Por que privatizar a Copasa é urgente
A Copasa tornou-se um dos ativos mais valiosos de Minas Gerais. Essa transformação não é obra do acaso: é resultado de uma mudança de gestão iniciada no governo Romeu Zema, que trouxe racionalidade, disciplina e foco em eficiência para uma estatal antes tratada como cabide de empregos. Ao profissionalizar a administração, reduzir custos desnecessários e priorizar resultados, a Copasa passou a entregar números robustos que despertaram interesse do mercado e ampliaram sua valorização.
No primeiro semestre de 2025, a companhia registrou receita líquida de R$3,64 bilhões, crescimento de 6,1% sobre o ano anterior. O EBITDA foi de R$1,50 bilhão, avanço de 4,6%, e o lucro líquido alcançou R$718 milhões, um aumento de 6,1%. Só no primeiro trimestre, o lucro já havia sido de R$428,5 milhões, alta de quase 22% em relação ao mesmo período de 2024. Além disso, distribuiu R$345 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio, consolidando-se como uma das empresas estatais mais lucrativas do país. O mercado reconheceu essa performance: a Copasa atingiu valor de mercado em torno de R$12 bilhões, com indicadores consistentes como retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 16% e Dividend Yield acima de 5%. A empresa deixou de ser apenas uma prestadora de serviço estadual e se tornou um ativo disputado por investidores.
É exatamente por isso que a privatização é urgente. O momento certo para vender é quando o ativo está valorizado, porque isso maximiza o retorno para o Estado. Minas Gerais carrega uma dívida que já supera os R$160 bilhões. Só os juros dessa dívida consomem bilhões todos os anos, drenando o orçamento e engessando a capacidade de investir em áreas essenciais. Vender a Copasa por R$ 12 bilhões não significa resolver o problema por completo, mas sim reduzir o passivo e, principalmente, aliviar o peso dos juros, abrindo espaço fiscal para investimentos em saúde, educação, segurança e infraestrutura. É uma medida fiscalmente responsável: converter patrimônio em liquidez e aliviar um fardo que se arrasta há décadas.
Mas a privatização não pode ser vista apenas como uma operação financeira. Ela precisa ser estruturada para gerar concorrência e eficiência no longo prazo. Uma venda integral para um único grupo, embora preferível à manutenção estatal, criaria o risco de trocar um monopólio público por um monopólio privado – e monopólio significa ineficiência, tarifas mais altas e pouca inovação. O liberalismo não se resume a transferir ativos do Estado para a iniciativa privada; ele exige concorrência, pluralidade de operadores e incentivos permanentes à eficiência.
O modelo mais inteligente para a Copasa é a privatização por microrregiões. Ao dividir o sistema em blocos, vinculando áreas rentáveis às deficitárias, garante-se o equilíbrio do chamado “filé com osso”. Essa engenharia não apenas assegura a universalização do serviço, como também multiplica o interesse de investidores, eleva a arrecadação com outorgas e cria uma forma de concorrência indireta: o benchmarking. Cada empresa que assumir uma região saberá que seu desempenho será comparado ao de outros operadores. Isso gera pressão para inovar, reduzir custos e atender melhor ao consumidor.
Imagine, por exemplo, um bloco que reúna Belo Horizonte e sua região metropolitana, com alta rentabilidade, associado a cidades menores da Zona da Mata. Outro bloco poderia unir polos médios do Sul de Minas a municípios deficitários do Norte. Assim, nenhum investidor fica apenas com a parte lucrativa, e nenhuma comunidade é abandonada. Além disso, a pulverização de blocos aumenta a arrecadação porque diferentes grupos disputam cada leilão.
Privatizar é inevitável e urgente. Melhor privatizar de forma integral do que manter a empresa nas mãos do Estado, sujeita a ingerências políticas e captura corporativa. Mas a privatização por microrregiões é superior: amplia a arrecadação, assegura o atendimento às cidades menos rentáveis, cria um ambiente de concorrência indireta e transforma a Copasa em um símbolo de liberdade econômica. Minas Gerais tem, pela primeira vez em décadas, a chance de usar uma privatização não apenas como alívio contábil, mas como projeto estruturante. A venda da Copasa pode ser o primeiro passo para recolocar o Estado nos trilhos da responsabilidade fiscal, da eficiência administrativa e da verdadeira modernização.
Se a escolha for pelo monopólio, Minas perderá a chance de liderar uma revolução institucional no saneamento. Se a escolha for pelas microrregiões, terá mostrado que o liberalismo não é só discurso, mas prática capaz de melhorar vidas, reduzir dívidas e abrir caminho para um futuro mais livre.