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Ascensão e queda da política de “substituição de importações”

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Na década de 50, surgiu a estratégia de desenvolvimento econômico determinada pela política de “substituição de importações”. Em resumo, os economistas adeptos dessa ideia defendiam que as nações em desenvolvimento deveriam restringir a importação de produtos manufaturados para promoverem sua própria industrialização. No final da década de 60, no entanto, ninguém mais acreditava em sua eficiência, dados os resultados desanimadores. Neste texto, vou explicar a ascensão e queda dessa política econômica.

Tudo começa com o argentino (tinha que ser né?) Raúl Prebisch. Ele, junto com outros economistas desenvolvimentistas, argumentava que a teoria econômica “padrão” – que defendia o livre comércio – não abordava o contexto das nações em desenvolvimento. Em outras palavras, se os países pobres quisessem enriquecer, era necessário tomar um caminho diferente das nações desenvolvidas.

Naquela época a industrialização, era vista como o único caminho possível para o desenvolvimento e Prebisch e sua turma acreditavam que a especialização no comércio internacional impedia as nações em desenvolvimento de estabelecerem um parque industrial. Além disso, o argentino argumentava que o preço dos produtos manufaturados tendia a subir, enquanto as commodities tendiam em direção contrária.

Outro argumento dos defensores da substituição de importações era que o sistema de preços do livre mercado não era capaz de alocar capital com eficiência – algo que Keynes defendia na década de 30. Por isso, uma ampla intervenção governamental seria necessária para organizar os recursos de forma mais eficiente e mobilizar o capital necessário para a industrialização.

Claro, a ideia não deu certo. E, claro, um dos locais do mundo onde esta estratégia mais foi aplicada foi justamente a América Latina. Vale lembrar que a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) – uma agência da ONU – ficou sob controle de Raúl Prebisch durante muitos anos. Temos a mania de aplicar as piores ideias do mundo e simplesmente ignorar as boas. Até Prebisch, em 1961, ficou decepcionado com os resultados. Ele escreveu que a substituição de importações “foi realizada (na AL) com falhas muito graves”, pois o protecionismo tinha ido longe demais.

Os motivos do fracasso são abundantes. John Power (1963, 201), concluiu que a falta de concorrência devido às restrições de importação transformou a indústria paquistanesa em “apenas pura ineficiência”. Power também argumentava que a estratégia desviava recursos para empresas muito ineficientes, ao invés de deixá-las morrer.

Bela Balassa (1971), observou que a proteção conferida a vários setores tendia a emergir de um processo aleatório ao invés de qualquer estratégia econômica deliberada. Ou seja, na maioria das vezes era na base do “chute” (ou lobby, vai saber…). “As exportações têm sido a chave para o desenvolvimento econômico bem-sucedido por uma razão básica – eles fornecem o máximo de recursos importantes para comprar as importações necessárias para o desenvolvimento interno”, escreveu o húngaro.

Donald Keesing, em 1967, ao comparar a trajetória de países que optaram por incentivar as exportações ao invés de substituir as importações (Hong Kong, Coréia do Sul, Japão, Taiwan), observou que eles tiveram mais sucesso econômico que aqueles que aplicaram as ideias argentinas.

Ainda existem pessoas que defendem a substituição de importações – e elas culpam a má-aplicação de suas ideias para o fracasso de tal política econômica -, como o próprio Prebisch. É o famoso “deturparam Marx”. Recentemente, teve até gente citando o ocorrido em Suez para criticar “a excessiva globalização”. Porém, não se enganem: o caminho do sucesso é o livre comércio e não fechar a economia.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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