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Insanidade versus liberdade

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Seja qual for o nome que se dê — globalismoNova Ordem MundialFórum de DavosAgenda 2030 ou Protocolo ESG (de environmentalsocial e governance) —, o fato é que se trata de ardis dos candidatos a donos do mundo e que estão progressivamente avançando sobre a nossa liberdade. Fortemente endinheirados e controlando muitos canais políticos, já conseguiram transformar o Ocidente em uma coisa chata demais; porém, estão longe de estar satisfeitos.

Como exemplos dessa amofinação permanente, as constatações de que já não se pode mais chamar as pessoas pelo que elas de fato são; de que existe algo como uma obrigação de endossar comportamentos e visões de mundo de que se discorda; e de que, quando se criticam ideias, é preciso primeiro verificar se quem as está expondo pertence a alguma das chamadas “minorias”, sob o risco de atrair ataques furiosos das “sentinelas do bem”. Um saco! Ninguém aguenta mais.

Os exageros que esses tiranos vêm paulatinamente nos impondo ultrapassam todos os limites do tolerável. Há que se encher de muitos cuidados, todos descabidos e inaceitáveis: se você critica, por exemplo, o excesso de pimenta em uma feijoada preparada por alguma cozinheira gorda, pode ser duplamente carimbado de misógino gordofóbico. Se discorda da opinião de algum integrante de um movimento negro ou indígena sobre determinado assunto, de racista ou supremacista branco. Se desaprova um artigo científico sobre tartarugas marinhas escrito por algum homossexual, de homofóbico. Se, mesmo sendo mulher, negra e homossexual, tem a coragem de assumir alguma bandeira da chamada direita, de traidora fascista. Se manifesta respeito e amor a Deus, de ultraconservador. Se pisa por descuido em uma lagartixa sonolenta, de antiambientalista. Se sente revolta contra um assaltante que atirou em um inocente, de socialmente insensível. Se elogia a beleza de uma colega de escritório, de machista assediador. E, se pega uma folha de jornal, amarra as quatro pontas duas a duas e as acende com um fósforo, simplesmente para fazer um balão maria-fumaça para distrair o seu filho, será tratado como um criminoso hediondo, um destruidor da mãe terra, um monstro estuprador da natureza.

O policiamento das patrulhas politicamente corretas é tão implacável que muitas pessoas se sentem constrangidas e quase que obrigadas, antes de se atreverem a criticar uma ideia — por mais absurda que possa ser — exposta por alguém que faça parte das tais minorias, a afirmar coisas como: “Não tenho nada contra, pois tenho até amigos que são”, ou “Não os estou atacando, tenho vários amigos assim”, etc.. Pedindo desculpas por não concordar.

Os ditos “progressistas” venceram a guerra da linguagem. É por isso que está ficando cada vez mais difícil expor opiniões e ideias sem ser de antemão condenado e imediatamente “cancelado” por destacamentos fortemente armados com fuzis carregados de falácias, brandidos por combatentes alucinados que dão plantão permanente na velha imprensa, nas universidades, na política e, ultimamente, em todas as instâncias do Judiciário.

Infelizmente, o Ocidente está sendo ameaçado por um perigo sem precedentes — o do avanço das pautas disseminadoras de divisões, especialmente aquelas que se escondem nas narrativas de defesa dos direitos das minorias. O perigo é que esse incitamento dialético ao choque entre “nós”, os bonzinhos, explorados, coitadinhos, marginalizados, e “vocês”, os malvados, exploradores, descendentes de europeus e poderosos, vem influenciando progressivamente a política de muitos governos e organismos internacionais.

A obsessão ambientalista

Uma das facetas desse radicalismo é a obsessão ambientalista, que não é apenas inconveniente, mas perigosíssima, pelo seu poder destruidor das atividades econômicas, inclusive as indispensáveis à sobrevivência da humanidade, como a da produção de alimentos. Os lunáticos do clima se instalaram principalmente na Velha Europa e engana-se quem desconhece que sua maluquice é apenas aparente, porque ela nada mais é do que um meio utilizado para implantar sua agenda totalitária. São malucos perigosos. Vamos passar rapidamente em revista alguns casos recentes.

Podemos começar pelas políticas ambientais da União Europeia, capitaneadas pela ex-chanceler Angela Merkel e berradas espalhafatosamente na mídia por aquela adolescente sueca que aparenta sempre estar pronta para morder alguém. Tal como o então presidente Trump avisou, esse furor ambiental tornou a Europa muito mais dependente do gás russo do que era anteriormente. Hoje, com a situação da ocupação da Ucrânia e com as sanções estultas impostas à Rússia, essa dependência está apavorando toda a Europa, com o receio de que Putin feche definitivamente as torneiras, tanto que já se discute o abrandamento das sanções.

A tendência é que a escassez de alimentos e a inflação de preços que essas políticas estão produzindo se agravem.

Em Sri Lanka, o antigo Ceilão — um país pobre —, o presidente Gotabaya Rajapaksa, em 2019, resolveu com seus botões e com seus ministros (sendo alguns deles parentes próximos) que o país seria o primeiro no mundo a ter uma agricultura totalmente orgânica e simplesmente, entre outras medidas estupidamente radicais, proibiu todas as importações de fertilizantes e de defensivos agrícolas. O resultado — óbvio — foi a escassez de alimentos. E o país, que era exportador de bens primários, passou a ser obrigado a importá-los, o que fez com que se esgotassem suas já parcas divisas. Sobreveio a fome, e então a população recentemente se revoltou e invadiu o palácio presidencial na capital, Colombo. O presidente “orgânico”, passou as mãos rapidamente no que pôde pegar e escafedeu-se pelos fundos.

Na Holanda — um país desenvolvido —, os illuminati da Nova Ordem Mundial encravelhados no governo decidiram que a produção das atividades agrícolas teria de passar a ser realizada em uma área ocupando no máximo 70% da até então utilizada. Um efeito absurdo dessa decisão tirânica, conforme publicou o Epoch Times, é o do produtor de leite Martin Neppelenbroek, que terá de cessar as suas atividades, pois não poderá administrar uma fazenda com 5% do total de suas vacas leiteiras, uma vez que será obrigado pela nova regulamentação a vender ou abater 95% delas. Mas os tiranos verdes não são tão malvados assim, porque nem todos os agricultores serão obrigados a se livrar de parcela tão grande de seu gado, já que os que vivem mais afastados das áreas protegidas pela Natura 2000 (uma imposição da União Europeia para a preservação de espécies e habitats) podem possuir mais animais. As pobres e simpáticas vaquinhas holandesas passaram a ser tidas como inimigas do planeta, a não ser que vivam bem longe, onde os regulamentos lhes permitam emitir a sua amônia e o seu óxido de nitrogênio em paz e sem medo da polícia. Muitas fazendas na Holanda, que pertencem há gerações a famílias, encerrarão as suas atividades.

O resultado dessa perversão foi o bloqueio das estradas por tratores de fazendeiros, que se revoltaram e foram à luta, ungidos do vigor dos justos. Mesmo sendo um país rico e tecnologicamente adiantado, estima-se que cerca de 30% das fazendas poderão ser extintas em decorrência das medidas impostas pelos burocratas fanáticos do governo. É fácil antever que o impacto econômico será enorme, dado que o país exporta quase US$ 100 bilhões por ano em alimentos.

Por sua vez, na Austrália, os políticos “progressistas” aprovaram em segunda votação um inacreditável projeto de lei que proíbe as pessoas de cultivarem seus próprios alimentos, com multas para os infratores, sob a alegação da biossegurança. O projeto amplia os poderes das autoridades para a aplicação da lei, autorizando-as a vistoriar propriedades e pessoas sem um mandado e aplicar multas por fornecer informações “falsas ou enganosas”, que subiram de US$ 1.800 para US$ 10 mil. Os fiscais autorizados não precisarão mais do consentimento do proprietário para recolher amostras, animais e documentos, e os proprietários que obstruírem o seu acesso às terras serão severamente punidos. Adicionalmente, a Cláusula 36 desse projeto absurdo contempla a exigência de esterilização e identificação dos animais por implante, marca ou qualquer outra forma.

Agenda 2030

Há vários outros exemplos da sanha insana dos chefões globalistas para nos impor o seu conceito peculiar de felicidade, mas esses são suficientes para afastar as hipóteses de “teorias conspiratórias” e enxergar os perigos concretos que representam para a economia e, principalmente, para a nossa liberdade. Essa gente acha-se apta e com o direito de modificar a sociedade humana desconstruindo — descarada e criminosamente — milênios de costumes, usos e tradições que se cristalizaram espontaneamente, século após século, fundamentados no relativismo moral, no niilismo, no racionalismo utópico e na consequente engenharia social. Querem nos fazer felizes à maneira deles.

O que representam a Agenda 2030 da ONU ou qualquer outra denominação das conhecidas a não ser nomenclaturas espertamente construídas para defender a tentativa de um grupo político-financeiro internacional de impor um projeto de poder, com vistas a destruir a Weltanschauung, a cosmovisão ocidental, um processo espontâneo esculpido com muito esforço ao longo de séculos de tentativas e erros. A Weltanschauung (que, traduzido do alemão, significa o modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade, algo como um paradigma) é uma ordem evolutiva natural, que ao fim e ao cabo configura a maneira como um indivíduo ou um povo, entendido como uma média dos indivíduos, enxerga Deus, o bem, o mal, a condição humana, os valores, o destino, a economia, a política, a vida, enfim.

Suas propostas são extremamente arrogantes. Trazem a democracia na boca, mas a tirania nas ações, pois o seu intuito é impor à sociedade a sua vontade exclusiva. São mentirosos, porque falam em nome dos princípios característicos da democracia, como o da igualdade de todos perante a lei, mas os distorcem e os levam às últimas consequências, ao se proporem a domesticá-los e homogeneizá-los, sufocando as individualidades que caracterizam a espécie humana, em nome de um “bem comum” — a igualdade absoluta, a “mãe terra”, o clima, a diversidade, etc. —, que, no frigir dos ovos, é o bem deles.

São inimigos da civilização; desconstroem a razão; relativizam a Verdade cristã; subvertem os princípios, os valores e as instituições construídos naturalmente durante milênios. Proíbem a divergência e o debate. Enfim, são monstros totalitários travestidos de protetores dos pobres e das minorias. E possuem uma tara mórbida pela Amazônia, que pretendem subtrair do Brasil e transformar em “área internacional”, além de destruir o agronegócio brasileiro, uma vez que aqui, segundo os “estudos e pesquisas” cambetas que financiam fartamente, estão sendo produzidos alimentos demais, o que vai contra a sua “ciência”. Seu sonho parece ser que os seres humanos passem a se alimentar de gafanhotos.

A tendência é que a escassez de alimentos e a inflação de preços que essas políticas estão produzindo se agravem. Mas o Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, poderá em pouco tempo beneficiar-se desses erros desastrosos, desde que os brasileiros rejeitem o modelo de mundo patético que querem nos impor.

 

* Artigo publicado originalmente no blog do autor.


Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio. Twitter: @biraiorio

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