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Liberdade fora do gibi

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A aversão ao fato de o Superman Jr. ter saído do armário me leva a desconfiar de que muitos pais preferirão que seus filhos se identifiquem com Lex Luthor Jr.. Antes mau-caráter, vilão, mas macho, do que bom caráter, herói e gay.

Esses episódios midiáticos desnudam o que muitas pessoas sentem de verdade por não conseguirem controlar seus impulsos e sair falando qualquer coisa que vem à cabeça. Elas parecem não se ater aos princípios que servem de amálgama para que a união ou convivência entre os indivíduos numa sociedade seja civilizada, respeitosa e salutar.

A aversão aos homossexuais e seu comportamento diferente do padrão estabelecido é um sentimento que pode ser percebido em muitos na nossa sociedade, independentemente de classe social, de nível educacional, de tendência política.

Esse sentimento, resposta automática de nosso subconsciente, programado desde a infância para vermos os diferentes com desconfiança, temor e até ódio irracional, como mostra a história dos negros, dos judeus ou dos orientais em determinados contextos, toma conta da nossa parte consciente da mente e nos faz dizer coisas ou agir sem pensar.

Quem diz e faz coisas sem pensar acaba sendo a maior vítima de si mesmo. Se não podemos controlar os outros, que teimam em fazer coisas que não gostamos, devemos controlar a nós mesmos.

O respeito à vida, à liberdade, à propriedade deve começar em abstrato, como uma construção ideológica, como uma criação artística que irá se materializar com o trato com os outros em concreto.

Há incontáveis maneiras de se alcançar a felicidade, propósito de todo ser humano. Querer que os outros encontrem a felicidade da maneira que desejamos, quando aqueles estão usando o que é seu para realizar seus propósitos, é tirania.

Tirania é tudo de que uma sociedade não precisa. Tirania não pode ser confundida com cada um faz o que quiser com a sua vida, que deve ser produtiva, honesta, íntegra e independente. Tirania é querer que os outros façam das suas vidas o que a gente entende que deveriam fazer para serem felizes.

Aquele indivíduo, sem poder coercitivo ao seu dispor, que para ser feliz precisa moldar a vida alheia, age como um déspota enrustido que se revela nas coisas mais banais da vida.

Ninguém é obrigado a ser gay ou lésbica por pressão social. Muito antes, pelo contrário, é a pressão social, associada em boa medida à falta de auto estima, que faz com que gays e lésbicas tenham que mascarar sua orientação sexual.

As declarações do jogador de vôlei não se restringiram ao personagem do gibi. Se assim fosse, seria apenas uma discussão infantil. O que ele disse transcendeu o mundo abstrato de um gibi.

Quem quer manter a polêmica circunscrita em torno da história em quadrinhos, faz como o jogador. Acha que a realidade deve ser desenhada como a revista, só que do jeito que ele quer, porque ele quer. É um capricho.

São esses que fazem surgir as pautas identitárias usadas para fins outros que não libertar os indivíduos de suas desconfianças, seus temores, seus ódios irracionais.

O direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade, como a cada um aprouver, foi colocado em xeque por alguém inconformado com a existência desse amálgama.

Todo mundo é livre para expressar o que pensa e fazer o que deseja. Porém, ninguém está imune de sofrer as consequências do que pensa e faz. Infelizmente, o jogador fez o que o seu subconsciente determinou sem medir as consequências.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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