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Milagres do Mercado: por que somos os mais altos da história?

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Fita-métricaA estatura média da humanidade aumentou como nunca se viu antes. Ao relacionar dados dos últimos 150 anos, usando os países centrais como exemplo, somos, hoje, até dez centímetros maiores que nossos antepassados. Os dados são do relatório da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – dos anos 1980. Mas a pergunta que imediatamente surge é: O que mudou nas condições de sobrevivência que nos afetou até na estatura?

A altura de cada pessoa depende de vários fatores, como genética, sono, alimentação, atividade física, sexo e fase da vida. É em razão disto, que a relação entre altura, saúde e bem-estar se estabeleceu como uma constante ao longo da história. No início da Modernidade, por exemplo, com o fim da Peste Negra, que dizimou perto de um terço da população europeia, os sobreviventes passaram a ter mais acesso a alimentos e melhores condições de moradia, o que influenciou no crescimento da estatura das gerações seguintes.

Já na Europa do século XVII, há um refluxo deste crescimento em razão da ampliação da escassez fruto das múltiplas guerras que se abateram por todo o continente. A somar-se com a Guerra dos Trinta Anos, a Revolta Holandesa e a Revolução Inglesa, temos aquilo que foi considerado uma “mini idade do gelo”, ou seja, invernos rigorosos que afetaram a média de estatura da população e fizeram que ela diminuísse.

No século XVIII, o processo de diminuição da estatura continuou. A migração de trabalhadores para os centros urbanos e as doenças comuns as grande cidades ainda eram uma constante. Entretanto, é neste ponto que são colocados os alicerces que produziram a acentuada mudança promovida pelos séculos seguintes.

A Revolução Industrial alterou substancialmente a lógica da produção e do consumo. O processo produtivo passou a ser orientada para largas escalas, foram estabelecidos modelos de desenvolvimento pautados na melhoria de renda, as taxas de lucro tornaram as molas mestras do aprimoramento e da criação de novos produtos. A eficiência se estabelece como o padrão da indústria, com efeito, novos e contínuos aprimoramentos e a competição dão o tom do progresso. Além disto, aquele que vivia antes da revolução industrial, precisaria se habituar a um fenômeno freqüente: a morte de crianças. Enterrar um filho acontecia em 40% das famílias. As crianças só ganhavam um nome depois de viverem alguns meses, de tanto que elas morriam. Um inglês nascido em 1861 tinha expectativa de vida de 36 anos, menor que a dos piores países africanos hoje.

Deste modo, a segunda metade do século XIX reage aos fundamentos estabelecidos no século anterior e, por consequência da melhora da produção agrícola, no saneamento básico e no fornecimento de água, os europeus voltam a disparar nas curvas de crescimento. Depois da revolução industrial, os ingleses pararam de morrer assim tão frequentemente. O cercamento das propriedades rurais e o uso de novas técnicas de agricultura levaram a uma maior disponibilidade de alimentos. Com mais nutrientes na gravidez, o número de bebês natimortos caiu mais que a metade ao longo daquele século, a mortalidade até um ano de vida caiu 40% e os adultos deixaram a morte um pouco para mais tarde.

A resposta, portanto, é tão evidente quanto nos sugere o título. Se a lógica subjacente da relação de crescimento é simples, a saber: O corpo humano reduz seu crescimento se a situação nutricional piora além de certo mínimo, ou se as doenças reduzem a quantidade disponível de nutrientes. De igual modo a lógica política tem sua imagem igualmente cristalina, ou seja, onde o liberalismo é mais pungente e livre, como na Europa Ocidental, são observadas as melhorias mais pronunciadas da história.

O capitalismo e as evoluções das relações de mercado proporcionaram os meios de melhorar a saúde e a alimentação. As crianças em idade de crescimento são as principais beneficiárias das transformações. Elas saíram do trabalho no campo e das condições paupérrimas, para a triste condição industrial e, de lá, seguiram para o conforto dos bancos escolares. Esta é a razão que nos ofereceu os mecanismos que produziram o acréscimo de bem-estar que é interpretado a partir da evidência do crescimento da estatura média da humanidade.

Por fim, cabe registrar o exemplo claro desta relação. As Coreias do Sul e do Norte são espelhos atuais dessa melhora do bem-estar traduzida em aumento de tamanho médio. Enquanto a primeira ocupa a 15ª posição do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, a segunda ocupa o 188º lugar. O homem adulto sul-coreano, usufrutuário dos milagres do mercado, é de três a oito centímetros mais alto do que o homem norte-coreano.

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Fernando Fernandes

Fernando Fernandes

Graduado em Direito (UFRJ). Mestrando em Filosofia (UERJ).

Um comentário em “Milagres do Mercado: por que somos os mais altos da história?

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    07/01/2016 em 9:18 am
    Permalink

    Some-se a isso o aumento da expectativa de vida. Nunca se viveu tanto, nunca houve uma alimentação tão variada, progresso na medicina, nas condições sanitárias (bem entendido, nos países capitalistas, democráticos, que, aliás, enviam ajuda humanitária para países da África, tanto em dinheiro, como remédios, vacinas, médicos. O dinheiro, porém, fica com os ditadores desses países). No entanto, no imaginário das pessoas encontra-se a certeza de que nunca a humanidade viveu tão mal, que a vida dos índios era a ideal, que os agrotóxicos, que a poluição, que blá-blá-blá.

    Seria interessante saber o que ocorreu em relação aos que tiveram a infelicidade de participar da experiência soviética. No que tange aos eslavos, eles sempre tiveram estatura alta; será que, vivendo aquela situação de miséria comunista (embora não tão duradoura), teria havido alguma alteração?

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