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Por que as teorias de Marx e Engels foram refutadas?

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Conforme dito ontem, esse texto é a continuação do texto anterior que trata dos erros de Marx e Engels. Além dos temas abordados anteriormente, Marx falhou também em apreciar as reais relações de produção entre “trabalho” e “capital”. Em sua perspectiva, o capital físico e o trabalho humano são substitutos potenciais um do outro dentro de várias faixas e para propósitos específicos. Porém, a verdade é que “trabalho” e “capital” são complementares em todas as formas de atividades produtivas por três motivos claros.

O primeiro é que, à medida que a acumulação de capital e o investimento de capital ocorrem ao longo das décadas, o capital tende a aumentar mais rapidamente em relação ao aumento da população da força de trabalho. De acordo com o Banco Mundial, o PIB mundial em 1960 era de 1,38 trilhões de dólares e hoje está em 84,68 trilhões — um aumento de 61 vezes em 60 anos —, enquanto no mesmo período a população humana aumentou de 3 bilhões de indivíduos para quase 7,7 bilhões, um aumento de 2,5 vezes. Ou seja, o trabalho tornou-se o fator de produção “mais escasso” em relação ao “capital” ao longo do tempo. Assim, o valor do trabalho, em geral, tem aumentado em comparação com o capital.

Em segundo lugar, a melhoria das capacidades produtivas por meio do investimento de capital elevou o produto marginal do trabalho (PMT, também chamada às vezes de “produtividade marginal”). Em economia, PMT é a mudança na produção que resulta do emprego de uma unidade adicional de trabalho.

Exemplo: na empresa de brinquedos X, um funcionário produz 15 carrinhos por dia. Um dia a empresa resolve contratar outro trabalhador e a produção diária aumenta para 45. Se formos calcular a produtividade média dos funcionários, isto é, o resultado de cada trabalhador, precisamos apenas dividir 45 pelos dois trabalhadores para obter 22,5. Agora, a produtividade marginal é diferente: é a produção total dos dois trabalhadores menos o primeiro, ou 45-15, que é 30 — produtividade marginal representa o resultado da adição de um trabalhador. Em outras palavras, através dos investimentos feitos pelo “capital”, o “trabalho” conseguiu melhores ferramentas e equipamentos, o que possibilitou um aumento do valor produtivo de cada funcionário. Vale lembrar que a produtividade está diretamente relacionada ao valor do trabalho, mas isso é um assunto para mais outro texto.

Por último, embora seja verdade que a substituição de alguns trabalhadores por meio de investimento de capital resulta na perda de empregos específicos, ao longo do tempo isso acabou liberando alguns trabalhadores para novas tarefas que não poderiam ser realizadas antes. Se por um lado a profissão de “cocheiro” acabou com o advento do automóvel, por outro, criaram-se novos empregos antes inexistentes como os de mecânico ou atendente de postos de gasolina. Assim, uma economia de livre mercado não gera necessariamente um “exército de reserva” permanente de desempregados, como previu (erroneamente) Karl Marx.

Outro erro importante do alemão é sua visão equivocada do conflito de classes. Seguindo o exemplo do economista clássico David Ricardo, Karl Marx considerava que o grande “problema econômico” a ser resolvido era a compreensão de como e por que a “renda” era distribuída entre as “grandes classes” da sociedade da forma como é (no caso de Ricardo, os latifundiários, os capitalistas e os trabalhadores). Mas esta forma de formular o “problema econômico” que agrupa os indivíduos sob certos títulos (“trabalhadores” ou “capitalistas”), e supõe que cada indivíduo assim classificado veria (ou deveria) ver seus “interesses” em termos de sua relação como membro de uma dessas “classes” sociais, não se mostra em sintonia com o mundo real — uma sociedade capitalista complexa não homogeneíza os indivíduos dessa maneira.

É perfeitamente possível que um indivíduo possa, ao mesmo tempo, trabalhar para alguém, sendo assim um assalariado, enquanto também tem uma conta de poupança (portanto, ganhando rendimentos de juros); ter ações em uma empresa listada em bolsa de valores (assim, ganhando renda de lucro “capitalista”), e possuir um imóvel que ele aluga (assim, ganhando aluguel como “proprietário”). A qual “classe” esse indivíduo deve lealdade? A esquerda tenta resolver esse problema com frases de efeito para tentar ganhar esse indivíduo que está nessa zona cinzenta. A mais recente é: “você tem muito mais em comum com um sem teto do que com um bilionário (ou milionário)”, mas não tem colado muito.

Sobre essa última besteira da esquerda, preciso me desviar um pouco do assunto aqui e explicar porque não cola. No fundo, todo mundo sabe que, se você ganha 10 mil por mês, seus padrões de consumo/vida estão muito mais próximos da elite do que de um mendigo. Você talvez não consiga almoçar no Fasano, mas sem dúvida consegue ir no Coco Bambu (o que é bem melhor do que não ter o que comer); talvez não consiga passar férias em Ibiza, mas consegue ir para Búzios ou Ilhabela (o que é bem melhor que não conseguir viajar); dificilmente conseguirá comprar um carro importado, mas pelo menos terá um (o que é bem melhor que andar a pé); talvez nunca vá conseguir comprar um apartamento na beira da praia de Copacabana, mas terá onde morar (que é bem melhor que morar na rua).

Encerro aqui a segunda parte onde mostro os erros de Marx e Engels. Apesar de ter dito que seriam duas partes, são tantos erros da dupla que precisarei de pelo menos mais uma terceira tentativa. Até breve!

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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