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O que explica as diferenças na trajetória do Chile e da Venezuela?

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O Chile acaba de rejeitar a nova constituição em plebiscito. Sob qualquer aspecto, o Chile é o maior exemplo de sucesso econômico e humano na América do Sul e havia um risco sério que tal assembleia poderia mudar este cenário.

Para podermos observar melhor a história de sucesso chilena é interessante compará-la com outra história sul-americana: a da Venezuela. No início dos anos 50 a economia venezuelana era relativamente livre para padrões regionais e seu Produto Interno Bruto per capita era um dos maiores do mundo – maiores inclusive que dos EUA e três vezes maior que o chileno. Até 1982, a Venezuela era o país mais rico da América Latina, turbinado em grande parte pelo petróleo.

O Chile, por sua vez, estava longe de ter a prosperidade venezuelana. No início dos anos 70 o governo do socialista Allende se mostrou um desastre. A inflação chilena era a mais alta do mundo e havia racionamento de bens e alimentos. Para piorar, o governo Allende havia decretado nacionalizações de empresas estrangeiras e expropriações das nacionais, desapropriações de fazendas entre outras medidas socialistas – justamente o que Hugo Chávez fez neste século.

Porém, a partir de 1973 quando Pinochet assume, o cenário econômico chileno muda drasticamente, assim como o venezuelano em 1999 após a eleição de Chávez. Em 2016 o Chile passou a estar na 15 posição no ranking de liberdade econômica, mesmo patamar que a Venezuela estava em 1975.

Ao aumentar sua liberdade econômica, o Chile aumentou também sua renda per capita. Ajustada pela inflação e poder de compra, em 1975 o Chile tinha 32% da renda per capita venezuelana e hoje tem quase três vezes mais (287%). Entre 1975 e 2019, a economia chilena aumentou 293%, enquanto a dos “bolivarianos” encolheu 54%.

Com a economia expandindo, o Chile também conseguiu prover melhores serviços de saúde para sua população. Em 1975 o seu índice de mortalidade infantil estava 29% maior que na Venezuela e a expectativa de vida dos chilenos era menor que seus pares caribenhos. Hoje, porém, para cada 1.000 habitantes, há 4 vezes mais bebês mortos antes de completar 1 ano na Venezuela que no país de Pablo Neruda. Além disso, atualmente os chilenos vivem cerca de 8 anos a mais que os venezuelanos – 80 e 72 anos, respectivamente.

O fator mais interessante para se comparar os dois é em relação à democracia. Em 1973 a ditadura chilena escolheu o caminho da liberdade econômica, enquanto a autocracia venezuelana fez a rota oposta. Em 1988 Pinochet convocou um plebiscito para o povo chileno definir se o regime deveria continuar, onde acabou derrotado. O general aceitou a perda nas urnas e em 1990 houve a transição para um governo civil. Este cenário é inimaginável na Venezuela atualmente.

Como diria Milton Friedman, pode haver capitalismo sem liberdade mas nunca haverá liberdade sem capitalismo. A liberdade econômica é condição necessária (mas não suficiente) para existir liberdade política. Finalizo o texto com uma frase do economista Marcos Lisboa:

“O Chile é aquele exemplo que incomoda, né? É a lembrança que a América Latina pode dar certo! É só não fazer bobagem!”.

* Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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