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Os aplicativos de transporte reduziram as mortes no trânsito?

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É engraçado a rapidez que damos a certas coisas como certas e garantidas. Eu estava no BH Shopping no final do ano passado fazendo as compras de natal e preferi ir de Uber (já viram como fica o estacionamento desses lugares em época de fim de ano?). Na hora de ir embora, fui chamar um Uber e nada de aparecer. Eu fiquei tranquilamente uns 20 minutos esperando em vão. Minha sorte é que meu sogro mora no mesmo bairro do shopping e me resgatou. O episódio é um exemplo de como ficamos dependentes tão rápido de uma tecnologia nova.

Porém, um estudo da University of Califórnia, Berkeley, mostrou que o Uber não é apenas algo conveniente, mas também salva milhares de vidas.

Michael Anderson e Lucas Davis examinaram o impacto do Uber nas mortes no trânsito – especialmente aquelas relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas. A pergunta dos pesquisadores era relativamente simples: ao prover às pessoas com um meio de transporte alternativo ao carro próprio, barato e fácil de usar, teria o Uber reduzido as fatalidades no trânsito e direção alcoolizada?

De acordo com sua pesquisa, a resposta é sim.

O Uber reduziu as mortes no trânsito relacionadas ao álcool em 6.1% nos EUA, o que equivale a cerca de 214 vidas em 2019. Da mesma forma, o aplicativo reduziu as mortes no trânsito em 4%, provavelmente reduzindo outras formas de direção perigosa, como dirigir muito cansado ou responder a mensagens no volante, o que dá 494 pessoas salvas em 2019. (E isso é apenas Uber: para entender o impacto total da tecnologia de compartilhamento de viagens no salvamento de vidas, teríamos que considerar concorrentes como a Lyft também).

Extrapolando esses dados ao longo de vários anos, ficamos com a conclusão inevitável de que o Uber salvou milhares de vidas americanas. Tais vidas salvas se traduzem em US$2.3 a US$5.4 bilhões em benefícios econômicos para os usuários.

Todos conhecem aquela famosa frase de Adam Smith: “NÃO É DA BENEVOLÊNCIA DO AÇOUGUEIRO, DO CERVEJEIRO E DO PADEIRO QUE ESPERAMOS O NOSSO JANTAR, MAS DA CONSIDERAÇÃO QUE ELES TÊM PELOS PRÓPRIOS INTERESSES”. É simplista, a partir desse estudo, dizer somente que os aplicativos de transporte são fantásticos. O que se pode fazer aí é observar outro exemplo de como a busca legal pelo lucro não é uma coisa ruim. Pelo contrário: ajuda toda a sociedade.

Com frequência vemos políticos de esquerda criticando o Uber. Marcelo Freixo (PSB Nacional 40) disse ser preciso regularizar* o Uber para “garantir justiça e qualidade para os taxistas”. Talíria Petrone (PSOL 50) acusou a empresa de promover “trabalho análogo à escravidão, mascarado de ’empreendedorismo'”. O discurso dessa turma pode ser resumido dessa forma: eles consideram que a empresa é “gananciosa” e “exploradora” por isso, fizeram campanha por sua regulamentação e restrição. É claro que as pessoas que administram o Uber e outros serviços de compartilhamento de caronas querem ganhar dinheiro. Aquilo não é ONG; mas a busca pelo lucro não significa que a empresa esteja trabalhando contra o interesse público – e é justamente isso que a turminha do PSOL (Partido Socialismo e Leblon) não consegue entender.

E o Uber está longe de ser uma exceção nessa história. O economista Donald J. Boudreaux mostrou que os produtores, em média, captam apenas 2,2% dos benefícios totais de suas inovações tecnológicas, enquanto os outros 97,8% desses benefícios são desfrutados pelos consumidores.

Finalizo o texto lembrando que há formas ruins de empresas terem lucro e o melhor exemplo disso é o protecionismo. Quando empresários juntam-se com políticos para impedir a entrada de competidores estrangeiros, isso prejudica toda a sociedade, pois a impede de ter acesso a mais opções de produtos/serviços. Em 2019, Ciro Gomes criticou a abertura do mercado brasileiro para o trigo importado dos EUA. Os empresários brasileiros agradecem ao cearense de Pindamonhangaba, os consumidores não.

*Atenção: toda vez que você escutar um político falando que quer “regularizar” ou “regulamentar” algo, fique atento. O que ele quer mesmo é cobrar impostos.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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