fbpx

O que a história pode nos ensinar sobre greves e sindicatos

Print Friendly, PDF & Email

Entre 1945 e 1946, ocorreu nos EUA um período conhecido como Strike Wave, ou, em português, Onda de Greves. Na ocasião, considerada um evento sem precedentes na história americana, diversos trabalhadores de vários setores entraram em greve exigindo melhorias salariais, de condições de trabalho, nas políticas da empresa ou razões de disciplina interna. Uma dessas greves se notabilizou: a greve dos ascensoristas de Nova York. A profissão de ascensoristas teve sua extinção por conta desse período de greves.

A instituição do sindicato é pré-capitalista, portanto, ela remete a um tempo em que a oportunista ideologia marxista e trabalhista que tentou se apossar da organização sindical não existia. Diferente do que a historiografia oficial tenta vender, organizações sindicais nasceram no renascimento italiano, quando os profissionais urbanos, chamados burgueses, se organizavam entre si para negociar taxas e modelos de negócios com os governantes das cidades-estados.

A tendência de formar grupos para reivindicar posições via acordos entre os trabalhadores fabris do começo do capitalismo foi mera questão de tempo. Porém, no começo da era capitalista, apenas socialistas utópicos e posteriormente os marxistas empunharam as bandeiras desse grupo, tornando a tendência dos sindicatos pelo mundo seguir doutrinas socialistas e até anarquistas, criando os anarco-sindicatos.

Nos EUA, o caráter anarquista dos sindicatos até 1947 era notório, e a frequência de greves ocorria em um nível altíssimo. A onda de greves de 1945/46 fez com que o poder detido entre os sindicatos se tornasse insustentável, visto que até os ascensoristas nova-iorquinos simplesmente deixaram de trabalhar, seguindo recomendações do sindicato da categoria.

Hoje, com os elevadores automáticos cujos botões te levam ao andar desejado, pode parecer simplório, mas no contexto da época se fazia notar a importância desse funcionário. Embora o elevador fosse uma invenção do século XIX, ele ainda operava de forma mecânica, e era necessário um especialista para acionar suas alavancas, mover e parar a cabine em cada andar. Vale lembrar que Nova York erguia arranha-céus cada vez mais altos – na época, os 10 maiores edifícios do mundo estavam na cidade. Quem ia trabalhar em um desses prédios necessitava de um ascensorista.

Quando justamente os ascensoristas da cidade com edifícios mais altos do mundo decidiram parar de trabalhar, acabaram por levar uma multidão a ficar presa em casa, dado que não conseguiam acessar o andar de trabalho em tempo ágil e teriam que subir grandes lances de escada, a depender do andar em que se trabalhava. Quem morava em grandes edifícios só conseguia acessar seus apartamentos pelas escadas, o que se tornava uma tarefa muito cansativa.

A espera por melhores condições de trabalho era a principal reivindicação dos ascensoristas, mas também um aumento salarial pautado no argumento de que, sem a atividade, Nova York simplesmente pararia de trabalhar. A greve aparentemente tinha tudo para se tornar um gigantesco sucesso para a categoria, mas a verdade é que ela levou ao fim do ofício.

Na época, empresas de elevadores inovavam e criavam os primeiros elevadores automáticos do mundo. Porém, devido à alta demanda da posição de ascensorista que as grandes cidades requeriam, muitos pensavam que o elevador automático não teria a quantidade necessária de clientes para se tornar viável. Porém, com a greve em vigor, tudo mudou.

Os ascensoristas, que paralisaram a cidade por algumas semanas, mal sabiam, mas ao final da greve veriam o ocaso de sua profissão, com a adoção de elevadores automatizados em grandes edifícios e a dispensa da necessidade do profissional.

Quanto à onda de greves, em 1947, o congresso americano aprovou o Taft-Hartley Act, que reduziu sumariamente a ligação dos sindicatos com atividades políticas, dividiu as responsabilidades de custo das greves entre funcionários e sindicatos e principalmente proibiu que os chefes sindicais tomassem partido unilateralmente na decisão de greve sem a consulta prévia da categoria.

Os atos, diferentemente do que se pensa, fortaleceram os sindicatos americanos e otimizaram muitas leis trabalhistas durante os últimos 75 anos, sem a influência marxista ou da ideologia trabalhista, ao permitir o caráter despolitizado das organizações sindicais, provando que o que sustenta a existência de um sindicato não é a sua politização ou demagogia política, mas sim sua capacidade de executar os interesses de sua categoria.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

Pular para o conteúdo