Brasil ocupa apenas a 117ª posição no mais recente Índice de Liberdade Econômica

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Pela 31ª vez consecutiva, a Heritage Foundation publicou o Índice de Liberdade Econômica, também conhecido como “Ranking do Capitalismo.”

O Índice declara: “A pontuação de liberdade econômica do Brasil é de 55,1, fazendo com que sua economia seja a 117ª mais livre no Índice de Liberdade Econômica de 2025. Sua avaliação subiu 1,9 ponto em relação ao ano passado, e o Brasil está classificado em 25º lugar dentre 32 países na região das Américas. A pontuação de liberdade econômica do país é inferior às médias mundial e regional. A economia do Brasil é considerada “majoritariamente não livre”, de acordo com o Índice de 2025. Fundamentos mais sólidos de liberdade econômica continuam sendo essenciais para garantir um futuro econômico melhor. As pontuações do Brasil em relação à corrupção e aos direitos de propriedade são relativamente baixas, e o sistema judiciário ainda é vulnerável à influência política. A presença do Estado na economia continua dificultando o desenvolvimento de um setor privado mais dinâmico. Apesar de alguns avanços, o processo para organizar novos investimentos e atividades produtivas ainda é complicado e burocrático. Abrir ou encerrar uma empresa no país continua sendo caro e demorado. Regras trabalhistas rígidas seguem prejudicando o crescimento do emprego e da produtividade.”

Ao contrário do que afirmam os anticapitalistas, este estudo sobre o estado da liberdade econômica em 184 países prova que mais liberdade econômica, e não mais regulação estatal ou ajuda ao desenvolvimento, é o único meio eficaz de combater a destruição ambiental e a pobreza.

Essa conclusão é reforçada por uma comparação do Índice de Liberdade Econômica com outros índices econômicos, como o Índice de Desempenho Ambiental da Universidade de Yale. Os países classificados como “Livres” ou “Majoritariamente Livres” no Índice de Liberdade Econômica apresentam uma média de 61,1 pontos no Índice de Desempenho Ambiental — valor significativamente superior à média de 40,6 registrada pelos países classificados como “Reprimidos”.

Acima de tudo, a pobreza é um problema nos países economicamente não livres, como mostra a comparação entre o Índice de Pobreza Multidimensional das Nações Unidas (que abrange 104 países em desenvolvimento) e o Índice de Liberdade Econômica. Nos países em desenvolvimento classificados como majoritariamente livres ou moderadamente livres, a taxa de pobreza é de 1,8%. Em contraste, nos países classificados como majoritariamente não livres ou reprimidos, a taxa de pobreza chega a 15,7% — quase nove vezes maior.

Raramente um país sobe tantas posições no Índice de um ano para o outro como aconteceu com a Argentina. Ocupando o 124º lugar entre 184 países, a Argentina ainda está no grupo dos países considerados “Majoritariamente Não Livres”. No entanto, no Índice do ano passado, o país estava na 145ª posição — ou seja, subiu 19 posições em relação ao ano anterior. Suspeito que essa melhora teria sido ainda maior se a coleta de dados para o Índice não tivesse terminado em junho de 2024. A rápida ascensão da Argentina pode ser atribuída às reformas econômicas de Javier Milei, que inicialmente causaram um aumento temporário na pobreza, mas depois resultaram numa redução significativa.

A ascensão da Argentina no índice superou até mesmo a do maior destaque do ano anterior, o Vietnã, que havia subido 13 posições no ranking de 2024 em relação a 2023.

Em uma comparação de longo prazo desde 1995, o Vietnã acumulou um ganho de 23,5 pontos — mais do que qualquer outro país de tamanho comparável no mundo (os Estados Unidos, por sua vez, perderam mais de 6 pontos no mesmo período). Embora o Vietnã tenha conseguido avançar mais 2,4 pontos neste ano em relação ao ano anterior, em termos relativos ficou apenas na 61ª posição entre 184 países. Na região Ásia-Pacífico, o país ocupa o 11º lugar entre 39 países. A pontuação de liberdade econômica do Vietnã é superior às médias mundial e regional. De acordo com o Índice de 2025, a economia vietnamita é considerada “moderadamente livre”. “Aproveitando sua integração gradual ao sistema global de comércio e investimentos, a economia do Vietnã está se tornando cada vez mais orientada para o mercado. No entanto, apesar da privatização parcial das empresas estatais, da liberalização do regime comercial e do crescente reconhecimento dos direitos de propriedade privada, deficiências institucionais ainda desestimulam um desenvolvimento mais sustentável.”

O Vietnã mais uma vez demonstra a relação entre liberdade econômica e pobreza. No início da década de 1990, quase 80% da população vietnamita vivia na pobreza, segundo dados do Banco Mundial, enquanto hoje esse número caiu para menos de 4% (Fonte: https://www.worldbank.org/en/country/vietnam/overview). Será interessante observar qual será o impacto da reestruturação radical do aparato estatal, recentemente anunciada pelo Vietnã, em sua posição no Índice do próximo ano.

Observando o Índice como um todo, pouca coisa mudou entre os países do topo e da base do ranking. Assim como no ano anterior, os países mais economicamente livres são Singapura, Suíça, Irlanda, Taiwan e Luxemburgo, enquanto Venezuela, Cuba e Coreia do Norte continuam ocupando as últimas posições da lista.

Em conjunto com o Índice, também é interessante analisar os padrões de migração de refugiados: em sua maioria, os refugiados fogem de países com menor liberdade econômica para países com maior liberdade econômica. Segundo dados do ACNUR, oito milhões de pessoas fugiram da Venezuela socialista nos últimos anos (Fonte: ). Somente países em situação de guerra registraram um êxodo maior de pessoas. Além disso, 90% das pessoas que permaneceram na Venezuela vivem na pobreza.

Será interessante observar o Índice do próximo ano. Neste ano, os Estados Unidos ocuparam a 26ª posição, um resultado relativamente baixo. Isso significa que 16 países europeus superam os EUA em termos de liberdade econômica. No entanto, isso não deve ser interpretado como um endosso aos países europeus, onde a liberdade econômica também está cada vez mais ameaçada. A posição mais baixa dos EUA se deve, principalmente, ao seu altíssimo endividamento nacional, que é um dos 12 critérios utilizados pelos autores do Índice para classificar os países. Sem uma reversão nessa tendência da dívida pública, os Estados Unidos terão dificuldade para melhorar significativamente sua colocação.

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Rainer Zitelmann

Rainer Zitelmann

É doutor em História e Sociologia. Ele é autor de 26 livros, lecionou na Universidade Livre de Berlim e foi chefe de seção de um grande jornal da Alemanha. No Brasil, publicou, em parceria com o IL, O Capitalismo não é o problema, é a solução e Em defesa do capitalismo - Desmascarando mitos.

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