A deusa confiança

Print Friendly, PDF & Email

O grande Adam Smith já afirmava que “a confiança é o motor oculto do progresso econômico”. Em sua ausência, as relações comerciais não prosperam no longo prazo. A conduta adequada de uma pessoa, na opinião de outras, é fundamental para se estabelecerem relacionamentos comerciais sólidos e duradouros.

Confiança se baseia em relacionamentos comerciais que são reforçados – ou diminuídos – por ações relacionais bilaterais. Confiança é o sentimento de certeza e segurança de uma parte na integridade de outra, associado a honestidade, responsabilidade e competência. Dito de maneira complementar, a reputação positiva de um parceiro é um ativo fundamental para se concretizar negócios.

Sempre que há uma interação comercial entre um vendedor e um potencial comprador, um sinal vermelho vem à mente deste último, uma vez que ele não conhece e não confia no vendedor. Portanto, ainda não se estruturaram as condições básicas e necessárias para o desenvolvimento de confiança entre as partes. Somente a partir de um diálogo franco e aberto, em que o vendedor, genuinamente, preocupa-se em identificar e resolver o problema do cliente, estabelecendo conexões emocionais, a partir de uma escuta ativa, é que um cliente em potencial iniciará a confiar na relação.

A capacidade e a sensibilidade de persuasão do vendedor e sua narrativa confiável farão com que o potencial comprador declare seus problemas, desejos e aspirações. Além disso, permitirão que o vendedor contorne mais assertivamente as possíveis objeções de vendas.

Confiança não se compra na prateleira; é necessário que se desenvolva e seja testada ao longo das transações comerciais, em especial, em situações difíceis. É mandatório cumprir todas as promessas realizadas, mantendo o comprometimento com a palavra dada, ou seja, com os requisitos negociados em um determinado acordo.

Raramente, uma organização se encontra sozinha em um negócio (monopólio). Os mercados parecem ser cada vez mais turbulentos, e a competição ainda mais intensa. Para vencer as ofertas concorrentes, a construção de confiança entre vendedor-comprador, não há dúvidas, é essencial, passando a ser um diferencial competitivo de uma organização vis a vis aos seus concorrentes.

Evidente que um vendedor necessita conhecer aquilo que vende e, seguramente, as técnicas de vendas, utilizando-se, de maneira adequada, dos gatilhos mentais, a fim de estimular e influenciar a tomada de decisão de compra. No entanto, atualmente, tais técnicas se disseminaram, sendo amplamente empregadas por vendedores. Nesse contexto, a forma da abordagem, buscando primeiro compreender e ofertar benefícios e uma solução para os problemas dos clientes, precisa estar agregada à atitude e à capacidade do vendedor em persuadir compradores potenciais a confiar nele.

A confiança no vendedor passa a ser um ativo diferenciado crucial para se estabelecerem, desenvolverem e se manterem relacionamentos colaborativos e lucrativos de longo prazo entre organizações. A confiança, algo imaterial, deve ser materializada por meio do cumprimento das promessas, da resolução de conflitos de forma colaborativa e da capacidade da organização de servir bem ao cliente, ajudando-o a alcançar maiores e melhores resultados, segundo seus objetivos.

O processo de construção de confiança entre vendedor-cliente, embora negligenciado, é um diferencial competitivo que agrega enorme valor entre as partes envolvidas. Quando há legítima confiança entre as partes, a ocorrência de eventuais falhas do fornecedor é examinada como “ossos do ofício” e tratada sob a ótica da colaboração, de forma mais compreensiva, tornando-se, inclusive, oportunidades para descoberta de melhorias nos processos em que interagem vendedor-comprador.

Sob a face da reputação positiva do vendedor-fornecedor, surgem grandes avenidas para ampliação de canais de vendas do fornecedor. A confiança no vendedor, por meio de sua ampla satisfação e resultados superiores, atua como uma fonte inestimável de recomendação a outras pessoas e organizações, auxiliando como o gatilho da aprovação social e impactando as referências positivas que o comprador passa a prover.

Um efetivo relacionamento de longo prazo, embasado na confiança entre as partes, faz com que o comprador compre repetidamente da organização, deixando de “leiloar” suas necessidades, por acreditar que seus preços de compra são competitivos e, claro, reduzem seus custos de transação.

A confiança só se constrói ao longo do tempo das interações comerciais. É um ativo estratégico que poucos possuem. Não se trata de verbalizar e sim de prometer, de cumprir e de melhorar/inovar. Reputação e confiança, definitivamente, “não se acham na esquina”. Trata-se de uma longa e dura jornada para ser identificado como um vendedor, um parceiro confiável. Competência, integridade e foco genuíno no cliente são componentes indispensáveis para a construção de confiança e reputação positiva de um vendedor.

Minha convicção é a de que para ser competitivo atualmente, “a alma do negócio” não está em publicizar, mas, de fato, em ser confiável. E vale muito a pena!

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

Pular para o conteúdo