Brasil da farsa: desemprego, educação e ideologia em crise

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Estive em um bar em Porto Alegre, um daqueles bares “cool”, frequentado por quem se acredita intelectual, politizado, moderno. Entre conversas, uma pizza e um tinto honesto, meus olhos pousaram em duas senhoras, mais do que balzaquianas, provavelmente na faixa dos 60 e poucos anos, vestindo roupas que tentavam devolver-lhes juventude. Para minha surpresa — espanto não surpreendente —, ambas exibiam adesivos de “Palestina Livre” no peito, como se aquilo conferisse relevância intelectual ao engajamento político.

Não são apenas os jovens no Brasil que não leem, não pensam e repetem surradas frases feitas; são também adultos, supostamente “intelectuais”, em busca de pertencimento social, que permanecem presas — e presas fáceis — de narrativas grotescas e farsas ideológicas. Não conhecem história, não dominam o português, não conseguem escrever um parágrafo sem erros e certamente não são adeptas do exercício da reflexão crítica.

Mas eu engoli em seco… era sábado. Uma conversa boa, um tinto honesto. Pensei comigo: em que país vivemos? O país da farsa, do triunfo da ignorância, da hipocrisia e da mediocridade. É nesse país das narrativas populistas, da ideologia do fracasso, do coletivismo, que reinam mentiras e manipulações. Nesse contexto, lembrei da tortura que o IBGE realiza com os dados de desemprego, obrigando-os a confessar o que a ideologia deseja. Este desgoverno anuncia orgulhosamente uma taxa de 5,6%, a mais baixa da história. Uma farsa estatística, mal-usada e calculada desconsiderando a efetiva população economicamente ativa. Milhões de brasileiros, mais de 40%, vivem de programas sociais como o Bolsa Família e não entram nessa conta. O resultado é um mercado de trabalho saudável nas planilhas, mas miserável na vida real.

Os números reais denunciam a ilusão. Os pedidos de seguro-desemprego triplicaram, a inadimplência atinge níveis recordes. É dureza… comemorar a taxa oficial é como aplaudir um truque de mágica, ignorando a crise que milhões enfrentam na realidade cruel.

Esse desastre real e moral me remeteu à educação brasileira. O verdadeiro desastre estrutural que forma cidadãos incapazes de leitura crítica e reflexão autônoma. Educação verdadeira, como formação de espírito, infelizmente vem de berço. O ensino brasileiro é, de fato, uma catástrofe. Segundo o PISA, o Brasil ficou em 44º entre 56 países, com média de 23 pontos em escala de 0 a 60, abaixo da média da OCDE de 33 pontos. Apenas 10,3% atingiram níveis elevados de desempenho criativo, enquanto 54,3% não alcançaram o mínimo esperado. Mais da metade dos jovens não consegue interpretar textos, escrever um parágrafo sem erros ou refletir criticamente. Não leem, não pensam, repetem slogans, tornam-se, como aquelas senhoras do bar, presas fáceis da manipulação ideológica.

No mercado de trabalho, a situação é ainda mais absurda. A chamada cultura woke nas empresas valoriza pertencimento ideológico sobre competência técnica. Jovens sem capacidade de interpretação são celebrados por repetir narrativas, enquanto quem se prepara tecnicamente enfrenta discriminação e exclusão. O corolário é incompetência, conformismo e vulnerabilidade social perpetuados.

A republiqueta vermelha, verde e amarela vive uma tríade perversa. Temos desemprego mascarado, educação falida e cultura woke corporativa, que adentrou os últimos redutos do ambiente empresarial, premiando conformismo, discriminando e penalizando competência. Pois é, o óbvio “lulante”.  Quem não lê, não pensa; quem não pensa, aceita ilusões; quem aceita ilusões reproduz um ciclo de manipulação política, econômica e social que, claramente, vem comprometendo o futuro da nação. Não são apenas os jovens; essa lógica reverbera por toda uma vida, como aquelas duas senhoras do bar que me fizeram engolir em seco, mas, ao mesmo tempo, rir comigo mesmo.

É mesmo o país da farsa, da celebração de estatísticas torturadas, que ignora o que realmente importa, isto é, a capacidade do indivíduo de estudar, trabalhar, pensar criticamente, interpretar honestamente e agir com autonomia.

Farsa. Os números são fabricados, mas o que precisamos é “fabricar” cidadãos capazes de questionar, refletir e recusar tal farsa e a ilusão. A cereja do bolo veio de imediato, com o anúncio do título de Doutor Honoris Causa para Lula na Malásia. Repugnante, para ser econômico. Celebra-se pomposamente um título que expõe a ignorância dos brasileiros, a manipulação ideológica, a vontade de ser “como ele”, o pensamento tacanho refletido na figura desse presidente descondenado.

Mas, para quem pensa reflexivamente, com base em fatos e dados, a situação real é mais do que clara: o Brasil real não é o da tortura de números, é o da farsa, o Brasil vermelho, verde e amarelo da ilusão, da hipocrisia e da manipulação institucionalizada. Do precipício econômico e social. Os números são torturados e fabricados… Questiono-me quando gestaremos cidadãos capazes de perguntar, refletir e recusar a farsa e a ilusão vermelha, verde e amarela. Simples.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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