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O que derrubou o Muro de Berlin

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muro

O “erro fatal” da União Soviética foi ignorar que cada indivíduo possui necessidades, desejos e ambições próprias. Tentaram, por meio da força, planificar não apenas a economia, mas a natureza humana. Tentaram moldar centenas de milhões de pessoas a partir de um arquétipo intelectual desenhado pelos devaneios de um pequeno grupo de ideólogos. O discurso era lindo: promover a justiça social. O resultado foi trágico: a escravização de toda a população, da qual mais de cem milhões de cidadãos morreram de fome ou assassinados pelo próprio governo.

”Sem liberdade não há escolha moral; sem escolha moral não pode haver méritos; e, sem mérito, o que pode valer o indivíduo?” Eduardo Giannetti.

Comecemos por entender que todo indivíduo procura, sempre, seu próprio conforto, seus próprios prazeres. Ninguém coloca os interesses dos outros à frente de seus próprios interesses. Mesmo aquele que se dedica à caridade, de fato está apenas livrando-se de algum sentimento de culpa, tentando ser reconhecido como pessoa “boa” ou garantindo um lugar ao lado de seu Deus. Além de ser um direito de cada indivíduo pensar primeiro em si mesmo, o egoísmo é um impulso – somos animais – , portanto, não podemos condenar ninguém por isso. Porém, em qualquer sociedade, interesses particulares são correlacionados o tempo todo, com o conjunto desses interesses convergindo em benefícios coletivos na medida em que seus indivíduos têm liberdade para negociar com os demais. Liberdade para negociar o valor do seu trabalho. Liberdade para negociar o preço do seu produto e do seu tempo. Liberdade para escolher seus parceiros comerciais. Liberdade para tentar enriquecer ou viver sem ambições materiais. Liberdade para ajudar ou não outras pessoas. Liberdade para amar quem quiser. Liberdade para crer ou não em Deus. Liberdade! Liberdade também para cada pessoa, em função de seus talentos, escolher qual a melhor estratégia para viabilizar seus desejos, o que leva algumas a empreender negócios, outras a construir carreira em algum esporte, em alguma arte, em alguma ciência ou profissão; com as recompensas sendo conquistadas na proporção do sucesso alcançado. Porém, uma pequena parcela da sociedade com talentos restritos aos da oratória, da persuasão e da liderança social, não têm outra opção se não apresentarem-se como intermediários entre os desejos das pessoas e a realização desses mesmos desejos. Eis os políticos e líderes socialistas e comunistas.

Aproveitando a insatisfação de grande parte da sociedade russa com as condições de trabalho e com a opressão do governo de Nicolau II, meia dúzia de líderes comunistas se apresentou como os libertadores. Foram ouvidos. Foram seguidos. Conquistaram o poder e eliminaram todos os que poderiam ameaçá-los ou simplesmente questioná-los. Para manter o poder, este pequeno grupo de revolucionários também impôs um intransponível código social, político, econômico e cultural, proibindo o cidadão de manifestar suas angústias e necessidades, privando-o do direito de desenhar seu próprio futuro. Sem a liberdade de cada indivíduo perseguir suas próprias ambições, a sociedade perdeu a motivação de trabalhar. Sem o direito de propriedade, os indivíduos perderam o zelo com suas casas e plantações. Nenhuma das centenas de milhões de pessoas que confiaram no ideal de justiça social prometido pelos comunistas se dispuseram a trabalhar em função das necessidades dos outros. As fábricas, antes administradas por empresários gananciosos, passaram a ser administradas por funcionários públicos incompetentes e relapsos. Com muito mais poder concentrado no Estado, a corrupção e a violência estatal foram multiplicadas. Se antes o luxo era um privilégio da nobreza e dos grandes empresários, passou, então, a ser um privilégio apenas dos líderes comunistas. O povo que antes reclamava dos salários e das condições de trabalho se viu obrigado a agradecer pela ração que recebia para sobreviver.

A despeito da tragédia social ao redor, os líderes do Partido Comunista continuavam priorizando a manutenção de seus confortos e privilégios, o que necessariamente dependia de manter tudo e todos sob seu controle. Todos os recursos naturais dos países que compunham a Cortina de Ferro eram convertidos em receita para manter a educação doutrinária, o poderio bélico e a gigantesca rede de funcionários públicos, militantes e informantes. Os gastos estatais aumentavam na mesma proporção em que caía a produtividade da indústria, culminando no colapso total do regime, no final de década de 1980.

A lição que a humanidade devia ter aprendido é que não é possível transformar o homem noutra coisa. Nenhum governo, nenhuma força é capaz de tirar do homem o impulso de pensar primeiro em si mesmo. Nem deus!

A sociedade precisa não apenas aprender a conviver com as vaidades, com as invejas, com os desejos e com as ambições humanas, mas também a tirar proveito disso tudo. Enquanto os comunistas tentavam, por meio da força, transformar seres humanos numa massa de robôs assépticos, a Europa Ocidental, os Estados Unidos e alguns outros países seguiam amadurecendo suas relações sociais, políticas e econômicas sem revoluções, sem fuzilamentos coletivos, sem campos de trabalho forçado. Amadureceram e prosperaram oferecendo liberdade para cada indivíduo perseguir seus objetivos, confortos e prazeres em função de seus talentos e ambições. Cresceram coletivamente a partir da correlação natural de interesses individuais. Venceram crises econômicas entendendo-as, não rejeitando o capitalismo.

A outra lição que a humanidade, especialmente a América Latina, devia ter aprendido é que por trás de cada discurso de “justiça social” sempre há pessoas desejando apenas lucrar com isso. Todas as vezes que alguém tenta se impor como libertador das massas, na verdade está tentando transformá-la em seu rebanho.

Enquanto as famílias cubanas têm direito a não mais que uma latinha de leite em pó por semana, Fidel e Raul têm suas vacas particulares.

O muro de Berlim não foi derrubado. O muro de Berlin desmoronou por causa do peso da arrogância depositada sobre ele.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “O que derrubou o Muro de Berlin

  • Avatar
    16/11/2014 em 1:53 pm
    Permalink

    Brilhante!

  • Avatar
    14/11/2014 em 11:43 am
    Permalink

    Perfeito, brilhante no úrtimu!!

    “A outra lição que a humanidade, especialmente a América Latina, devia ter aprendido é que por trás de cada discurso de “justiça social” sempre há pessoas desejando apenas lucrar com isso. Todas as vezes que alguém tenta se impor como libertador das massas, na verdade está tentando transformá-la em seu rebanho.”

    Sempre o objetivo é o LUCRO, seja um lucro material e/ou um lucro psicológico/intelectual.

  • Avatar
    14/11/2014 em 11:29 am
    Permalink

    Absolutamente PERFEITO:

    “Ninguém coloca os interesses dos outros à frente de seus próprios interesses. Mesmo aquele que se dedica à caridade, de fato está apenas livrando-se de algum sentimento de culpa, tentando ser reconhecido como pessoa “boa” ou garantindo um lugar ao lado de seu Deus.”

    Da mesma forma quando um sujeito diz que se deve tirar dos ricos para dar aos pobres, mais das vezes, se não sempre, ele está mais interessado em prejudicar o rico, a quem ele inveja e por tal odeia, do que em realmente ajudar aos pobres.

    Esta semana uma mulher filmou um garoto sendo retirado de um shopping pela segurança.
    A alegação era de que o garoto estava pedindo comida na praça de alimentação. Ela não filmou ele na praça de alimentação, mas apenas sendo conduzido num corredor.

    Ora, ela certamente imaginou-se uma “pessoa maravilhosa” denunciando a expulsão de um adolescente (vestido normalmente e com grande mochila) que “pedia comida em um shopping”.

    Ora, se ela realmente viu um adolescente com fome pedindo comida, em vez de esperar para ver os seguranças indo pegar o garoto para expulsa-lo por pedir comida, e andar pelo shopping filmando a expulsão MELHOR TERIA FEITO SE TIVESSE CHAMADO O GAROTO E PAGO UMA REFEIÇÃO PARA ELE.
    …Se é que foi isso mesmo que motivou a expulsão do adolescente.

    Da mesma forma que inventa-se um Paraíso para se ir depois da morte e encontrar entes queridos, também se inventa o Inferno, para onde se deseja que os inimigos e os que odeia-se, por inveja ou outro motivo qq, sejam enviados para lá ficar sofrendo eternamente …rsrs

    Nem sempre o alegado amor aos pobres é apenas o ódio aos ricos.

    A vaidade faz com que o indivíduo deseje sempre ser percebido pela OPINIÃO ALHEIA como superior ou como alguém cheio de méritos. Daí a ideia de manipulação se dar através de um ardil elogioso a fim de que o estúpido vaidoso faça aquilo que se deseja que ele faça.

    A isso chamamos manipulação de indivíduos.

    Assim, tudo que alguém puder ostentar que demonstre ser o indivíduo meritório, o vaidoso será tomado pela inveja e desejará poder ostentar o mesmo, a fim de não “ficar para tras” perante o outro exposto a percepção alheia. Se não consegue igualar ou superar o outro, passa a odia-lo como se o responsável pela opinião alheia admirar mais a esse outro do que ao vaidoso agora tomado pelo sentimento de inveja e pelo ódio contra aquele que o supera ante as vistas alheias com um valor real.

    Assim, a vingança do vaidoso tomado pela inveja ao se ver superado ante a opinião alheia, é denegrir o valor alheio e propagandear a dogmática valorização de algo que sabe não ter valor. Claro que esse ódio que o invejoso sente por aquele que ostenta valor ou mérito que ele não pode ostentar, o fará não só tentar minorar o mérito alheio ou denegrir o invejado atribuindo-lhe pretensos defeitos que o inferiorize, mas também desejará DESTRUIR o próprio indivíduo alvo de sua inveja. Assim, não poderá ser com ele comparado.

    A pobreza não é ago desejável e ninguém inveja um pobre por ser ele pobre. Até porque qualquer um pode ser pobre, já que tal não exige nenhuma qualidade. Assim, os vaidosos atormentados pela inveja se consolam ostentando valorização da pobreza como mérito do pobre. É um absurdo injustificavel, mas a inveja o faz aceitável como ostentação em busca da “verdade pela via consensual” e não por um reconhecimento racional.
    Ao atribuir méritos aos pobres e deméritos morais aos ricos invejados (a moral é arbitrária e nada tem com análise ética, mas baseia-se em consenso e tradições), o invejoso tenta convencer-se, e assim confortar-se, de que o rico que inveja não possui mérito com base no consenso vigente. Assim tenta crer que a riqueza que diferencia e que pode ser uma ostentação da capacidade do indivíduo, é algo injusto dando a essa idéia de injustiça via consenso, um conceito objetivo. É uma tentativa de vingança contra o mérito alheio, ostentando apoio e admiração a algo sem qualquer valor admirável, apenas como meio de atribuir deméritos ao seu oposto. Afinal, o homem massa é binário, assim entende o mundo: através de oposições.

    Ao se instigar a inveja contra os ricos, provocando a vaidade para que a inveja seja despertada, facilmente se conseguir pedir reconhecimento do “mérito” da pobreza. Os invejosos passarão a cultuar a pobreza como valor, a fim de ostentar tal “valorização” para convencer a opinião do meio, a opinião alheia. Assim, instintivamente apelam para a IMITAÇÃO inerente aos SIMIOS. A tendencia de se imitar aquilo que se observa nos outros, sobretudo algo ostentado para imitação em buisca de apoio moral comunitário. Uma busca de louvação mutua no caso, já que é ostensivo o apoio mútuo dos que ostentam uma opinião. Isso é o bastante para os desejosos desse apoio logo aderirem ao grupo imitando a aparente glória pessoal ostentada pelos exibicionistas, até mesmo para tentar sentir o mesmo que presume glorificador em outros que assim dão a entender.

    Enfim, o homem só pensa mesmo em si, é da natureza.

    Por exemplo, ninguém consegue odiar o juiz de futebol que ajudou seu time a vencer. Contudo se enche de ódio contra aquele juiz que fez seu time perder.
    Um torcedor pode até aceitar que o juiz errou em favor de seu time, tentará até justifica-lo ou dar-lhe o benefício da dúvida se tal for possível, mas jamais será tomado por sentimentos cvontra tal juiz “camarada”. Afinal, o torcedor se vê representado em seu time; sente-se “maior” ao ter tal representação para si maior que sua própria individualidade.

    Assim também funciona com que mais se identifica com os bandidos do que com as vítimas.
    Se ele frustra-se com a tal sociedade ou se ele identifica-se com o agressor, com o facínora, ele não tem despertados sentimentos em favor da vítima, mas os sentimentos surgem apenas em favor do bandido com quem se identifica.
    Racionalmente percebe que o bandido esta errado e tenta justifica-lo e protege-lo através de ardis, a fim de não deixar visivel sua identificação e solidariedade para com o bandido e desprezo para com a vítima.

Fechado para comentários.

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