O que eu penso sobre a volta de Trump
Trump não é só ignorante. Ele é um limitado quando se trata de economia e comércio internacional. Ele insiste em que déficit comercial nas transações internacionais é prejuízo.
Ele se pergunta por que os EUA precisam comprar carros ou laticínios canadenses. Ora, não são os Estados Unidos da América que compram, são os americanos que compram dos canadenses. São transações privadas nas quais os governos não deveriam se intrometer. Os americanos preferem carros canadenses aos americanos, porque entendem que eles obtêm mais valor do que se comprassem carros americanos.
É uma tristeza que se agrava quando vemos gente inteligente dizendo amém a essa pataquada. Nos comentários, certamente aparecerá alguém perguntando se eu preferiria a Kamala ou o Biden. Para esse, a resposta é a seguinte: não. Não preferiria. Eu prefiro o Trump com esses dogmas estúpidos aos wokes. Mas o fato de o Trump ser melhor do que os que ele derrotou não quer dizer que ele esteja certo e que suas ideias idiotas sejam geniais.
Vão dizer que é xadrez 4D. Não é. É estupidez e ignorância mesmo. Ele vai usar as tarifas, pagas pelos americanos, pobres ou ricos, como arma geopolítica. Insano. Se ele quer tornar a “America Great Again“, deveria zerar tarifas, imposto de renda, impostos diversos sobre corporações, salários etc. Um IVA federal modesto sobre consumo sustentaria o governo desde que o Elon Musk reduzisse seu tamanho.
Eu não sei se o Trump pensa como o Colbert, ministro francês que é considerado o pai do mercantilismo, ou como Luis XIV, o “Rei Sol”. Trump é coletivista, estatista, altruísta e narcisista. Em muitos casos, seu pensamento coincide com estrelas da esquerda como Bernie Sanders ou Robert Kennedy Jr.. Mesmo assim, tem apoio da direita conservadora. Talvez porque os conservadores de hoje sejam assim também.
Trump está sendo vítima dos agregados econômicos, uma forma platônica de se ignorarem as particularidades, e do pragmatismo delirante, uma forma “liberal progressista” de se evadir de princípios civilizatórios.