“A maior parte das vantagens da vida social, especialmente em suas formas mais avançadas que chamamos ‘civilização’, depende do fato de que o indivíduo se beneficia de maior conhecimento do que ele está ciente.” – F. A. Hayek

Acertou em cheio o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao convocar empresas especializadas em recursos hídricos para sugerir idéias e soluções rápidas para o problema, cada vez mais urgente, da seca que assola o estado paulista.

Além de demonstrar uma humildade rara para um governante, ou seja, a consciência de que nenhuma autoridade ou instituição governamental, por mais bem preparada que possa ser, detém o conhecimento e as informações de todas as coisas, Geraldo Alckmin, com esta decisão, melhora muito as chances de encontrar soluções técnicas e economicamente viáveis para o problema.

Infelizmente, a maior parte da captação e distribuição de água, não só em São Paulo, mas em todo Brasil, é feita através de monopólios estatais. Por conta disso, muitas vezes acabamos sendo vítimas do pior dos males que pode assolar a administração pública: a mistura explosiva de incompetência com aquilo que Hayek chamou de “arrogância fatal“.

Há quanto tempo a seca vem secando os reservatórios, sem que as autoridades responsáveis tomem qualquer providência para amenizá-la, sempre na esperança de que as chuvas voltariam antes que a água acabasse?  Infelizmente, essa simbiose de arrogância e incompetência tem sido muitas vezes fatal para milhões de cobaias humanas, que, sem qualquer possibilidade de escolha, acabam dependendo das decisões e ações nem sempre confiáveis de políticos e burocratas.

A decisão de Geraldo Alckmin de procurar apoio fora da esfera estatal sugere que ele compreende os seus limites e, portanto, é capaz de adotar uma postura humilde diante dos graves problemas enfrentados.  Não sabemos se daí sairá alguma ideia ou projeto que possa, em curtíssimo prazo, minorar os atuais problemas de falta d’água, mas que as chances serão bem melhores agora, não resta qualquer dúvida.