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Quem é “chapa-branca”, cara-pálida?

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É de morrer de rir a ginástica mental de certos militantes esquerdistas para defender o indefensável – leia-se: o PT.  É o caso, por exemplo, desse artigo do senhor Gregório Duvivier, na Folha de São Paulo desta segunda feira.

Confesso que, como o moço é comediante profissional, a princípio fiquei sem saber se estava diante de mais uma piada ou se era coisa realmente séria.  Na dúvida, em virtude do espaço onde foi publicado, levei a sério.

Depois de lembrar Monteiro Lobato e Paulo Francis (esqueceu de Roberto Campos) para afirmar que sempre houve corrupção, não só no país, mas no setor de petróleo, em particular, e repisar a surrada tese de que o PT não inventou a corrupção – como se algum crítico já houvesse dito tal asneira, algum dia -, Duvivier resume a que veio:

“Desconfio de qualquer pessoa que se diga contra a corrupção. A razão é uma só: ninguém é abertamente a favor da corrupção, logo não faz sentido protestar contra ela. Um protesto sem oposição é um protesto chapa-branca, porque não atinge ninguém diretamente. É como protestar contra o câncer. “Abaixo o carcinoma!””

Seu foco, obviamente, é desmerecer as recentes manifestações de março e abril, que levaram às ruas milhões de indignados, principalmente contra a corrupção de magnitude oceânica que se instalou nas estatais tupiniquins durante os governos lulopetistas.

Ao chamar de “chapas-brancas” os protestos contra o governo, o moço demonstra não ter o menor cuidado com o que diz.  “Chapa-branca”, por definição, é quem protesta ou utiliza espaços na mídia para escrever a favor do governo, seja por interesse econômico ou ideológico.  Como é mesmo aquele velho lema dos manuais bolcheviques? “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é…

Duvivier tenta desmerecer as manifestações porque, na sua ótica particular, elas não atingem ninguém diretamente.  Segundo ele, como ninguém é abertamente contra a corrupção, protestar contra ela seria como protestar contra um fato da natureza, como contra o câncer.

De fato, protestar contra o câncer ou contra a ganância dos empresários, como fazem amiúde os prosélitos da esquerda, é o mesmo que protestar contra a lei da gravidade.  Pura perda de tempo.

Ocorre que a corrupção não é um fato da natureza, assim como nenhum outro crime é.  Analogamente, o que o indigitado está nos dizendo é que, como ninguém é abertamente a favor do homicídio, seria absolutamente infrutífero protestar contra a insegurança pública ou, mais especificamente, contra os altos índices de criminalidade de Pindorama.

Trata-se, evidentemente, de uma enorme bobagem.  Quem protesta contra a corrupção desenfreada que se instalou no país está pedindo às autoridades instituídas ações firmes para detê-la.  Está pedindo, por exemplo, que se reduza o número de empresas estatais e o volume absurdo de dinheiro que circula em suas entranhas, foco principal de políticos, burocratas e empresários corruptos.   Está pedindo uma ação firme do poder público no sentido de investigar e colocar na cadeia os corruptos, sejam eles quem forem.  Afinal, não é outra a principal função do Estado, em qualquer manual de ciência política que se preze.

Portanto, quem sai às ruas para protestar contra a corrupção ou contra a insegurança pública tem a exata noção de que só nos encontramos onde estamos por conta da impunidade reinante no país, fruto da incompetência dos governos, em seus diversos níveis, que fornece aos criminosos, agentes públicos e privados, incentivos perversos para agir contra os interesses da sociedade.

Em resumo, a corrupção, ao contrário do que Duvivier quer que nós acreditemos, não é um fato da natureza.  Ela é maior ou menor dependendo justamente das ações e omissões do governo, para o bem ou para o mal.

Finalmente, essa lengalenga que pretende resolver o problema proibindo o financiamento de campanha por empresas é ridícula.  É como achar que se vai acabar com a infidelidade conjugal proibindo os motéis…

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

5 comentários em “Quem é “chapa-branca”, cara-pálida?

  • Avatar
    21/04/2015 em 12:29 pm
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    Numa coisa ele tem razão: corrupção é genérico. Protestar contra corrupção é nada. Protestar contra o Foro de São Paulo e as urnas fraudadas é o caminho.

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    21/04/2015 em 9:41 am
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    Tentei comentar naquela porcaria e só assinante que pode. Precisa dar dinheiro pra eles pra poder se opor.
    Enfim, no fundo Gregório está certo: corrupção no governo – é impossível acabar com a corrupção. Então acabemos com o governo, modo de dizer. Governo vai ser sempre um prato cheio para quem quer dinheiro fácil. A atitude mais coerente é limitar o possível o seu tamanho. A corrupção no governo só pesa para a população pois o governo subtrai 40% do que a sociedade produz. Se esta parcela fosse insignificante, assim seria a corrupção.

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    20/04/2015 em 3:23 pm
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    Excelente crítica, mas me conta uma coisa: acabar com financiamento privado de campanha eleitoral não vai ao menos reduzir a corrupção? Enquanto o mercado não emagrecer, a burocracia não for queimada e os vínculos fascistas não forem rompidos, eu não vejo a corrupção minguar, mas não é um belo começo?

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      21/04/2015 em 12:31 pm
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      Na verdade, não. Acabar com o financiamento privado vai simplesmente dar todo o poder ao governo vigente de decidir qual e quanto cada partido vai receber para fazer suas propagandas (enganosas, como sempre). Apenas beneficia o governo vigente, portanto piora a corrupção. Com financiamento privado a corrupção também não acaba, mas partidos sem mamatas governamentais tem chances de conseguir fazer uma campanha razoável.
      Veja bem: com ou sem financiamento privado a corrupção continua. Portanto acabar com o financiamento privado não vai, de forma alguma, melhorar a situação, tem alto potencial para piorá-la, portanto utilizar o contexto de corrupção para justificar este ato é simplesmente um red herring dos mais brutais.
      E lembremos que o governo atual foi o maior beneficiário de financiamento privado. Se ele quer proibir esse tipo de financiamento, não foi por causa de arrependimento – sabemos que moral e ética esse governo não tem -, mas porque acreditam que vão ter poder para controlar seus adversários de campanha assim.
      Então sinto lhe informar que banir financiamento privado é um péssimo começo.

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        22/04/2015 em 9:52 am
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        Entendi o seu ponto de vista, mas eu ainda questiono se vai piorar a situação. O PT parece tentar evitar que outros partidos consigam grandes verbas pra campanha, e nada mais.

Fechado para comentários.

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