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O Convescote Antiliberal

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Começou ontem aquele tradicional teatrinho na Suíça, que reúne os endinheirados do mundo e autoridades dos estados ricos. Neste ano, o tema será “cooperação em mundo fragmentado”. Lindo, né?

No início, o Fórum de Davos era visto com grande desconfiança pela esquerda, que chegou a criar um tal Fórum Social Mundial (quem se lembra?), que se reunia anualmente, nas mesmas datas do WEF, em Porto Alegre e outras cidades do terceiro mundo, para fazer um contraponto socialista ao chamado “fórum neoliberal”.

Acontece que o Fórum de Davos nunca teve nada de liberal ou neoliberal. Desde o início, sempre foi um movimento antiliberal, que propunha mais regulamentações e mais intervenção dos Estados na economia, além de ideias esquerdistas bonitinhas, como “Responsabilidade Social Corporativa” (sim, esta patacoada nasceu em Davos).

Lá pelos idos de 2006, escrevi o seguinte sobre este Fórum: “Os maiores inimigos do livre mercado não são os jovens maconheiros tatuados, de brinquinho e barba por fazer, vestindo camisetas com a face do Che, que pretendem mudar o mundo gritando palavras de ordem socialistas… Os maiores inimigos do livre mercado são esses senhores engravatados, verdadeiros nababos encastelados nas grandes corporações empresariais, que não vivem sem ajuda do estado para regular o mercado de acordo com as suas conveniências.”

Podem reparar: vocês não verão ali ninguém reclamar da falta de liberdade econômica, da burocracia excruciante, da falta de infraestrutura, dos acachapantes impostos sobre investimentos, do excesso de regulamentos ou da legislação trabalhista insana vigente na maior partes dos países, principalmente os mais pobres. Simplesmente, porque eles representam uma classe que idolatra o Estado interventor e protetor, que impede a competitividade e protege os barões das grandes corporações contra a concorrência dos pequenos e dos mais pobres.

Definitivamente, Mr. Klaus Schwab e sua turma não gostam de liberdade econômica, de concorrência, não estão interessados em agradar o consumidor ou investir em inovação. O negócio deles é pedir mais regulamentos, impostos altos, barreiras de entrada e produzir discursos bonitinhos sobre sustentabilidade. Enfim, viver confortavelmente sob as asas protetoras dos governos.

Como resumiu Thomas Fazi em artigo recente para o UnHerd, “Embora o WEF tenha focado cada vez mais sua agenda em tópicos da moda, como proteção ambiental e empreendedorismo social, há poucas dúvidas sobre quais interesses a ideia de Schwab está realmente promovendo e capacitando: o próprio WEF é financiado principalmente por cerca de 1.000 empresas membros— empresas tipicamente globais com faturamento multibilionário, que incluem algumas das maiores corporações do mundo em petróleo (Saudi Aramco, Shell, Chevron, BP), alimentos (Unilever, The Coca-Cola Company, Nestlé), tecnologia (Facebook, Google , Amazon, Microsoft, Apple) e farmacêutica (AstraZeneca, Pfizer, Moderna). A composição do conselho do WEF também é muito reveladora, incluindo Laurence D. Fink, CEO da Blackrock, David M. Rubenstein, co-presidente do Carlyle Group, e Mark Schneider, CEO da Nestlé. Não há necessidade de recorrer a teorias da conspiração para postular que a agenda do WEF tem muito mais probabilidade de ser adaptada para atender aos interesses de seus financiadores e membros do conselho – as elites corporativas e ultra-ricas do mundo – em vez de “melhorar o estado do mundo”, como afirma a organização.”

A esquerda custou um pouquinho, mas logo percebeu que Mr. Klaus Schwab e seus amiguinhos nababos jogam no seu time. O Fórum Social foi jogado para escanteio e hoje os líderes da esquerda mundial frequentam Davos com a desenvoltura de quem se sente confortavelmente em casa.

Não foi à toa que aqueles senhores outrora chamados de neoliberais criaram um novo conceito de governança empresarial, que logo se transformou numa religião entre CEOs de grandes corporações e organizações de esquerda. Estou falando, evidentemente, do conceito de ESG, que hoje reina soberano no altar de Davos, sendo reverenciado por 11 de cada 10 participantes do piquenique globalista. Ave, ESG!

Todos ali são capazes de jurar que suas principais preocupações são os pobres, mas não se iludam: cada vez que eles se reúnem, o desenvolvimento dos países do terceiro mundo fica mais difícil e mais distante.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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