. Ao analisarmos esse protagonismo à luz do liberalismo econômico, é possível entender como políticas baseadas na redução da intervenção estatal e na valorização do livre mercado contribuíram e ainda contribuem para o crescimento do setor.
O agronegócio como motor econômico
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o agronegócio representou 24,8% do PIB brasileiro em 2023, demonstrando sua importância estrutural para a economia nacional. Além disso, o setor respondeu por mais de 40% das exportações brasileiras no mesmo ano, com destaque para a soja, milho, carne bovina e açúcar, segundo dados do Ministério da Agricultura.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, em entrevista à Agência Estado, destaca que “o agronegócio foi o principal motor de crescimento da economia brasileira nos últimos anos, principalmente devido à sua capacidade de adaptação tecnológica e ganho de produtividade”.
Além de movimentar grandes volumes econômicos, o setor tem papel fundamental na geração de empregos diretos e indiretos, especialmente em regiões do interior, contribuindo para o desenvolvimento local e a redução de desigualdades regionais.
Liberalismo econômico e o agronegócio
O liberalismo econômico, defendido por pensadores como Adam Smith e Friedrich Hayek, propõe que o progresso econômico depende da liberdade de mercado, da livre iniciativa e da limitação da intervenção estatal. Como afirma Smith, “não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm por seus próprios interesses”.
No contexto brasileiro, as políticas de abertura econômica iniciadas na década de 1990 e aprofundadas nos anos 2000 permitiram uma maior integração do agronegócio ao mercado global. Como observa Marcos Jank, especialista em comércio internacional do agro, “o setor soube se adaptar ao ambiente de competição internacional, tornando-se um dos mais eficientes do mundo em custo-benefício”.
Essas transformações se alinham ao pensamento liberal. A redução de barreiras comerciais, a desregulamentação de mercados e o incentivo à iniciativa privada permitiram que produtores aumentassem sua produtividade e competitividade. A entrada de capital privado, inclusive estrangeiro, no setor rural é um reflexo direto dessa lógica liberal.
Desafios e oportunidades
Apesar do sucesso, o setor ainda enfrenta desafios estruturais. Problemas de logística, alta carga tributária, insegurança jurídica sobre terras e barreiras comerciais impostas por países desenvolvidos são obstáculos que limitam seu crescimento. Para superá-los, uma agenda econômica liberal, focada na desburocratização, redução de impostos e fortalecimento da segurança jurídica, é fundamental.
Segundo o economista liberal Paulo Uebel, “o Brasil precisa criar um ambiente mais amigável ao empreendedorismo rural, com menos burocracia e mais previsibilidade nas regras do jogo”. Isso é particularmente importante para atrair novos investimentos e estimular a inovação tecnológica no campo.
Além disso, há uma crescente pressão internacional por sustentabilidade. O agronegócio brasileiro, especialmente em se tratando dos grandes exportadores, tem se adequado às exigências ambientais, respeitando o Código Florestal e investindo em práticas sustentáveis. Como ressalta a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, “a sustentabilidade é hoje uma vantagem competitiva do agro brasileiro no mercado internacional”.
Conclusão
O agronegócio brasileiro é, sem dúvida, um dos maiores ativos econômicos do país, representando sua força produtiva, capacidade de inovação e protagonismo no comércio global. Quando alinhado a princípios do liberalismo econômico como a liberdade de mercado, segurança jurídica e incentivo à competitividade, o setor encontra ainda mais espaço para se desenvolver e se consolidar como motor do crescimento nacional. A continuidade de políticas que promovam esse ambiente favorável ao empreendedorismo rural será essencial para que o Brasil mantenha sua posição de liderança no cenário agrícola mundial.
*Isaías Fonseca é associado I do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.