Já ouvi sujeitos que dizem fazer parte da “direita conservadora” considerarem Angela Merkel uma representante da decadência da “cultura alemã” devido à imigração facilitada em seu último mandato.

Porém, quando você questiona o que seria a cultura alemã, para eles não é nada mais que um estereótipo da cultura bávara sobre comer salsichões, indivíduos loiros de olhos azuis, extremamente beberrões com algum sobrenome como Fritz, Schneider ou Muller, e que se vestem como fazendeiros tiroleses do século XIX.

A Alemanha, país que somente foi unificado de fato em 1870, é uma terra de culturas internas que são tão diversificadas e sofreram tanta influência externa que se torna difícil enumerar, sendo influentes não só na Alemanha em si como em suas nações vizinhas.

A Alemanha, que, passada a Segunda Guerra Mundial, enfrentou um déficit populacional, importou milhões de turcos, sendo portanto membros da “cultura alemã” há pelo menos 70 anos. Mas você vê alguma semelhança entre a cultura de Istambul e a “tradicional cultura alemã”?

Acepções infantis de estereótipos culturais são apenas formas fajutas de se sustentarem narrativas anti-imigração.

O liberalismo defende a liberdade de cidadãos optarem pela melhor forma de governo que desejam para sua família e para si mesmos; por isso defendemos, sem exceção, a possibilidade de imigrantes, sendo cidadãos livres, entrarem em novos países para que desfrutem de um estilo de vida que não poderiam desfrutar em nações menos desenvolvidas.

Afinal, é muito mais fácil levar um turco para desfrutar da estabilidade das instituições políticas alemãs do que conseguir mover todas as instituições alemãs para a Turquia.

O liberalismo, como doutrina da defesa da liberdade, é a favor de que indivíduos possam escolher o melhor para si, e isso inclui os locais em que desejam morar e exercer a liberdade cultural. Doutrinas de isolacionismo apenas cumprem os interesses totalitários de poder.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.