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Por que a mentalidade do brasileiro atrapalha o desenvolvimento do país

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estadiosdacopa

por JAIR BARBOSA*

Propus-me a escrever, para este blog que acompanho com afinco, sobre a questão do índio no Brasil e suas intervenções nas grandes obras que estão por vir, tão necessárias ao desenvolvimento do país.

Analisando e comparando as linhas iniciais do meu arrazoado com outros brilhantes textos anteriores do blog, cheguei à conclusão de que a forma míope como o governo brasileiro enxerga a questão do licenciamento ambiental, e as formas como enxerga tantas outras questões atuais relevantes para o país, possuem um denominador comum, qual seja, a mediocridade e falta de poder de reflexão preponderantes no senso comum da mente do brasileiro.

Para permitir a melhor visualização do tema em debate, vamos traçar um paralelo entre a realidade americana e a brasileira, tomando como exemplo a escolha do Brasil como país sede da Copa do Mundo.

O sentimento preponderante no país foi: ‘como um país pode aplicar dinheiro em estádios de futebol ao invés de destinar verbas às questões de maior prioridade como saúde e educação?’

Aproprio-me do exemplo americano para provar a pequenez do pensamento brasileiro. Lá há estádios de futebol americano, basebol, quadras de basquete, hóquei, e ao mesmo tempo hospitais modernos, as melhores faculdades, grandes centros de pesquisa, o exército com equipamento mais moderno do mundo etc.

Os franceses possuem grandes centros de estudos, universidades e estádios de futebol igualmente belos.

Este sentimento de que a construção de estádios de futebol tira o foco do país de outras questões mais significativas é algo típico da mente limitada, pois como admitir a validade deste pensamento se EUA, Alemanha, França, Holanda, Espanha, Itália e tantos outros provam justamente o contrário.

O cerne da questão deveria ser o fato de que o dinheiro para a construção dos estádios só saiu do banco de fomento (BNDES) porque nossa legislação, sistemas empresariais e financeiros são burocráticos e contraproducentes, o que praticamente atrasa, quando não inviabiliza, outras formas de financiamento a baixo custo; além de que uma parte significativa do valor investido retornou aos cofres públicos sob a forma de tributos, e que o binômio mão-de-obra/produtividade no Brasil tem sua parcela de culpa para os custos exorbitantes da construção em geral.

Feche os olhos e imagine, por um instante, uma praça da Sé tipo Times Square, toda iluminada, um país com todas as hidrelétricas (pequenas e grandes), nucleares, eólicas, soluções de redução de consumo, fim do famoso gato, tudo isso funcionando no país, estaríamos pagando bandeira tarifária vermelha? O governo ia precisar subsidiar a conta de energia para as pessoas carentes?

Imagine todos os campos de petróleo do país sendo explorados por multinacionais internacionais pagando impostos, gerando divisas para o país, e o melhor, nós pagarmos menos do que R$ 3,60 em um litro de gasolina que contém 25% de álcool. Se o petróleo é meu quero vender meus 1/200 milhões de avos para uma multinacional.

Imagine novas estradas duplicadas, com seus pedágios, postos de conveniência e combustíveis a cada trinta kilometros, sem buracos, mais seguras, com monitoramento e serviço de guincho; imagine uma nova malha ferroviária, mais rápida e moderna; o quanto isso refletiria na diminuição do preço que pagamos no supermercado.

Aeroportos funcionais, modernos, com inserção no interior do país, todas as cidades com sistema de coleta seletiva de lixo e esgoto tratado.

A diferença entre nós e os Yankees é que lá, quando alguém quer fazer algo, o governo pergunta “do que você precisa?”

No Brasil, quando um empresário quer fazer algo o governo e a sociedade se perguntam: como posso fazer para não dar certo? Fazendo matérias jornalísticas apenas criticando, criando entraves e obrigando o empresário a pedir benção ao fiscal, vereador, prefeito, governador e presidente, obrigando à licenças ambientais que são concedidas, negadas ou engavetadas ao gosto e disponibilidade de secretarias estaduais e órgãos federais, sujeitando a inúmeras restrições classistas de agências reguladoras e a um sistema financeiro fechado, além de inúmeros inquéritos civis que começam antes mesmo do empreendimento sair do rascunho.

E no final das contas vemos que sustentamos um sistema onde muitos querem sentar numa cadeira de colégio, não para adquirir conhecimento, mas aprender a responder testes para passar num concurso público, não por vocação, mas por medo de empreender num país onde o empreendedor é visto como alguém sujo e explorador dos menos favorecidos.

 

*Jair Vinicius Barbosa é advogado formado pela FMU, pós-graduado em Gestão Jurídica de Empresas pela UNESP e Direito Ambiental pela UFPR.

 

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15 comentários em “Por que a mentalidade do brasileiro atrapalha o desenvolvimento do país

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    23/11/2015 em 9:10 am
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    Não acredito que seja errado sermos contra a construção de estádios de futebol em rasão das mazelas dos serviços públicos no Brasil. O problema é a quantidade. Quando você usa dinheiro público para construção de estádios, está também interferindo no mercado de estádios, sem contemplar as demandas naturais desse mercado. Isso gera os tais “Elefantes brancos” Estádios construídos em lugares que não os aproveitarão gerando uma situação que o lucro com o estádio não gera receita suficiente para pagar os custos. E quem banca os prejuízos são os pagadores de impostos. Se nosso sistema econômico fosse realmente livre de interferência, os estádios seriam bancados pela iniciativa privada, talvez financiados por bancos primados. O risco de prejuízo faria com que eles fossem construídos em numero adequado, e em lugares em que seu uso gerasse lucro para os investidores, e nenhum prejuízo para os pagadores de impostos. Teríamos estádio de acordo com a demanda, Assim como existe nos EUA.

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      23/11/2015 em 12:33 pm
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      Notavelmente Fabrício, a ideia central do texto era questionar as crenças limitantes do brasileiro… Mas o seu comentário é pertinente e concordamos na medida em que, ante a ausência de financiamento público para as obras (em um sistema financeiro aberto), sua viabilidade econômica seria a peneira de sua construção…

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    20/11/2015 em 8:00 pm
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    Acredito que a ideia do texto e’ equivocada. O autor escreve: A diferença entre nós e os Yankees é que lá, quando alguém quer fazer algo, o governo pergunta “do que você precisa?”. Esta e’ uma ideia perigosa. Explico. Governos, tanto nos Eua quanto no Brasil, diminuiem a producao privavda via impostos, legislacao, fiscalizacao, etc. A diferenca entre EUA e Brasil e’ que nos EUA, o governpo tem menor poder de afetar e interagir com o setor privado. Concordo com o autor que o governo brasileiro cria problemas para vender por solucoes. Mas incentivar o governo ajudar empresas tem efeitos desastrosos para a populaco. Via de regra, a interacao entre governo e setor privado gera corrupcao. O governo reduz a competicao de um setor produtivo em troca de apoio financeiro. O governo e empresas ganham, o consumidor perde. A solucao para o problema e’ a populacao (maior prejudicada) exigir menos interacao do governo no setor produtivo, ao invez de exigir que o governo auxilie as empresas como sugere o autor.

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      23/11/2015 em 12:35 pm
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      Talvez eu tenha me expressado de maneira inadequada… A ideia central era justamente no sentido de que o governo menos intervencionista apoiaria as iniciativas privadas num contexto geral.

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    20/11/2015 em 12:27 pm
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    Nesses países mencionados, os estádios são públicos, mantidos pelo Estado? Ou são privados?

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      23/11/2015 em 12:37 pm
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      Só utilizei a questão da Copa como um exemplo… Mas se a questão dos estádios fosse esta não poderíamos questionar o Itaqueirão e Beira Rio também terem recebido dinheiro público…

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    20/11/2015 em 11:30 am
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    Como crítica da realidade institucional do país está muito bom, mas é indispensável explicar que os estadios foram construidos como parte de um projeto de eternização do PT no poder. O PT nao sabe nada de economia e governa o país a13 anos. Isto sucede porque o PT sabe mais de política que toda a oposição junta. Se os liberais não aprendem como funciona a política no Brasil, vão escrever bons artigos e livros criticando ao populistas mas não vão poder tirar os populistas do poder.

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      23/11/2015 em 12:39 pm
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      Não queria levar a discussão para um campo político, mas uma reflexão sobre as dificuldades que o empresário tem para empreender no país… Um país que, ao que parece, gosta de passar por dificuldades.

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        23/11/2015 em 5:36 pm
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        Entendo o ponto de vista e o considero muito positivo para o país. A minha preocupação com os custos institucionais da permanencia do populismo no poder me leva a buscar em que medida os liberais estão sendo claros nos temas políticos. Sucede que no Brasil as condições para fazer negocios (doing business) dependem em forma crítica dos grupos de intereses da coalisão governante. Os destinos de muitos milhões de brasileiros dependem das estrategias de poder desses grupos (PT, etc.), ainda que esses milhões nao estejam conscientes do que influencia os seus destinos. Nao quisera culminar sem antes explicitar a contribuição educativa do artigo.

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      25/11/2015 em 3:25 pm
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      Acho que não só os liberais, mas sociais democratas que já possuem certo poder político, devem se contrapor ao modelo do PT, e parar de serem levianos, os vermelhos não brincam em serviço, se quisermos tirar esse modelo coletivista, escravizante, precisamos jogar o jogo deles.

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        25/11/2015 em 6:29 pm
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        Na realidade, todos os demócratas devem se opor ao trabalho destrutivo do PT, mas os liberais, como força intelectual e política en ascenso, podem ter um papel destacado no processo de resgate da democracia. A desordem intelectual e de intereses das outras correntes limita a sua capacidade para ter um comportamento coerente.

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    19/11/2015 em 6:12 pm
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    Não tem como comparar o Brasil hoje com os Eua, os Estados lá são muito mais autônomos que nosso país, essa é a realidade, não é nem questão de ser mais ou menos liberal, é questão de ter autonomia, saber o que é melhor para o povo.

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      20/11/2015 em 11:38 am
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      Não serve de muito repetir demagogias pouco inteligentes. O Brasil tem deficiencias de infraestructura muito mais graves que os EUA ou a Europa. Os estadios foram parte de um plano político do PT a costa do desenvolvimento do Brasil. Sucede que os intereses do PT e do Brasil estão contrapostos. Por isto é necessário que saiam do Planalto.

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      23/11/2015 em 12:41 pm
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      Matthias, a questão não seria uma crítica ao Estado, mas a mente do brasileiro… Se o seu raciocínio fosse certo a China não seria a segunda maior potência mundial, o Japão não seria a terceira e nem a Alemanha a quarta… Estados Federativos…

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        25/11/2015 em 3:31 pm
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        A china não tem autonomia, mas o capitalismo de estado funciona bem, porém o país vive de monopólios, não há muita liberdade para concorrer.
        O Japão, creio que segue um modelo parecido. Agora a Alemanha, é uma potência pois existe liberdade para o empreendedorismo, tornando o país próspero, e consequentemente uma potência.

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