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A questão muçulmana sob o prisma liberal

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Atentado-ao-Charlie-Hebdo-size-598O violento ataque ocorrido hoje em Paris por dois muçulmanos em uma redação de revista satírica, por esta revista ter feito graça com profetas daquela religião, chocou o mundo. Há muito tempo ocorre na Europa como um todo um debate acerca da islamização do continente, com uma presença cada vez maior dos seguidores dessa religião que, segundo seus defensores, prega a paz, mas que tem, na prática, inspirado e fundamentado legislações e instituições opressoras e violentas nos países cuja maioria segue seus preceitos, criando-se um justificado temor de que esse pensamento acabe por influenciar demasiadamente as instituições e legislações de países de inspiração judaico-cristã.

Por trás do evento em questão há o debate sobre liberdade de expressão, já trabalhado inúmeras vezes pelo Instituto Liberal. Boa doutrina liberal ensina que a liberdade de expressão é o pressuposto da democracia e de uma sociedade aberta, não podendo ser limitada. No entanto, parece contraditório para algumas pessoas se dar liberdade de expressão para pessoas que odeiam a liberdade de expressão e pregam contra ela. Parece razoável a visão que é mais contraditório cercear a liberdade de expressão em defesa da liberdade de expressão do que a primeira hipótese, motivo pelo qual é mais prudente se conceder essa liberdade até mesmo para minorias que pregam ódio, como é o caso da minoria muçulmana dentro do contexto ocidental.

Mas essa liberdade de expressão a ser dada ao povo muçulmano dentro da civilização ocidental se encerra dentro da própria palavra “expressão”. Liberdade de expor pensamento não se confunde com liberdade de impor pensamento, mas a raiz da cultura muçulmana, principalmente nos países muçulmanos, não está acostumada com o contraditório e a liberdade de pensamento, e sim com a ditadura de pensamento único. O islamismo foi pensado para ser um sistema hermético e impositivo, através da Lei da Sharia.

É particularmente amedrontador o vídeo onde Ben Shapiro demonstra que, na verdade, o segmento muçulmano “radical”, ou seja, aquele que não tolera aquilo que é diferente e, por que não, ocidental, não é minoria, mas sim maioria. A maioria dos muçulmanos, de acordo com pesquisa da PEW Research, é favorável à implantação da Lei da Sharia em todo o mundo, inclusive dentro do Ocidente.

Na França vivem 4,7 milhões de muçulmanos, dos quais 35% disseram que ataques suicidas podem ser moralmente justificáveis, o que significa que 1,6 milhões de muçulmanos que hoje vivem na França justificariam moralmente a atitude dos dois terroristas. Esse é o número de franco-muçulmanos que dão suporte moral à atitude nojenta de hoje. Trabalhar com o cenário em que apenas uma minoria muçulmana é radical é querer ignorar a realidade cultural desse grupo social.

Como trabalhar hoje com a garantia de direitos de liberdade de expressão para esses povos intolerantes é o grande desafio da civilização ocidental, dentro de uma realidade onde a mão-de-obra muçulmana tem um papel importante nas economias locais, especialmente na ocupação de empregos de baixa escolaridade, e também pelo fato que, para a visão liberal, independentemente da questão utilitária da migração livre, é de ética deontológica a moralidade da liberdade de ir e vir. É triste constatar que a liberdade de religião e de fé, um dogma liberal, está gerando, na prática, um conflito com a liberdade de expressão.

Se para a visão liberal a liberdade religiosa, a migração livre e a liberdade de expressão são todos valores dentro de um mesmo patamar, somente a divulgação de boas ideias e a educação poderiam levar a uma conciliação entre ocidentais e muçulmanos, dentro da expectativa que a cultura de liberdade, no longo prazo, por ser mais apta ao convívio social, se sobreporia voluntariamente à cultura de opressão. Mas depois de um evento como hoje, não resta dúvidas que essa visão mais passiva, prudente e tolerante será posta em xeque em prol de uma visão mais ativa, radical e violenta de confrontamento com os muçulmanos, o que é uma pena. Conseguiremos, mais uma vez, ser moralmente superiores e manter uma postura plural, às custas do sangue de inocentes?

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

4 comentários em “A questão muçulmana sob o prisma liberal

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    08/01/2015 em 4:20 pm
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    Eu acho que o Bernado está esquecendo um detalhe. Europa não é Brasil, onde o imigrante é recebido como se fosse de casa. Existe um afastamento por lá, e esse afastamento ajuda a alienar os imigrantes das coisas boas da cultura Européia.

    Não adianta dar cultura e educação se no fim está sempre reforçando a identidade de estrangeiro, em prol da manutenção cultural do nativo quanto do imigrante. Enquanto se mantém esse povo em guetos culturalmente isolados, a tendência é de fato manter (ou mesmo radicalizar) as idéias retrógradas de seus países de origem.

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    08/01/2015 em 3:10 pm
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    Como eu já disse antes, em um comentário aqui, a França e toda a Europa estão pagando e pagarão ainda mais pelo seu “politicamente correto”. Estão sempre dispostos a defender seus agressores, dizendo que nem todos são assim.

    Será que o mundo verá agora que Israel não é implicante e sim sobrevivente?

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    08/01/2015 em 10:24 am
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    O Islamismo é o novo nazismo e tal qual esse irá utilizar a fragilidade da democracia para atingir seus objetivos, om um mídia acuada e covarde, as Arlenes Clemeshas Uspianas são a retaguarda desse exército, distorcendo os fatos e doutrinando a juventude e com um mídia acuada e covarde, o terreno fértil está pronto: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2015/01/07/atentado-na-franca-anuncia-e-favorece-ofensiva-racista-na-europa colar o rótulo de racista e nazista é o anestésico perfeito

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    07/01/2015 em 8:59 pm
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    Sempre entendi que a questão liberdade de expressão x respeito religioso deve ser analisada em âmbito local. Como a religião não é um valor universal, não faz sentido definir se uma atitude ou opinião qualquer sobre determinada crença deve ser automaticamente julgada como certo ou errado. A França por exemplo não é um estado islâmico, logo fazer caricaturas de Maomé não é errado lá, diferentemente do que ocorre no Irã, por exemplo.

    Judeus, cristãos, adeptos da cientologia, animistas, etc; todos são satirizados mas ninguém pega em armas para agredir ninguém porque liberdade de expressão no ocidente não é luxo. É alicerce cultural. Quem discorda pode ir morar em qualquer estado muçulmano que, tenho certeza, terá muita aceitação por lá.

    http://www.minoriadeum.blogspot.com.br/2015/01/do-patrulhamento-politicamente-correto.html?m=0

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