Um grito de liberdade

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Em terras vermelho, verde-amarelas, dormimos e acordamos incomodados. Você está sentido que está sendo enganado? Que trabalha cada vez mais e leva cada vez menos? Que o Estado está te vigiando, te cobrando e te punindo? Você está certo. E mais, você não está sozinho.

Há um ponto de ruptura em toda sociedade que se pretende livre, mas que, dia após dia, vai sufocando seus melhores indivíduos. Não acontece de forma abrupta. É sempre gradual, imperceptível, até que já não se pode mais respirar sem pedir permissão. Hayek chamou isso de “O Caminho da Servidão”. Estamos, mais uma vez, trilhando esse caminho, passo a passo, decreto a decreto.

A tragédia da liberdade moderna não está na tirania declarada, mas na servidão disfarçada de democracia. Os liberticidas de hoje não usam fardas, usam gravatas. Não apontam armas, apontam dedos. Roubam, censuram e controlam em nome do povo. E o povo, muitas vezes enfeitiçado por slogans e esmolas e/ou desprovido de conhecimento e discernimento, aplaude sua própria escravidão. Aldous Huxley já prenunciava tal situação em seu romance Admirável Mundo Novo.

Por sua vez, Hayek alertou com precisão cirúrgica que “a democracia ilimitada é tão perigosa quanto qualquer ditadura”. Quando o voto serve para legitimar o saque, a imposição, o privilégio, a mentira, já não se está mais numa república de indivíduos livres, mas num hospício em que os parasitas escrevem as regras e os criadores de riqueza são punidos.

Antes dele, Frédéric Bastiat já havia desmascarado a grande perversão do direito, ou seja, quando a lei, em vez de proteger, se torna instrumento de roubo legalizado. Quando ela deixa de ser o escudo do indivíduo contra o Estado para se tornar a arma do Estado contra o indivíduo. Para ele, “a lei é pervertida quando ela viola a propriedade em vez de protegê-la”. Nessa direção, o que é o Estado brasileiro hoje senão uma máquina de expropriação, que confisca pelo imposto, controla pela regulação e oprime pelo discurso?

No século XIX, Alexis de Tocqueville alertava sobre esse “despotismo suave” das democracias modernas. Há um governo que não oprime com brutalidade, mas com “uma rede de pequenas regras”, até reduzir o cidadão a um animal tímido, domesticado por benesses e tutelas estatais.

Quando os produtores passam a pedir permissão para existir, quando quem investe e cria precisa justificar-se diante de quem nada constrói, a moral da sociedade foi virada do avesso. Não adianta pintar isso com as cores da “justiça social”. Aquilo que precisa destruir a liberdade para se afirmar não é justiça: é tirania emocional travestida de virtude.

Em The God of the Machine, Isabel Paterson foi clara: “nenhuma autoridade pode criar. Só pode consumir”. O Estado vive do que toma, não há Estado forte sem cidadão explorado.

Não se pode mais aceitar tal circunstância. Não se pode aceitar o roubo como política pública, a censura como proteção e a servidão como solidariedade.

Quando o indivíduo perde sua liberdade, ele também perde sua dignidade, tornando-se servo do Estado. Sua vontade é atrofiada, seu senso de responsabilidade sendo substituído por obediência. Todos nós, de alguma forma, dependemos do Estado, mas é preciso não deixar que essa dependência silencie o espírito de liberdade, fazendo-nos comportar como um sapo fervido.

O único contrato legítimo é aquele que reconhece o indivíduo como fim em si mesmo, não como ferramenta de uma massa amorfa chamada “sociedade”. A sagrada liberdade é fundamentalmente dependente das ideias que orientam os indivíduos.

Uma vez que o Estado toma sua renda a fórceps, ele está tomando seu trabalho e sua liberdade. Não há justiça nisso, somente escravidão moderna com verniz legal. É preciso rechaçar esse “status quo”. O que fazer? Indignar-se com essa pseudo-democracia. Romper com as utopias, mentiras e falácias do coletivismo. É necessário se organizar. Estudar. Falar. Escrever. Reagir. Espalhar ideias. Defender os valores do indivíduo acima das fantasias de massa.
Não há mais tempo de espera.

A liberdade é o nosso bem maior. Ela só floresce onde o indivíduo não se curva diante de pretensos donos da verdade, de políticos disfarçados de juízes que vestem toga preta. Quem, de fato, ama a liberdade precisa lutar por ela. Aguerridamente, com a mente, com a voz e com a ação.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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